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Estado de Minas CINEMA

Filme ''Pixinguinha - Um homem carinhoso'' � profiss�o de f� no Brasil

A diretora Denise Saraceni afirma que o carioca construiu a identidade brasileira. ''Ele deixou de heran�a o c�digo do genoma da nossa m�sica'', diz Seu Jorge


28/11/2021 04:00 - atualizado 28/11/2021 08:07

Pixinguinha toca saxofone e ergue o braço em direção ao microfone
O maestro, compositor e instrumentista em foto da mostra ''Pixinguinha'' realizada no Centro Cultural Banco do Brasil, em Bras�lia, em 2012 (foto: CCBB/Reprodu��o )
O impulso de combater “viol�ncias est�pidas” sofridas por um Brasil “talentoso, resistente e imensamente carinhoso”, que anda sufocado mas pode ser salvo por meio da arte, bateu forte no discurso da cineasta Denise Saraceni quando assumiu o desafio de dirigir o longa-metragem “Pixinguinha – Um homem carinhoso”, lan�ado este m�s.

Autor do arranjo de “Ta-h� (Pra voc� gostar de mim)”, eternizada por Carmen Miranda, compositor de “Rosa” e “Carinhoso”, flautista fundamental dos sucessos do grupo Oito Batutas, como “Urubu malandro”, Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha (1897-1973), inspirou a dire��o musical do maestro Crist�v�o Bastos, incrementada por voos de choro, bossa nova e jazz.

Seu Jorge, de camisa branca e suspensórios, toca flauta na cinebiografia de Pixinguinha
Seu Jorge estudou flauta para interpretar o autor de ''Lamentos'', cl�ssico do choro, no filme ''Pixinguinha -- Um homem carinhoso'' (foto: P�prica/Divulga��o )

CARISMA

Ao buscar a alma deste mestre da m�sica brasileira, Denise Saraceni encontrou a capacidade visceral de Seu Jorge de interpret�-la. Semelhan�as de vida e “dificuldades com a cor da pele”, al�m do “carisma abissal”, levaram � escolha do protagonista.

“Foram definitivos os estudos de Seu Jorge, a sensibilidade, a concentra��o e a coragem de dialogar com o Pixinguinha com a flauta que aprendia a tocar no set. A cada etapa, ele entendia o momento emocional do personagem e entrava no set comovendo a todos”, conta Denise, ao descrever os bastidores das filmagens.

Para tocar solos como o Pixinguinha da tela (interpretado por v�rios atores), a produ��o utilizou imagens reais do artista. “Ele entra para confirmar emo��es muito precisas. Nas cenas da montagem do sax, de sua cantoria francesa e ao tocar piano para a esposa Betty, Pixinguinha est� vivo no filme e na nossa mem�ria cultural”, destaca a diretora.

Codirigido por Allan Fiterman, o longa se apoia na admirada aura angelical e na do�ura do genial instrumentista, revela Seu Jorge, no material de divulga��o do filme.

“A preocupa��o maior foi trazer a atmosfera de generosidade do Pixinguinha, da pessoa com simplicidade no olhar”, afirma o ator, que tamb�m � cantor, compositor e instrumentista.

Em entrevista � Ag�ncia Estado, Seu Jorge comentou a import�ncia de interpretar este �cone da cultura brasileira. “Ultimamente, por conta do que a pandemia mudou, tudo para mim � som. Estou sempre na m�sica. Mas trabalho como ator h� 20 anos e quando tenho a chance de viver um m�sico no cinema, essa experi�ncia � uma consagra��o – como � o caso de Pixinguinha, instrumentista virtuoso em todos os sentidos”, comenta.

“Vinicius de Moraes dizia que ele era um anjo na Terra. Sempre fui encantado com as hist�rias sobre a generosidade dele. O momento que mais me emociona em sua trajet�ria � quando ele e seu conjunto, Os Oito Batutas, saem do Brasil para divulgar nossa m�sica no exterior”, revela.

Diretora Denise Saraceni, com a mão no queixo, sentada numa cadeira
A cineasta Denise Saraceni afirma que a maioria dos brasileiros desconhece Pixinguinha (foto: Jo�o Cotta/Divulga��o )
A meta � deixar viva a nossa maior refer�ncia de brasilidade, nas palavras da diretora. “Pixinguinha, certamente, � muito conhecido em Paris e no Jap�o, mas eu gostaria que o filme potencializasse seu legado nas comunidades carentes e �vidas de bons exemplos. Nossos negros, muitas vezes, apenas s�o titulares em filmes quando bandidos. Pixinguinha � artista criador de nossa identidade. Precisamos contar hist�rias potentes para um p�blico desprezado”, afirma Denise Saraceni.

