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Estado de Minas M�SICA

No formato Ira! Folk, Edgard Scandurra e Nasi mostram seus hits em BH

Show nesta sexta-feira (26/11), no Pal�cio das Artes, inclui tamb�m m�sicas do disco mais recente, de 2019, e lados B da carreira


26/11/2021 04:00 - atualizado 26/11/2021 07:52

sentados lado a lado, Edgard Scandurra e Nasi sorriem
(foto: Carina Zaratin / divulga��o)

"Temos uma rela��o de respeito um pelo outro, de amizade e de carinho. O fato de estarmos mais velhos, amadurecidos, torna mais f�cil contornar os problemas. Quando se tem uma briga, � normal vir � tona algum rancor, mas a gente consegue resolver tudo olho no olho. Talvez este seja o melhor momento entre n�s dois, desde que nos conhecemos, � uma rela��o profissional e afetiva s�lida e madura"

Edgard Scandurra, guitarrista


� com a sintonia de quem caminha h� 40 anos juntos que Nasi e Edgard Scandurra sobem ao palco do Grande Teatro Cemig do Pal�cio das Artes nesta sexta-feira (26/11), �s 21h, com o projeto Ira! Folk, que repassa, em formato intimista, calcado em voz, viol�o e guitarra, a trajet�ria de uma das bandas mais importantes do rock brasileiro. 

No repert�rio, grandes sucessos da carreira, como “Flores em voc�”, “Dias de luta”, “Eu quero sempre mais”, “O girassol”, “Tolices”, “Tarde vazia”, “15 anos”, “N�cleo base” e tamb�m alguns lados B, como “Mudan�a de comportamento”, “Flerte fatal”, “Bebendo vinho” e “Um dia como hoje”, entre outras.

Passado o per�odo mais severo da pandemia, o Ira!, segundo Scandurra, est� retomando aos poucos as atividades presenciais, tanto como banda quanto como duo folk. “Estamos voltando lentamente ao que foi nossa rotina durante 40 anos”, diz o guitarrista, destacando a sensa��o de certo al�vio e de alegria por recuperar a possibilidade das atividades normais do dia a dia, da vida pessoal e profissional, o que inclui o lazer, a divers�o, a arte e a sociabiliza��o.

“Eu fiquei meses e meses saindo de casa s� para botar o lixo na rua, e acho que muita gente ficou assim tamb�m, ent�o � uma celebra��o, da nossa parte e da parte do p�blico. � a nossa arte, nossa vida e nosso trabalho”, diz. 

AT�PICO 

“Se voc� fica parado dois anos, tem uma equipe inteira que deixa de trabalhar. A gente est� num momento completamente at�pico, muito dif�cil, n�o s� por causa da pandemia, mas por conta desse cen�rio pol�tico e social que o pa�s vive. Tem muitos motivos para esses encontros serem festejados”, aponta.



O site oficial da banda mostra uma agenda regular de shows at� maio do pr�ximo ano. Scandurra diz que ela deve ser incrementada em raz�o das comemora��es pelas quatro d�cadas de percurso. A primeira vez que o Ira! subiu em um palco foi em 1981, tr�s anos antes do lan�amento do primeiro compacto. Como a pandemia impossibilitou as devidas comemora��es neste ano, a ideia � que isso ocorra em 2022.

O guitarrista explica que a agenda de shows diz respeito tanto ao projeto Ira! Folk quanto � banda, cuja forma��o se completa com Johnny Boy (baixo) e Evaristo P�dua (bateria) – um formato mais para teatro, onde as pessoas est�o sentadas, e outro para festivais e espa�os maiores.  

“O Ira! folk foi uma coisa que deu muito certo, � uma maneira de mostrar nossas m�sicas com um tom mais intimista. Desde que come�aram a surgir os projetos ac�sticos, a partir dos anos 90, com a MTV, principalmente, o p�blico sempre se identificou muito com isso. O formato voz e viol�o � muito atraente”, diz.

