Museu Mineiro homenageia a Semana de 22 com trabalhos de 22 artistas
Exposi��o que ser� aberta nesta ter�a (22/2) � composta por obras pertencentes ao acervo da institui��o e inclui quatro desenhos de Tarsila do Amaral
Tela de Reynaldo Fonseca, que abra�a as caracter�sticas da pintura modernista, � uma das obras da mostra, que fica em cartaz at� 27 de mar�o (foto: Secult/Divulga��o
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Principal institui��o p�blica sobre a hist�ria de Minas Gerais, o Museu Mineiro � reconhecido por sua cole��o de arte sacra. Seu acervo de 3,5 mil obras tamb�m abrange as telas da Pinacoteca do Estado. Parte delas, de autoria de 22 artistas, comp�e a exposi��o “22 em 22 – O modernismo e suas influ�ncias no acervo do Museu Mineiro”, que ser� aberta nesta ter�a-feira, dia 22/2/2022, na esteira da celebra��o do centen�rio da Semana de Arte Moderna.
Mais do que reverenciar o evento, ocorrido entre 13 e 17 de fevereiro de 1922, no Theatro Municipal de S�o Paulo, a mostra pretende mostrar os ecos que a manifesta��o trouxe para as artes, tanto em sua �poca como ao longo das d�cadas posteriores. Boa parte dos trabalhos selecionados s�o de artistas mineiros ou que t�m a sua produ��o realizada no estado.
“Minas Gerais est� no imagin�rio do Brasil profundo que os modernistas tiveram”, afirma Alexandre Milagres, diretor de museus da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult). “Para entender o contexto, temos que ir at� antes da Semana de Arte Moderna. Quando M�rio de Andrade vem a Minas em 1919 se encontrar com (o tamb�m poeta) Alphonsus de Guimaraens, ele leva para S�o Paulo esse olhar que mostra como a brasilidade daqui � necess�ria. E quando retorna, em 1924 (na c�lebre caravana paulista que veio conhecer as festividades da semana santa, viagem da qual fizeram parte Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral), ele vem entender como s�o as manifesta��es populares em Minas”, afirma.
Dessa maneira, a exposi��o pretende tra�ar v�rios caminhos do modernismo, no estado e no pa�s. Tarsila (1886-1973), que n�o participou da Semana de 22 porque estava em Paris, mas � um dos �cones do movimento, ter� quatro desenhos expostos na mostra. “O acervo do museu tem 10 pe�as dela no total. Estamos expondo quatro desenhos que depois viraram gravuras”, comenta Milagres.
Outro dos maiores nomes da pintura modernista, Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) tamb�m est� na exposi��o. S� retornou ao Brasil em 1929 – nascido em Nova Friburgo, serra fluminense, foi criado na Europa. � tamb�m um dos nomes mais ligados ao imagin�rio mineiro. Mudou-se para Belo Horizonte em 1944, a convite do ent�o prefeito Juscelino Kubitschek, para criar uma escola de arte – viveria entre a capital e Ouro Preto at� o fim da vida.
Dos 10 desenhos de Tarsila do Amaral (1886-1973) pertencentes ao seu acervo, o Museu Mineiro escolheu exibir quatro (foto: Secult/Divulga��o)
PERCURSOS
Vinda dos nomes contempor�neos � primeira leva de artistas modernistas est� a escultora belga Jeanne Milde (1900-1997), que se mudou para BH em 1929 para participar da reforma do ensino no estado. Tamb�m ficaria aqui por toda a vida. “Ao falar do movimento modernista, temos que pensar que Minas tem muitos percursos. Al�m de Belo Horizonte, h� tamb�m os de Juiz de Fora e Cataguases, bem como o daqueles que vieram para c� devido � educa��o e se ‘mineirizaram’”, diz Milagres, citando Guignard e Milde.