A divulga��o do longa em tel�es ambulantes e a promo��o de debates fazem parte da estrat�gia para atingir esse objetivo. “Tenho certeza de que quem n�o conhece Pixinguinha – a grande maioria da nossa popula��o – vai se emocionar com o filme, buscar mais e mais informa��es na internet, e, quem sabe, em bibliotecas”, comenta a diretora.
 
A hist�ria desse artista gigante ganhou narrativa sint�tica. “A m�sica ajudou muito, porque ela, por si, j� � um roteiro”, explica Denise. Com o filme comercializado para Globo, Telecine e GloboPlay, o que permitiu viabilizar a finaliza��o do projeto surgido em 2010, h� tamb�m a ideia de uma s�rie musicada. Afinal, o resgate da figura desse g�nio, por meio do cinema, � visto como obriga��o.

Paralelamente � realiza��o do longa, a Funda��o Moreira Salles organizou um arquivo transformado em site. Denise Saraceni lembra que foram publicados livros e partituras importantes quando se comemoram os 100 anos de Pixinguinha, em 1997. 

“A escuta singular de Pixinguinha”, livro de Virg�nia de Almeida Bessa, respaldou a pesquisa de Manuela Dias para o roteiro e a estrutura musical do longa, a partir do enfoque da m�sica popular no Brasil entre 1920 e 1930.
 
 

ESCOLA

Encarando Alfredo da Rocha Vianna Filho como “um cara da nossa fam�lia”, Denise Saraceni registrou o artista que, aos olhos de Seu Jorge, ganha a dimens�o de “uma escola”.

“Pixinguinha deixou de heran�a todo o c�digo do genoma da nossa m�sica”, afirma o ator, cantor e compositor.

A atriz Ta�s Ara�jo chama a aten��o para o legado constru�do pela fam�lia Vianna ap�s a aboli��o da escravatura, apesar de enfrentar o racismo. 

No filme, Ta�s interpreta Albertina Nunes Pereira da Rocha, a Betty, esposa de Pixinguinha. Estrela da Companhia Negra de Revista, ela encerrou sua carreira ao se casar com o m�sico, em 1927. Dona Betty morreu em 1972, um ano antes do marido. (Com  Ag�ncia Estado)


''Pixinguinha certamente � muito conhecido em Paris e no Jap�o, mas eu gostaria que o filme potencializasse seu legado nas comunidades carentes e �vidas de bons exemplos''

Denise Saraceni, cineasta


 
 
De olhos fechados, a atriz Taís Araújo encosta o rosto na testa de Seu Jorge, na cinebiografia de Pixinguinha
Ta�s Ara�jo faz o papel de Betty, mulher de Pixinguinha durante 40 anos (foto: Downtown Filmes/Divulga��o)
 
 
TR�S PERGUNTAS PARA...

Ta�s Ara�jo
atriz

Quais detalhes a respeito de Betty e Pixinguinha aumentaram a sua admira��o por eles?
N�o sabia que ela era artista, e isso diz muito de uma �poca: a mulher que abre m�o de seu sonho para construir uma fam�lia. Mas � bonito tamb�m que eles tenham permanecido juntos por uma vida inteira. Minha admira��o pelo Pixinguinha vem deste homem e da fam�lia dele – pai, m�e, irm�os –, de ver tudo o que eles conseguiram construir no p�s-aboli��o da escravatura. E num pa�s como o Brasil! Acho que a Pens�o Vianna (no bairro do Catumbi, animada por rodas de m�sica promovidas pela fam�lia) � um acontecimento que a gente tem que pesquisar mais.

Protagonizar a novela “Xica da Silva”, exibida em 1996 e 1997 na extinta Rede Manchete, mudou voc� como artista. Hoje, com a vis�o mais feminista da sociedade, essa obra deveria ser revista?
Acho que, hoje, “Xica da Silva” teria de ser revista, sim. Entender esta mulher como a mulher pol�tica que ela foi. Ela nunca foi tratada com esse vi�s. Ela teve atitudes pol�ticas importantes. Sinto que ela foi sempre s� sexualizada. Falta contar melhor a trajet�ria dela.

Novembro � o M�s da Consci�ncia Negra. H� conquistas para os negros brasileiros?
Est�o vindo as conquistas. Na dramaturgia, tem uma evolu��o, mas ainda precisamos de muitas coisas. A gente v� muito mais personagens negros humanizados, mas ainda faltam escritores e diretores negros, uma vez que percebo (a necessidade de discutir) uma quest�o identit�ria.


CONHE�A
PIXINGUINHA

O Instituto Moreira Salles re�ne amplo acervo sobre a trajet�ria do m�sico carioca, disponibilizado em pixinguinha.ims.com.br.


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