Ele sabe que uma celebra��o com o p�blico pelos 40 anos de carreira passa necessariamente por uma revis�o dos grandes sucessos. Mas Scandurra quer jogar luz tamb�m sobre o trabalho mais recente da banda, intitulado apenas “Ira”, que foi lan�ado no final de 2019 e, com a chegada da pandemia, teve sua divulga��o comprometida. 

DISCO NOVO 

“Acho importante mostrar esse disco novo, de m�sicas in�ditas. A gente n�o gravava, como banda, desde 2006, ent�o foram 13 anos longe de um est�dio”, diz, ponderando que � mais complicado para um grupo com a longevidade do Ira! trabalhar material in�dito.

“Voc� disputa com voc� mesmo, porque tem todo um hist�rico de sucessos. Um trabalho novo dos Stones n�o tem condi��es de competir com ‘Out of our heads’, com ‘Satisfaction’. A gente tem que trabalhar essa medida inteligente, de mostrar as novas m�sicas tocando tamb�m os cl�ssicos”, afirma.

Ele e Nasi t�m conversado sobre fazer um formato de show comemorativo mais longo.  “S�o coisas que a gente tem que pensar bem, para fazer apresenta��es que sejam hist�ricas para quem for assistir. De repente, a pessoa leva um lanchinho, um suco, uma toalha para estender no ch�o e vai com o esp�rito preparado para assistir a muitas horas de show”, diz.

Scandurra n�o considera que seja descabido pensar numa comemora��o grandiosa, que, conforme diz, estaria � altura da hist�ria da banda. “Eu acho, sem falsa mod�stia, que a gente est� no pante�o das 10 bandas mais importantes do rock nacional”, afirma. 

Ele observa que o g�nero teve o seu momento de gl�ria nos anos 1980, mas nunca foi exatamente um fen�meno de massas. O guitarrista tamb�m entende que o Ira! sempre transitou por um ambiente mais alternativo dentro do estilo que executa, mas que, a despeito disso, deixou um legado de peso.

“Brigamos, no bom sentido, com outros estilos muito fortes, muito enraizados no pa�s, o samba, a m�sica regional, o funk, a m�sica eletr�nica e suas v�rias vertentes. Acho que, dentro desse universo extremamente particular que � o rock cantado em portugu�s, o Ira! est� entre as 10 bandas mais importantes. Nunca fomos campe�es de vendas, como parceiros de gera��o e de estilo foram, mas, pelo conjunto da nossa obra, acho que temos um espa�o bem importante dentro da m�sica brasileira e especialmente dentro do rock”, destaca.

TURBUL�NCIA

Quem acompanha a hist�ria do Ira! sabe que essa caminhada de 40 anos teve muitos percal�os e obst�culos. Em meados dos anos 2000, a banda se separou de forma litigiosa, num epis�dio que op�s Nasi e Scandurra de maneira conflituosa. 

“A gente j� teve momentos muito dif�ceis. Com a separa��o da banda, a gente ficou sete anos sem se falar. Houve uma briga muito s�ria, muito triste”, comenta. “Quando a gente resolveu voltar, no final de 2013, ainda existia um resqu�cio de desconfian�a, no sentido de retomar aquilo que a gente tinha antes. A gente se conhece desde os 19 anos, andamos muitos quil�metros pelas ruas de S�o Paulo e do Brasil, foram muitas tardes juntos ouvindo discos, dando risada, falando abobrinha”, acrescenta.

Ele recorda que, a partir da decis�o de retomar as atividades com a banda em 2013, a dupla come�ou a resgatar a amizade. Scandurra considera que hoje sua rela��o com Nasi se expressa na sintonia fina que demonstram no palco quando est�o a bordo do Ira! Folk. 

“Temos uma rela��o de respeito um pelo outro, de amizade e de carinho. O fato de estarmos mais velhos, amadurecidos, torna mais f�cil contornar os problemas. Quando se tem uma briga, � normal vir � tona algum rancor, mas a gente consegue resolver tudo olho no olho. Talvez este seja o melhor momento entre n�s dois, desde que nos conhecemos, � uma rela��o profissional e afetiva s�lida e madura”, ressalta.

