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Estado de Minas AUDIOVISUAL

CEC faz 70 anos e digitaliza acervo que revela a hist�ria do cinema em MG

Celeiro de cr�ticos, diretores e pesquisadores, Centro de Estudos Cinematogr�ficos vai disponibilizar ao p�blico material reunido durante d�cadas


24/10/2021 04:00 - atualizado 24/10/2021 15:18

Victor de Almeida segura lata de filme diante de estantes com livros, jornais e revistas pertencentes ao acervo do Centro de Estudos Cinematográficos de Minas Gerais
Victor de Almeida, diretor-executivo do Instituto Humberto Mauro, diz que o CEC guarda o acervo mais completo do cinema mineiro (foto: Gladyston Rodrigues/em/d.apress)

Fundado em 1951, o Centro de Estudos Cinematogr�ficos de Minas Gerais (CEC-MG) se firmou, em �mbito estadual e nacional, como refer�ncia da cr�tica na esfera da produ��o audiovisual, projetou diretores e pesquisadores, formou v�rias gera��es de cin�filos e agora, quando completa 70 anos, passa por um momento de reestrutura��o com vistas ao futuro.

O primeiro passo desse processo � a digitaliza��o da hemeroteca – rica fonte de informa��es sobre praticamente toda a produ��o cinematogr�fica mineira, de seus prim�rdios aos dias atuais. O trabalho � realizado pelo Instituto Humberto Mauro, criado na d�cada de 1980 como uma esp�cie de centro de pesquisas do CEC.

DIGITALIZA��O

Com recursos da Lei Aldir Blanc, a entidade contratou a Arquivistas J�nior, empresa ligada ao curso de Arquivologia da Escola de Ci�ncia da Informa��o da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para cuidar tanto da digitaliza��o de documentos quanto da preserva��o e acondicionamento dos originais – recortes de jornais e revistas sobre cinema reunidos e arquivados desde a primeira metade do s�culo passado.

“Temos um vasto acervo, reunido durante v�rias d�cadas, que conta muito ou quase tudo da hist�ria do cinema e do audiovisual mineiros. Esse material est� sendo organizado para tornar vi�vel o acesso do p�blico, que poder� consult�-lo pela internet. Assim, estaremos preservando a mem�ria audiovisual de Minas Gerais”, explica Victor de Almeida, diretor-executivo do Instituto Humberto Mauro.

“O CEC gerou muitos cr�ticos de cinema e cineastas. Al�m disso, durante seus 70 anos colecionou mat�rias da imprensa, formando uma hemeroteca muito respeit�vel, grandiosa mesmo”, acrescenta. O acervo do CEC re�ne livros, publica��es, filmes, fotografias, folhetos, material de propaganda e as 29 edi��es da pioneira “Revista de Cinema”, publicada de 1954 a 1964.

Disponibilizar esse material no formato digital � a pr�xima etapa do projeto de reorganiza��o da entidade. Almeida destaca que o conjunto �, possivelmente, o mais completo acervo da mem�ria do cinema mineiro.

“Tem os filmes que foram feitos aqui, tem a cr�tica local produzida durante esse per�odo, inclusive sobre o cinema brasileiro e o cinema estrangeiro, tem o que os jornalistas, no papel de divulgadores, escreveram a respeito dos filmes, festivais, mostras e cursos, tem o ensino sobre cinema, a pesquisa. � uma gama enorme de informa��es. Isso vem sendo feito parcialmente, porque o material � muito vasto, vai demandar continuidade. O acervo abarca, inclusive, o per�odo anterior � cria��o do CEC, pois muita coisa foi recuperada”, destaca.

''Cyro (Siqueira) foi um pioneiro da cr�tica de cinema, escreveu a partir dos anos 1950 sobre o cinema produzido aqui e no resto do mundo (...) O cinema era um meio de express�o que estava explodindo''

Victor de Almeida, integrante do CEC


RECUPERA��O

Felipe Lopes, presidente da Arquivistas J�nior, diz que o Instituto Humberto Mauro n�o tem o registro do volume de sua documenta��o, mas estima que a hemeroteca guarde cerca de 8 mil recortes de jornais e revistas. Esse acervo, aponta, estava reunido em local que n�o oferecia condi��es favor�veis de preserva��o. Por isso, a recupera��o e o acondicionamento t�m sido o mais dif�cil do processo que culminar� com a digitaliza��o e disponibiliza��o do material.

“Os recortes n�o permitem, por exemplo, muitas possibilidades de higieniza��o, s� a varredura, pois s�o documentos guardados desde a d�cada de 1950. Jornal impresso deteriora muito facilmente”, explica.

Assim que a documenta��o estiver organizada – em pastas-cat�logo guardadas em caixas box de polionda, o que garante maior impermeabilidade –, o processo de digitaliza��o ser� iniciado, em colabora��o com Louren�o Veloso, membro do Conselho Diretor do CEC. Ele ficar� respons�vel pela cria��o do site que vai abrigar o acervo.

