(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CIDADE HIST�RICA

Festival Artes Vertentes retoma programa��o presencial em Tiradentes

Em sua 10� edi��o, que come�a nesta quinta-feira (10/2), evento ocupa diversos espa�os da cidade, com programa��o em torno do tema '�gua' e da Semana de 22


10/02/2022 04:00 - atualizado 10/02/2022 03:20

De blusa cinza chumbo e adereços indígenas em paisagem ao ar livre, Eliane Brum olha para a câmera
A jornalista e escritora Eliane Brum participa da mesa "A �gua como ponto de conflito no Brasil contempor�neo", ao lado do l�der ind�gena Ailton Krenak (foto: Lilo Clareto / divulga��o)


No ano em que completa uma d�cada de realiza��o, o Artes Vertentes – Festival Internacional de Artes de Tiradentes come�a nesta quinta-feira (10/2) retomando o f�lego, ap�s um per�odo de dificuldades e desafios impostos pela pandemia. 

Em sua 10ª edi��o, o evento prossegue com o tema que adotou no ano passado, “�gua”, quando migrou para o formato virtual, em virtude da pandemia, e foi realizado no m�s de setembro. Desta vez, a programa��o ser� majoritariamente presencial, at� o pr�ximo dia 20, incluindo atra��es de m�sica, literatura, cinema, artes visuais e artes c�nicas.

Diretora-executiva do Festival Artes Vertentes, Maria Vragova explica que a decis�o de manter a tem�tica da 9ª edi��o deveu-se � sua relev�ncia e urg�ncia, bem como ao desejo de que ela pudesse ser trabalhada num cen�rio mais pr�ximo da normalidade. 

“Adotamos esse tema em 2020, mas achamos uma pena que ele tenha sido abordado apenas de maneira remota”, diz. “Neste momento em que a gente convive com rios polu�dos, barragens caindo, lama se espalhando pelo mundo, consideramos muito pertinente seguir com esse mote.”

Ela afirma que toda a programa��o foi montada em torno das representa��es e simbologias da �gua. A produtora cultural destaca, contudo, um outro eixo importante que orienta o evento deste ano: o centen�rio da Semana de Arte Moderna de 1922.

Ficus pintado em papelão sob a inscrição frágil
Obra que integra a exposi��o "Benjamina", de Nelson Cruz, cujo tema s�o os f�cus centen�rios que foram ceifados da paisagem de Belo Horizonte (foto: Reprodu��o)

ARTES VISUAIS

No �mbito das artes visuais, o festival recebe a exposi��o “Benjamina”, de Nelson Cruz, com as obras originais que deram origem ao livro hom�nimo, lan�ado em 2019; uma instala��o in situ a partir do universo de Cobra Norato, personagem folcl�rico que habita o imagin�rio dos povos dos rios brasileiros; e a mostra “Entre costas duplicadas desce um rio”, que apresenta obras de Dem�stenes Vargas, Fran�ois Andes, Guilherme Gontijo Flores, Laura Bel�m, Mari Mael, Marlon de Paula, Nelson Ramirez de Arellano, Pedro Motta e Rick Rodrigues que t�m a �gua como fio condutor.

Essa exposi��o coletiva reverbera tamb�m na seara liter�ria do festival, j� que ser� lan�ado um livro hom�nimo, resultado da resid�ncia art�stica realizada pelo poeta e escritor Guilherme Gontijo Flores em Tiradentes, a convite do Artes Vertentes. Ainda no campo da literatura, haver� o lan�amento do livro “Arrastados”, de Daniela Arbex, com a presen�a da autora, e uma mesa-redonda virtual sobre o tema “A �gua como ponto de conflito no Brasil contempor�neo”, com as participa��es de Ailton Krenak e Eliane Brum.

A programa��o musical – um dos pontos fortes do festival – ter� como destaques a presen�a de Andr� Mehmari como compositor residente, e a execu��o de obras de Heitor Villa-Lobos, na esteira das celebra��es do centen�rio da Semana de 22. Do compositor, que foi um dos pilares do movimento modernista, ser� apresentado o conjunto de suas can��es, interpretado pela soprano Eliane Coelho, e a integral das “Sonatas para violino e piano”, interpretadas pelos violinistas Ara Harutyunyan e Stepan Yakovitch e pelos pianistas Jacob Katsnelson, Cristian Budu e Gustavo Carvalho.

Sentado de lado e com a mão no queixo, André Mehmari olha para a câmera
Compositor residente desta edi��o, Andr� Mehmari ter� sua obra executada em oito dos 18 concertos programados pelo festival (foto: Artes Vertentes/Divulga��o)

ANDR� MEHMARI

Com uma programa��o t�o vasta, Maria Vragova aponta que esses recortes musicais s�o alguns dos pontos altos desta 10ª edi��o do Artes Vertentes. Estreante no Festival, Andr� Mehmari chegou � cidade hist�rica na �ltima ter�a-feira (8/2) e iniciou ontem os ensaios para o concerto de abertura, que ser� realizado logo mais, �s 21h, na Matriz de Santo Ant�nio, e para outras apresenta��es que far� ao longo da programa��o.

“Sou o compositor residente desta edi��o, ent�o v�rias obras minhas ser�o executadas aqui no festival por diferentes forma��es e eu, inclusive, participarei como pianista em algumas delas. Al�m da abertura, com ‘Su�te brasileira’, a programa��o inclui v�rios outros temas de minha autoria”, diz, citando as obras “Choro breve”, “Viagem de ver�o”, “Sonata para viola” e as “Varia��es Villa-Lobos”. “Al�m disso, eu vou fazer um recital solo e tamb�m participo do encerramento com meu duo com a M�nica Salmaso”, diz.

