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Estado de Minas M�SICA

Em 'Pare', Sara N�o Tem Nome faz carnaval melanc�lico para o mundo em crise

Marchinha da multiartista mineira remete � guerra, � pandemia e � falta de solu��o para o caos social. '''Essa viagem j� foi longe demais''', diz a letra


07/03/2022 04:00 - atualizado 07/03/2022 07:52

Integrantes do Bloco Pare, formado pela artista Sara Não Tem Nome e amigos, estão sentados dentro de um ônibus e vestem fantasias de carnaval
Comandado por Sara N�o Tem Nome, bloco Pare gravou clipe dentro de �nibus e em esta��o do Move (foto: Julia Baumfeld/divulga��o)

“Pare pra eu descer/ Essa viagem j� foi longe demais”, canta Sara N�o Tem Nome em “Pare”, marchinha de carnaval que ela escolheu para abrir os trabalhos promocionais de seu segundo �lbum de est�dio, “A situa��o”.

O single chegou ao mundo digital na �ltima ter�a-feira (1º/3) e est� dispon�vel somente no YouTube, por meio do videoclipe com dire��o e roteiro assinados pela pr�pria Sara. Nele, foli�es curtem o carnaval numa das esta��es do Move e dentro de um �nibus, em Belo Horizonte.

“Essa m�sica faz parte do meu pr�ximo trabalho, mas nunca tinha pensado em lan��-la primeiro. Nos �ltimos meses, ela ganhou novas camadas de significado com a guerra, a pandemia, a ansiedade, a infla��o e a crise clim�tica”, explica a artista.

"Coisas absurdas est�o acontecendo, e a impress�o � que elas n�o v�o deixar de acontecer. Por isso a m�sica segue a l�gica da repeti��o"

Sara N�o Tem Nome, compositora e artista visual


L�GICA DA REPETI��O

De acordo com Sara, a can��o tamb�m serve para ironizar a proibi��o do carnaval de rua, por parte da Prefeitura de Belo Horizonte, enquanto as festas privadas foram liberadas durante o feriado.

“Coisas absurdas est�o acontecendo, e a impress�o � que elas n�o v�o deixar de acontecer. Por isso a m�sica segue a l�gica da repeti��o, como uma alegoria para o fato de n�o sairmos do lugar h� muito tempo”, afirma a artista mineira.

No clipe, gravado em um domingo no in�cio de fevereiro, Sara reuniu 12 amigos que formaram com ela o Bloco Pare. Paramentados com adere�os tipicamente carnavalescos, todos dan�am e curtem a folia fict�cia, mas parecem n�o se esquecer dos problemas que assolam o pa�s e o mundo.

“� como se o �nibus fosse o ponto de encontro para quem vai pular carnaval. Esse transporte normalmente � usado por quem est� indo trabalhar ou estudar. A ideia de gravar o clipe era usar esse espa�o incomum para uma festa com pessoas animadas, dan�ando de forma um pouco ca�tica”, explica Sara.



Produzida pela pr�pria artista, com assist�ncia de Desir�e Marantes, “Pare” � ponto fora da curva na obra de Sara N�o Tem Nome, marcada pelo tom melanc�lico. Mixada e masterizada por Alejandra Luciani, a m�sica conta com o trompete de Juventino Dias e o trombone de Jo�o Paulo Buchecha.

Larissa Conforto foi a respons�vel por gravar parte das percuss�es e Thiago Corr�a tocou cuatro, instrumento de cordas da fam�lia das guitarras bastante utilizado na Am�rica Latina. O registro ainda conta com o coro formado por Bernardo Bauer, Julia Baumfeld, Felipe D'angelo, Luiza Brina e Pedro Veneroso.

“Pare” n�o � a primeira m�sica do novo �lbum lan�ada por Sara. Em 2018, a artista divulgou um v�deo caseiro no qual apresenta “Cidad�os de bens”, outra faixa de “A situa��o”.

“Tem anos que estou lutando para realizar esse �lbum, que foi constru�do aos trancos e barrancos. Agora estamos bastante adiantados com a produ��o. O fato de se chamar 'A situa��o' tem muito a ver com a forma como ele est� sendo feito, um processo muito �rduo”, explica.

Artista Sara Não Tem Nome está de lado, de olhos fechados, segurando cabelos presos em rabo de cavalo
(foto: Julia Baumfeld/divulga��o)

"Meu interesse � sempre acrescentar. Sempre fico pensando em como unir algo novo com o que j� sei e ampliar o meu repert�rio. Isso vem muito de uma ideia de artista contempor�neo"

Sara N�o Tem Nome, compositora e artista visual

 
 
Ainda sem data de estreia, o disco recebeu o patroc�nio da Natura Musical, por meio da Lei de Incentivo � Cultura de Minas Gerais. O repert�rio trar� diversos estilos musicais, como dream pop, rock, MPB, trip hop e, claro, marchinha.

“Come�amos em 2016, logo depois do golpe que a Dilma sofreu. Depois veio o Temer e agora o Bolsonaro. Tudo isso est� presente nas m�sicas de alguma maneira. Tentei n�o focar apenas em quest�es pol�ticas, mas tamb�m em como a gente vive. Tem m�sicas que falam sobre minha hist�ria com Contagem e sobre minha rela��o com o trabalho. Penso nele como um filme em que acontecem v�rias situa��es epis�dicas”, ela explica.

O primeiro e �nico trabalho solo de Sara N�o Tem Nome � o �lbum “�mega III”, de 2015. De l� pra c�, a artista lan�ou os singles “Geografia” (2016) e “Agora” (2020), al�m de ter investido em colabora��es com outros artistas, como o Clube das Exaustas, ao lado das cantoras Luiza Brina e Julia Branco, e o coletivo Tarda, parceria dela com Julia Baumfeld, Paola Rodrigues, Victor Galv�o e Randolpho Lamonier.
 
“Desde '�mega III', aprendi muita coisa. O processo de produ��o do �lbum da Tarda me ensinou muitas coisas de produ��o. Hoje, consigo fazer novas experimenta��es com a voz. Musicalmente falando, o novo trabalho � diferente, porque foi pensado com instrumentos novos, m�sicas com refr�o e outras n�o, al�m de uma certa liberdade. Nele, n�o h� apenas um modelo de m�sica”, adianta Sara.

OUTRAS LINGUAGENS

O novo disco ter� participa��es especiais e can��es diferentes. “Sinto que avancei em termos de composi��o musical, e nesse �lbum isso vai ficar bastante claro.”


Desde o in�cio de sua carreira, Sara N�o Tem Nome transita entre diferentes �reas da cria��o, como artes visuais, cinema e m�sica. Para ela, a express�o por meio da arte est� muito associada � sua vis�o de mundo e ao atual momento de sua vida.

“Atuar em diferentes �reas vem muito da minha maneira de pensar e sentir o mundo. Quando me proponho a fazer as coisas, quero diferentes vertentes. � muito sobre pensar qual � a melhor maneira de transmitir a mensagem, no sentido de como acho que o que pretendo expressar vai ser comunicado da melhor forma. �s vezes, vem uma melodia, por exemplo”, explica.

“Meu interesse � sempre acrescentar. Sempre fico pensando em como unir algo novo com o que j� sei e ampliar o meu repert�rio. Isso vem muito de uma ideia de artista contempor�neo, de idealizar projetos e n�o necessariamente execut�-los com as pr�prias m�os. � mais como uma capacidade de gest�o”, conclui.


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