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Estado de Minas CINEMA

Menino se torna adulto em ''A m�o de Deus'', com direito a gol de Maradona

Filme de Paolo Sorrentino acompanha o garoto italiano Fabieto e sua barulhenta fam�lia, que esperam nova vida com a chegada do craque argentino ao Napoli


19/12/2021 04:00 - atualizado 19/12/2021 09:43

Sentados à mesa com semblantes sérios, quatro integrantes da família Schisa têm ao fundo parede com pratos pendurados e enorme cabeça de veado
O cl� Schisa e "A m�o de Deus" ganharam o Pr�mio do J�ri no Festival de Veneza e podem levar o Globo de Ouro (foto: Netflix/Divulga��o)
Nas quartas de final da Copa do Mundo de 1986, Maradona protagonizou um de seus mais pol�micos feitos em campo. O camisa 10 da Sele��o Argentina marcou um gol de m�o contra os brit�nicos. No final da partida, quando questionado, ele, malandramente, respondeu: “Marquei um pouco com a minha cabe�a e um pouco com a m�o de Deus.”

N�o � sobre futebol ou sobre aquele que muitos consideram o maior jogador de futebol da hist�ria, mas a figura do argentino baixinho e pol�mico � essencial para “A m�o de Deus”. Dispon�vel na Netflix, o novo longa do diretor italiano Paolo Sorrentino, vencedor do Pr�mio do J�ri no Festival de Veneza (est� indicado a filme estrangeiro no Globo de Ouro), � a delicada (por vezes tresloucada) jornada de amadurecimento de um adolescente napolitano. Que tem a vida salva, vale dizer, por Maradona.

MEM�RIAS 

Mas esse acontecimento, que d� uma guinada na narrativa, s� aparece na metade do filme. At� l� acompanhamos, entre risos e l�grimas, a fam�lia do jovem Fabietto Schisa (Filippo Scotti). Ele � um dos poucos membros introvertidos de uma ruidosa parentada do Sul da It�lia. O filme parte das pr�prias mem�rias de Paolo Sorrentino, que retornou, com o projeto, a sua cidade natal.

A narrativa � ambientada na d�cada de 1980 e parte do an�ncio, que deixa a todos boquiabertos, de que Maradona vai jogar no Napoli (o jogador, contratado por US$ 10 milh�es, defendeu o time entre 1984 e 1991, a melhor fase de sua carreira). A vida vai mudar, � o que acreditam os Schisa.

Eles s�o tudo, menos convencionais. Patrizia (Luisa Ranieri), a primeira personagem a aparecer no filme, � a tia mais jovem de Fabietto e o motivo de suas noites insones. Ao chegar tarde em casa, a mulher, que come�ou a sofrer de algum dist�rbio mental por n�o conseguir engravidar, � agredida pelo marido, que a acusa de prostitui��o. Os pais de Fabietto tentam acudir o casal – e o menino n�o tem olhos para nada al�m dos seios desnudos da tia/musa.

O garoto e seus pais – Saviero (Toni Servillo, ator recorrente na obra de Sorrentino) e Maria (Teresa Saponangelo) – v�o ajudar a tia dividindo uma scooter pelas ruas de N�poles. A imagem do trio livre na noite da cidade ser� mem�ria recorrente na vida de Fabietto. Tamb�m o amor de seus pais, capazes de assobiarem um para o outro, ainda que o casamento sofra com o drama que j� os acompanha h� muitos anos. Alma da fam�lia, Maria � capaz de ficar por horas fazendo malabarismos com laranjas.

Esse n�cleo ainda conta com o irm�o mais velho de Fabietto, que sonha em ser ator e tenta o teste para ser um dos quatro mil extras de um filme de Fellini; de sua irm�, que n�o sai do banheiro; a vizinha baronesa que tem jeito de bruxa mas ser� essencial para o crescimento do jovem; e da parente mal-humorada, que vive de falar palavr�es, come se o mundo fosse acabar e n�o tira o casaco de peles por nada deste mundo – nem mesmo durante o ver�o de clima mediterr�neo.

� tudo exagerado, colorido, fora dos padr�es. H� mais de um momento, principalmente na primeira metade do filme, em que acompanhamos uma hist�ria em que nada acontece realmente. Mas n�o h� nada de mal nisso, muito pelo contr�rio. Assistir a parentes passeando de barco no ver�o e rindo por qualquer coisa � algo totalmente familiar.

TRANSI��O 

At� que � chegada a hora de Fabietto se tornar adulto. E � nesse ponto que “A m�o de Deus” vai, aos poucos, se tornando o filme sobre o nascimento de um cineasta.

O garoto decide assistir ao filme preferido do pai, “Era uma vez na Am�rica”; faz amizade com outro jovem, um contrabandista de cigarros; perde a virgindade da maneira mais improv�vel que se tenha not�cia; observa o homem mais rico do mundo passar � sua frente; e tem um debate grandioso com o cineasta Antonio Capuano (interpretado por Ciro Capano, o diretor napolitano que, na vida real, � uma esp�cie de mentor de Sorrentino).

Tantas hist�rias que os personagens percorrem ao longo de duas horas conseguem ser amarradas na sequ�ncia final, ainda que com um toque de melancolia. Em seu retorno ao passado, Sorrentino faz sua incurs�o mais pessoal no cinema. � agridoce de um jeito meio gauche.

“A M�O DE DEUS”
O filme de Paolo Sorrentino est� dispon�vel na Netflix.


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