De gera��es posteriores, a exposi��o traz nomes fundamentais da arte brasileira, caso do pintor Alfredo Volpi (1896-1988), �talo-brasileiro que � considerado um dos mais importantes nomes da segunda gera��o modernista.
Da lista dos 22, 13 deles nasceram em Minas Gerais. H� muitos herdeiros de Guignard, ex-alunos do curso livre de desenho e pintura que ele fundou na Escola de Belas Artes. Entre eles est�o Maria Helena Andr�s (1922), Yara Tupynamb� (1932), Sara �vila (1932) e �lvaro Apocalypse (1937-2003).
Integrante da segunda gera��o modernista, Alfredo Volpi (1896-1988) est� representado com uma tela de suas famosas bandeirinhas (foto: Secult/Divulga��o)
INFLU�NCIA
“A exposi��o fala do modernismo como influ�ncia est�tica. �lvaro Apocalypse, na condi��o de pintor, sofre uma influ�ncia grande da est�tica popular. E quem traz isso � o modernismo. A desconstru��o da figura, que ele leva para o Grupo Giramundo tamb�m est� presente em suas pinturas”, comenta Milagres.
Outro mineiro que ele destaca � M�rcio Sampaio (1941). “Com sua produ��o como cr�tico de arte, durante um longo per�odo ele fez a cataloga��o da cena art�stica. Tem tamb�m influ�ncia da produ��o de Guignard. O quadro que vamos expor dele tem toda uma refer�ncia antropof�gica.”
Nome hist�rico das artes em Minas que povoa o imagin�rio de todo torcedor de futebol dos grandes clubes de BH � Fernando Pierucetti (1910-2004). Tamb�m conhecido como Mangabeira, ele se formou na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio, e come�ou a carreira atuando como ilustrador e cartunista na imprensa belo-horizontina. A partir dos anos 1940, criou o galo, a raposa e, num momento posterior, o coelho, os mascotes dos clubes Atl�tico, Cruzeiro e Am�rica.
Pierucetti tamb�m levou o primeiro lugar no Sal�o do Bar Brasil. Ocorrido em 1936, no subsolo do Cine-Theatro Brasil, o evento foi chamado “Exposi��o de Arte Moderna”. Com o pseud�nimo Luiz Alfredo, ele assinou o desenho “Mis�ria”, que trazia um recorte do cotidiano de Belo Horizonte em meio � tens�o pol�tica que dominava o Brasil – um ano mais, tarde Get�lio Vargas instauraria o Estado Novo.
Nesta noite, a partir das 19h, para marcar a abertura da exposi��o, haver� apresenta��o do Sarau Visual. O grupo, formado por int�rpretes de libras, vai apresentar poemas de Carlos Drummond de Andrade. Haver� tamb�m participa��o do ilustrador e cartunista Lucas Ramon, conhecido como Tikinho. Ele, que � surdo, far� caricaturas no evento. Os trabalhos ser�o projetados na sala de exposi��es.
As a��es v�o de encontro � proposta de acessibilidade para o p�blico surdo que o Museu Mineiro vem desenvolvendo. Todo o conte�do da exposi��o “22 em 22” ter� v�deos explicativos em libras, que poder�o ser acessados via celular por meio de QR Codes. Tal iniciativa j� est� em vigor desde novembro de 2021, com a exposi��o de longa dura��o da institui��o “Minas das artes, hist�rias gerais”.
O artista Fernando Pieruccetti, autor dos mascotes dos clubes mineiros, tem um de seus quadros expostos na mostra� (foto: Secult/Divulga��o)
“22 EM 22 – O MODERNISMO E SUAS INFLU�NCIAS NO ACERVO DO MUSEU MINEIRO”
Abertura nesta ter�a (22/2), �s 12h, no Museu Mineiro – Av. Jo�o Pinheiro, 342, Centro. �s 19h, haver� apresenta��o do Sarau Visual. Visita��o de ter�a a sexta, das 12h �s 19h; s�bados e domingos, das 11h �s 17h. Entrada franca. At� 27 de mar�o