Vragova destaca que, ao todo, ser�o 18 concertos de m�sica cl�ssica e popular. “Teremos oito concertos em que ser�o executadas obras de Andr� Mehmari”, cita. Ela destaca a apresenta��o de encerramento. “A gente tem foco maior na m�sica cl�ssica, ent�o � muito significativo ter dois nomes t�o importantes representando esse espa�o da m�sica popular.”

ELIANE COELHO

Presen�a constante ao longo de toda a hist�ria do Festival Artes Vertentes, tendo participado de praticamente todas as edi��es, Eliane Coelho exalta a qualidade art�stica da programa��o para al�m da m�sica. “� um evento que re�ne artistas excelentes, �timos instrumentistas, �timos artistas pl�sticos, grandes escritores. O festival abrange muita coisa, tem muitas facetas, h� um leque de possibilidades art�sticas. A arte no Brasil � muitas vezes menosprezada ou tratada como se fosse algo para uma minoria, quando na verdade deveria ser para todo mundo. A organiza��o do festival tem isso em mente e maneja a programa��o de forma muito aberta, para que tenha alcance”, aponta.

Sobre o conjunto das can��es de Villa-Lobos que vai interpretar, tamb�m no concerto de abertura, precedendo a apresenta��o de Mehmari, a soprano diz que foi o passo mais evidente do compositor rumo �s proposi��es modernistas. “Ali j� n�o tem mais tanto a coisa folclorista da ‘Floresta amaz�nica’. Villa-Lobos parte para experimentar harmonias mais modernas. Gosto muito de poder mostrar esse lado dele”, diz. Ela volta a se apresentar no s�bado e no domingo, quando encerra sua participa��o interpretando “O pastor na montanha”, de Schubert.

"CARNAVAL DOS ANIMAIS"

Outro destaque da programa��o musical do 10º Festival Artes Vertentes de Tiradentes, segundo Vragova, � a apresenta��o, no pr�ximo domingo (13/2), do concerto “Carnaval dos animais”, de Saint-Sa�ns, dedicado ao p�blico infantil e no qual convergem as diferentes linguagens propostas pelo evento. Ela ressalta que o cen�rio do concerto foi criado pelas crian�as que participam da A��o Cultural Artes Vertentes, promovida semanalmente entre os meses de mar�o e dezembro, e que se constitui numa iniciativa cont�nua e permanente da organiza��o do evento, com cursos de artes visuais e m�sica, entre outros.

“Tamb�m para essa apresenta��o do ‘Carnaval dos animais’, fizemos uma encomenda � premiada escritora Maria Val�ria Rezende, que fez uns pequenos haicais que ser�o lidos durante o concerto. Esse espet�culo �, para mim, a alma do festival, por mostrar essa intera��o entre diferentes express�es, com a m�sica, a literatura e as artes visuais. A caracter�stica marcante do Artes Vertentes � justamente esse tr�nsito entre diversas �reas. Acredito que n�o haja outro festival do g�nero no Brasil”, aponta.

TEATRO E CINEMA

As artes c�nicas e o cinema tamb�m est�o contemplados nesta 10ª edi��o do Festival Artes Vertentes. No pr�ximo dia 18, ser� apresentado o espet�culo “Velejando desertos remotos”, no Centro Cultural Yves Alves. A pe�a � livremente inspirada no livro “As cidades invis�veis”, de �talo Calvino. Seguindo os caminhos do viajante Marco Polo, personagem central da obra, o percurso realizado pelos personagens em cena e o deserto servem de met�fora para a descoberta da vastid�o existente dentro de cada um.

No campo do audiovisual, oito filmes de fic��o, n�o fic��o e anima��o enriquecem as reflex�es em torno da �gua na programa��o do festival. Entre os destaques figuram “Lavra”, de Lucas Bambozzi, e “O adeus”, da cineasta russa Larissa Shepitko, al�m do cl�ssico “Morte em Veneza”, de Luchino Visconti, e “A lenda do pianista do mar”, de Giuseppe Tornatore.

Toda a programa��o, conforme explica Vragova, se espraia pela cidade hist�rica, ocupando as igrejas com as apresenta��es musicais, casar�es hist�ricos com as exposi��es de artes visuais, e espa�os p�blicos com as obras resultantes das resid�ncias art�sticas previamente promovidas pela organiza��o do festival.

BALAN�O DE 10 ANOS

No anivers�rio de 10 anos do Artes Vertentes, ela avalia que uma trajet�ria vitoriosa foi cumprida desde sua cria��o. “O festival foi o vencedor do pr�mio da revista Concerto, a �nica dedicada � m�sica cl�ssica no Brasil, que destaca os principais eventos do cen�rio no pa�s. Para n�s � um m�rito muito grande, que mostra a import�ncia dessa iniciativa. A gente se manter vivo e relevante durante 10 anos, apesar de tantos obst�culos colocados no caminho da cultura ao longo dos �ltimos tempos, � algo quase surreal”, afirma.

Todos os protocolos sanit�rios contra a COVID-19 s�o seguidos, como a obrigatoriedade do uso de m�scara, distanciamento de 1,5m, uso de �lcool em gel e medi��o de temperatura. A programa��o completa do 10º Festival Artes Vertentes, com locais e valores dos ingressos para as atra��es cuja entrada � cobrada, pode ser conferida no site www.artesvertentes.com.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)