(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas NETOS DO CLUBE

Jovens m�sicos mineiros contam como lidam com a heran�a do Clube da Esquina

Disco lan�ado em 1972 por Milton Nascimento e L� Borges segue inspirando a cria��o musical e o conceito de banda das novas gera��es


14/03/2022 04:00 - atualizado 14/03/2022 10:14

Ilustração mostra homem tocando violão com meninos da capa de clube da esquina no braço
(foto: Arte EM)
Lan�ado em 1972, o disco "Clube da Esquina", idealizado por Milton Nascimento em parceria com L� Borges, � um dos maiores cl�ssicos da m�sica brasileira. Uma das provas disso � o quanto ele influencia a nova gera��o de m�sicos mineiros 50 anos depois.
 
Haroldo Bontempo, cantor, compositor e integrante da banda Mineiros da Lua, conta que come�ou a se interessar pelo "Clube" depois que a banda goiana Boogarins o citou como uma de suas principais refer�ncias em uma entrevista. Alguns anos mais tarde, ele lan�ou seu primeiro projeto solo, o single duplo "De volta a BH", cujo lado B se chama justamente "Virando a esquina".
 
"Ela � 100% inspirada no 'Clube da Esquina'", ele afirma. "At� convidei o Luca Noacco para participar. Ele tamb�m � muito f� do 'Clube' e a gente fez uma loucura. � uma m�sica instrumental com algumas voca- liza��es."
 
Para o m�sico, de 24 anos, uma das caracter�sticas mais not�veis das can��es feitas pelo Clube da Esquina � algo que ele define como a "visceralidade das letras".
 
"Eles t�m letras que criam met�foras muito bonitas sobre sentimentos. Isso � uma coisa que eu gosto demais e algo que eu identifico, por exemplo, na Gera��o Perdida de Minas Gerais", afirma Haroldo, citando o selo e coletivo de artistas mineiros.

AMIZADE

Mas a influ�ncia vai al�m da m�sica. Segundo o m�sico, o Clube da Esquina � um exemplo de como a amizade pode ser um diferencial para a cria��o conjunta de uma obra art�stica.
"Eu sei bem a diferen�a entre fazer m�sica sozinho e fazer com amigos. Quando dois artistas se juntam para produzir, eles podem fazer uma arte boa. Mas quando dois amigos fazem esse movimento, eles criam uma obra espiritual. Talvez n�o seja bonita art�stica ou tecnicamente refinada, mas disso sai uma coisa extremamente especial", afirma.
 
A forma como o Clube da Esquina se organizou tamb�m chama a aten��o da cantora, compositora e multi-instrumentista Nath Rodrigues. Para ela, o coletivo de amigos que se reuniu nos anos 1960 em Belo Horizonte � um exemplo, principalmente para a cena independente da cidade.
 

"Eles tinham uma rela��o muito pr�xima com a cidade. O meu trabalho tem muito a ver com isso, surge nesse contexto. E eu entendo que eles come�aram a se consolidar a partir da conforma��o com a cidade e isso influenciou muito a forma como os artistas de hoje se organizam, por exemplo, por meio de coletivos", diz.
 
Nascida em Sabar�, a artista de 31 anos n�o sabe dizer exatamente quando foi a primeira vez que ouviu o disco "Clube da Esquina", mas garante que foi pelo r�dio, que sempre estava ligado em casa. Quando se mudou para BH, em 2011, para estudar m�sica na Uemg, ela se deu conta da import�ncia n�o s� do disco, como de todo o movimento em torno do Clube da Esquina.
 
"Acredito que eles tenham tornado a m�sica mineira reconhec�vel, criando uma marca registrada. Para al�m do sotaque, as harmonias mais progressivas s�o muito caracter�sticas e saem do pop que estava mais no inconsciente das pessoas quando o Clube nasceu", afirma Nath.

MANEIRA �NICA

Ela tamb�m destaca as composi��es. "S�o m�sicas que falam de coisas corriqueiras de uma maneira muito �nica. Eu acredito que esse seja o legado deles. � um jeito de falar sobre as quest�es da vida, transformando isso em sabedoria."
 
Nath Rodrigues afirma que seu trabalho autoral tem uma influ�ncia indireta do Clube da Esquina. "Tive uma forma��o como instrumentista, ent�o eu acredito que tudo o que eu escuto vira material de trabalho e ferramenta de constru��o poss�vel. Mas acredito que, quando eu crio uma m�sica com uma pegada m�ntrica, ou na letra ou no viol�o, vejo isso na obra do Clube."
 
Mineiro da cidade de Diamantina radicado em S�o Paulo, o cantor e compositor C�sar Lacerda, de 34 anos, enxerga o disco "Clube da Esquina" como um marco da m�sica brasileira em termos t�cnicos.
"Do ponto de vista da engenharia de �udio, � um trabalho muito importante. Foi um disco muito bem gravado, e que fez o uso de frequ�ncias de forma muito inovadora", ele afirma.
 
Al�m disso, Lacerda considera que o disco inaugurou a m�sica mineira como a conhecemos hoje de forma espont�nea. "A Tropic�lia tinha um manifesto. Alceu Valen�a lutava pelo reconhecimento da m�sica nordestina. E o Clube da Esquina criou algo que n�o era panflet�rio, mas se firmou como a identidade da m�sica produzida em Minas Gerais."
 

HORIZONTE ABERTO 

A primeira vez que C�sar Lacerda ouviu "Clube da Esquina" foi aos 15 anos. Naquela �poca, ele morava em um pr�dio e um dos vizinhos era beatleman�aco. "Eu adorava rock progressivo e esse meu vizinho disse que eu tinha que conhecer a m�sica brasileira desse tipo", ele conta.
"Na minha cabe�a, a m�sica brasileira era samba, no mais estereotipado dos sentidos. Quando ouvi o 'Clube da Esquina', o meu horizonte de possibilidades se abriu. Lembro-me da for�a daquela capa, o fato de ser um disco duplo. Tudo isso me marcou muito", diz.
 
Ele define como "profunda" a influ�ncia do Clube da Esquina em seus trabalhos autorais. "Ele est� presente no jeito de compor, na hora de pensar o arranjo e tamb�m no desejo de conseguir fazer a melhor grava��o poss�vel. Eu tamb�m tenho uma coisa do cantor homem que faz uso do falsete e a primeira vez que eu atentei para isso foi com Milton."
 
J� Matheus Bragan�a, de 28, m�sico integrante d'A Outra Banda da Lua, observa que � "dif�cil que um disco do calibre do 'Clube da Esquina' n�o tenha uma influ�ncia ampla na m�sica mundial".
O artista mineiro afirma que o Clube da Esquina foi fundamental para que ele se tornasse m�sico. "Eu cresci ouvindo os discos, principalmente por conta dos meus pais, que eram muito f�s. Ent�o, eu diria que, sem o Clube, talvez eu n�o tivesse vontade de seguir uma carreira musical."
 
Para ele, seu grupo musical formado em Montes Claros se inspira no Clube da Esquina mais na forma do que no conte�do. "Tamb�m somos um coletivo de pessoas que se juntam para fazer cria��es. Todo mundo tem uma fun��o pouco definida e faz de tudo."
 
Al�m disso, Matheus reconhece que sua banda e o Clube da Esquina compartilham da mesma vontade de beber em fontes diversas para produzir m�sica. "� esse movimento de absorver todo tipo de refer�ncia para fazer uma cria��o autoral", ele afirma. 


 
 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)