Ele diz que essa rela��o sempre foi, desde os prim�rdios do Ira!, alicer�ada nos pap�is que a dupla cumpre na banda. Nos anos 1980, Nasi chegou a escrever algumas letras de m�sicas, mas o principal criador da obra constru�da ao longo dessas quatro d�cadas sempre foi Scandurra. Firmou-se o acordo t�cito de que um era o compositor e o outro, o int�rprete. O guitarrista compara essa din�mica com a de Pete Townshend e Roger Daltrey, do The Who.

“� uma coincid�ncia feliz o fato de tanto l� quanto c� a coisa funcionar bem dessa forma. Teve uma fase intensa de composi��es minhas, quando eu estava dando uma cara para o tipo de som que o Ira! faz, e o Nasi sempre gostou muito. A gente se acertou nesse formato de parceria, de eu ser o compositor e ele o int�rprete. Para esse disco mais recente, ele cobrava muito que eu compusesse, dizendo que queria cantar minhas can��es.”

PROJETOS PARALELOS

Scandurra diz que se sente muito estimulado neste momento de arrefecimento da pandemia e que isso tem se refletido em diversos projetos e frentes de atua��o para al�m do Ira.! Talvez o mais inusitado, conforme ele aponta, seja a parceria musical que est� construindo com a jornalista e apresentadora Mar�lia Gabriela. 

O guitarrista conta que os dois se aproximaram por meio do Instagram e j� compuseram um blues a quatro m�os. “Conversando, eu descobri que ela tem essa rela��o com a m�sica. Ela me mandou uma letra, fizemos esse blues e gravamos. Agora ela me mandou outra. Mar�lia tem uma voz muito bonita e muito peculiar”, afirma.

Ele acrescenta que tamb�m gravou recentemente com Leno Azevedo, que foi um expoente da Jovem Guarda; est� trabalhando em um disco “mais ac�stico e instrumental” intitulado “Jogo das semelhan�as”; e projeta um novo trabalho, para o pr�ximo ano, com o Pequeno Cidad�o, a banda que mant�m com Antonio Pinto, Ticiana Barros e os respectivos filhos, voltada para o p�blico infantil. 

“Estou num momento bacana, de muita criatividade, trocando com bastante gente, esperando que as coisas se normalizem, se � que existe normalidade neste pa�s em que a gente vive.”

FOR�A

M�sico antenado, que procura se manter sempre atualizado, Scandurra v� com entusiasmo o atual momento da m�sica popular brasileira, com uma produ��o que conecta gera��es. “Percebo uma for�a muito grande na MPB, vinda de pessoas que tiveram contato com a internet j� na inf�ncia ou na adolesc�ncia, mas que tamb�m conhecem Noel Rosa, Cartola, Mutantes, Tit�s, Ira.! N�o s�o propriamente artistas novatos, mas � uma cena que tem um jeito peculiar de tocar, minimalista, com muitas sutilezas”, diz.

Ele inclui nesse panorama nomes como C�u, Kiko Dinucci, Ava Rocha e Curumin. Outra coisa que ele diz perceber no atual cen�rio � a preval�ncia dos artistas solo, em detrimento dos grupos. “Eu, como roqueiro, sinto falta de mais bandas, daquele grupo de moleques que se re�nem para fazer um som e sai dali uma coisa colaborativa e potente. Sinto falta disso, mas, de qualquer forma, � um momento muito rico, com m�sica boa vindo de todas as regi�es do pa�s. A hist�ria do eixo Rio-S�o Paulo, regi�o Sudeste, n�o existe mais. A gente recebe informa��o de m�sica de todos os cantos do pa�s”, aponta.

SHOW IRA! FOLK

Nesta sexta-feira (26/11), �s 21h, no Grande Teatro Cemig do Pal�cio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos para plateia 1 a R$ 240 (inteira) e R$ 120 (meia), plateia 2 a R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia) e plateia 3 a R$ 160 (inteira) e R$ 80 (meia), � venda na bilheteria do teatro e pelo site Eventim. Obrigat�rio o uso de m�scara.


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