Filho do diretor e cr�tico Geraldo Veloso, que foi diretor do CEC e editor da “Revista de Cinema”, Louren�o diz que se trata de um acervo de refer�ncia. “A a��o tem import�ncia institucional para o CEC, que pretende tornar o material acess�vel � consulta p�blica. Isso valoriza a nossa hist�ria. N�o tenho not�cia de outro acervo com esse recorte em Belo Horizonte”, aponta.

Felipe Lopes se orgulha da escolha da Arquivistas J�nior. “� um material riqu�ssimo. Est� sendo uma experi�ncia desafiadora, mas muito agrad�vel, porque todo mundo aprende demais. Estamos preservando a mem�ria do cinema mineiro para qualquer pessoa poder ter acesso a ela de qualquer lugar”, diz.

De chapéu, o cineasta mineiro Neville D'Almeida posa com o rosto dentro do bico amarelo da escultura de uma ave
O mineiro Neville D'Almeida � um dos cineastas que surgiram no celeiro de talentos do CEC (foto: Beto Figueiroa/divulga��o)

MARCO


Victor de Almeida destaca que o surgimento do CEC representou um marco para a cr�tica e a produ��o cinematogr�fica do estado. A iniciativa partiu de intelectuais e jornalistas, entre eles Jacques do Prado Brand�o, Raimundo Fernandes, Fritz Teixeira de Salles, Carlos Denis, Guy de Almeida e Newton Silva, tendo � frente Cyro Siqueira (1930-2014), que foi editor-geral do Estado de Minas, onde trabalhou por 65 anos.

“Cyro foi um pioneiro da cr�tica de cinema, escreveu a partir dos anos 1950 sobre o cinema produzido aqui e no resto do mundo, chamou a aten��o da sociedade de Belo Horizonte, cidade muito limitada em termos culturais naquela �poca. O cinema era um meio de express�o que estava explodindo, por meio dele as pessoas conseguiam se informar sobre o que acontecia”, destaca Victor de Almeida.

Ele refor�a o papel do CEC, em seus primeiros anos, na forma��o da intelectualidade local. “Entrava nisso a� o pessoal do teatro, das artes pl�sticas, da literatura. Nas d�cadas de 1950 e 1960, todo mundo frequentava o CEC por causa das sess�es de s�bado � noite, concorrid�ssimas. Era um ponto de encontro, discuss�o, debates e de formula��o de ideias. Muita gente que passou pelo CEC foi efetivamente para a produ��o: Neville D'Almeida, Carlos Alberto Prates Correia, Oswaldo Caldeira”, recorda. “Silviano Santiago, por exemplo, diz que o CEC foi muito importante na forma��o dele.”

FUTURO

“Penso muito no CEC atualizado e de acordo com o prop�sito dele, exibi��o e discuss�o de filmes, al�m do conv�vio e do compartilhamento de leituras e concep��es de mundo a partir do confronto de opini�es, de discuss�o sobre cinema”, diz Louren�o Veloso. Ele prepara um document�rio sobre a entidade, vislumbra a realiza��o de cursos e planeja a cria��o de uma plataforma para exibi��o de conte�do audiovisual.

“A princ�pio, a ideia � atender, com o site, � demanda do projeto de digitaliza��o da hemeroteca. Na etapa seguinte, a gente pretende desenvolver uma plataforma mais ambiciosa. Por agora, estamos trabalhando com a ideia de um banco de dados a partir da cataloga��o feita pela empresa. Ser� um conte�do � parte, que vai ficar aberto para consulta. A gente tem o projeto de digitalizar as edi��es da ‘Revista de Cinema’, para torn�-la acess�vel em PDF”, destaca.

Outra ideia � iniciar o trabalho de atra��o de novos associados para colaborar no processo de composi��o de uma nova diretoria, “a mais diversa poss�vel para poder, inclusive, dar continuidade a esse trabalho”, refor�a Victor de Almeida.

“Estamos criando ferramentas para isso, oferecendo, por exemplo, acessos exclusivos numa plataforma on-line com conte�do gratuito para associados”, diz Louren�o Veloso.

Os planos s�o ambiciosos, mas � necess�rio caminhar passo a passo, at� por quest�o de verbas. “Primeiro, a gente define o dom�nio para abrigar a hemeroteca. Depois, o banco de dados ser� incorporado � plataforma do CEC, bem como a ‘Revista de Cinema’ e outros conte�dos, como podcast e demais ferramentas de comunica��o. Vamos ver o nosso f�lego de produ��o, pensando tamb�m nas pessoas que se envolver�o nesse novo momento do CEC. � um anivers�rio com o olhar no futuro”, diz.

Trata-se de mais uma nova etapa do CEC, refor�a Veloso, pois, ao longo de sete d�cadas, foram muitos os momentos de ascens�o, apogeu, decl�nio e renascimento, no melhor estilo f�nix.


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