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Estado de Minas LITERATURA

Adriane Garcia escreve poesia para o planeta � beira da destrui��o

Autora mineira lan�a seu s�timo livro, ''Estive no fim do mundo e me lembrei de voc�'', com sess�o de aut�grafos neste s�bado (18), na Quixote


18/12/2021 06:00 - atualizado 18/12/2021 07:22

A poeta mineira Adriane Garcia sorri, com as mãos no queixo
Adriane Garcia afirma que fez o ''diagn�stico'' de um futuro pouco promissor, 'mas que''ainda tem jeito'' (foto: Arquivo pessoal)
A beleza da Terra � consensual. No entanto, a maneira como a humanidade desfruta do planeta d� ind�cios de escolhas e caminhos errados na forma de lidar com tanta exuber�ncia. Com a pandemia da COVID-19, a hip�tese de extin��o da nossa esp�cie parece cada vez mais plaus�vel. A poeta mineira Adriane Garcia se coloca na perspectiva de observadora para escrever versos sobre esse estado de coisas que nos assola – humanidade e planeta. Neste s�bado (18/12), �s 14h, na Livraria Quixote, ela vai lan�ar “Estive no fim do mundo e me lembrei de voc�”, seu s�timo livro.

O t�tulo integra a cole��o Biblioteca Madrinha da Lua, da Editora Peir�polis, que conta com “Quem tem pena de passarinho � passarinho”, de L�ria Porto; “Lan�a chamas”, de Regina Azevedo; e “At� aqui”, de L�bi Prates.

FIM

A apresenta��o de “Estive no fim do mundo…” � feita por Ana Carolina Neves, que prop�e uma reflex�o acerca do fim dos dias, algo iminente. Adriane iniciou a escrita do livro em 2018, portanto, antes da decreta��o da pandemia pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) e da realiza��o da Confer�ncia das Na��es Unidas sobre as Mudan�as Clim�ticas de 2021 (COP-26).

No entanto, a autora j� antecipava a discuss�o central dos nossos tempos: como a a��o do homem pode acelerar processos clim�ticos que impactam diretamente o destino do planeta, inclusive com a possibilidade de um colapso irrevers�vel, como ocorreu na era dos dinossauros.

“O tom da COP-26 foi de que estamos chegando a um ponto sem retorno. � terr�vel. Podemos dizer que n�o � uma quest�o da gente como indiv�duos, claro que temos pequenas contribui��es, mas � uma fal�cia dizer que o problema � porque gastei mais �gua no banho de hoje. N�o �. S�o os grandes conglomerados, s�o pa�ses que n�o aceitam decrescer o m�nimo no que eles chamam de desenvolvimento. Questiono se isso se chama desenvolvimento, progresso. N�o conseguem fazer um planejamento sustent�vel para o planeta”, pondera Adriane.

A poeta se assusta diante dos ind�cios de satura��o do planeta vindos de not�cias de todo o mundo. “As geleiras estavam descongelando e os ursos-polares ficando ilhados. O motor que me fez escrever este livro � muito triste. S�o coisas que me comovem muito, me deixam muito entristecida. A not�cia do urso-polar em cima da calota de gelo, flutuando no oceano e sem conseguir sair dali, sem conseguir pescar...”.

O tema est� presente em outros livros da autora, como “Eva-proto-poeta” (Caos & Letras). “O grande problema da civiliza��o ocidental � achar que este mundo foi feito para n�s, como est� escrito no livro sagrado. Deus fez e deu para o homem. � um problema muito grande acreditar nisso, � conveniente, mas n�o � nada sustent�vel. Tamb�m n�o � verdade. Outros seres do planeta t�m tanto direito � vida como n�s”, diz.

Para demarcar a cr�tica � a��o destruidora do homem, Adriane faz refer�ncia, no final do livro, ao poema de Carlos Drummond de Andrade “O homem; as viagens”. O poeta descreve as maneiras como o ser humano inventa as m�quinas e tecnologias que o levam a Marte, mas observa que ele n�o consegue conviver.

O livro de Adriane tamb�m est� em sintonia com “As plantas e o mundo vegetal”, tema da Festa Liter�ria Internacional de Paraty (Flip), encerrada no �ltimo dia 5, embora n�o fizesse ideia disso quando come�ou a escrever “Estive no fim do mundo...”.

Autores como Ailton Krenak e Maria Esther Maciel t�m demonstrado a import�ncia de colocar animais, plantas e at� minerais no mesmo n�vel de import�ncia do ser humano. Krenak, por exemplo, destaca o papel dos povos origin�rios na constru��o de outro modelo de desenvolvimento.

Adriane inicia o livro apresentando a bola azul de Gagarin. “Quis simular uma viagem de regresso, que estou na Lua, n�o estou na Terra. Quis fazer essa vis�o de fora em que estou vendo esse planeta, que � t�o bonito. Quando a gente est� distante, parece que v� melhor. Esse olhar vai aproximando como um zoom invertido. Da Terra para os oceanos. Do oceano fui para a baleia, segui aproximando at� chegar na minha casa.” A poeta tamb�m relaciona mem�rias de inf�ncia com experi�ncias sens�veis do planeta.

SUVENIR

“N�o podia deixar de mencionar o animal que esquece que � animal, o homem. Ent�o, ele maltrata os animais. O homem faz essa arquitetura hostil”. Cada poema � como um cart�o-postal, que remete � visualidade das coisas. Adriane trabalha a ideia de suvenir, aquelas lembran�as que trazemos dos belos lugares descobertos nas viagens.

“Estive no fim do mundo e me lembrei de voc�, lembrei-me daquelas camisetas e pensei: n�o � s� fim do mundo porque estamos colocando nossa casa coletiva em risco, mas � fim do mundo porque estamos em lugares distantes, estamos em plena pandemia. Quis olhar cada imagem que trabalhei neste livro como um suvenir, um cart�o-postal. Algo que ofere�o ao outro, o leitor.”
  
   Os poemas tra�am um diagn�stico, mas de uma perspectiva esperan�osa. “N�o queria, apesar de saber que este livro sai de um sentimento muito triste, que fosse desesperante nem que tivesse uma inoc�ncia boba. Queria que fosse um livro que fizesse diagn�stico, mas, ao mesmo tempo, diga 'ainda tem jeito'”, conclui.

Capa do livro de Adriane Garcia traz sinais gráficos nas cores azul, cinza e branco
(foto: Peir�polis/Reprodu��o)

“ESTIVE NO FIM DO MUNDO E ME LEMBREI DE VOC�”

• De Adriane Garcia
• Editora Peir�polis
• 48 p�ginas
• R$ 40
• Lan�amento neste s�bado (18/12), �s 14h, na Livraria Quixote – Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi.


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