
Frejat se apresenta em Belo Horizonte neste domingo (17/4), �s 19h, no Pal�cio das Artes. O show, cujos ingressos est�o esgotados, seria realizado originalmente em agosto de 2020, mas foi adiado tr�s vezes, primeiro para mar�o e depois para dezembro de 2021, at� ganhar a nova data neste m�s de abril. A espera de quase dois anos s� fez crescer no compositor a expectativa para o reencontro com a plateia mineira.
O cantor e compositor sobe ao palco acompanhado por sua banda, formada por Maur�cio Almeida (guitarra), Bruno Migliari (baixo), Humberto Barros (teclado) e Marcelinho da Costa (bateria).
S� SUCESSOS
No repert�rio, est�o garantidos sucessos de diferentes fases da carreira solo do artista, como “Segredos” e “Amor pra recome�ar”, al�m de hits do Bar�o Vermelho – “Puro �xtase”, “Bete balan�o”, “Pro dia nascer feliz” e “Exagerado”.

Roberto Frejat tamb�m vai tocar cl�ssicos de Raul Seixas, como “Tente outra vez”, “Como vov� j� dizia” e “S� para variar”.
“� o momento de celebrar o reencontro e quero fazer isso com as m�sicas que o p�blico j� conhece. Vamos matar a saudade delas. Tenho certeza de que o p�blico vai gostar”, garante.


Em quatro d�cadas de carreira, o m�sico nunca havia experimentado pausa t�o longa em sua agenda de shows quanto a imposta pela pandemia nos �ltimos dois anos. No primeiro momento, ele achou que desacelerar poderia ser uma boa, mas, a partir do segundo m�s de quarentena, mudou de ideia.
“Me apresentar ao vivo � basicamente o que fa�o h� 40 anos. � a minha rotina de final de semana. Ou pelo menos era. Dificilmente tinha um intervalo muito longo, a n�o ser que fosse para tirar f�rias. Nunca fiquei esse tempo todo parado. Depois do segundo m�s, ficou desesperador. Tive de trabalhar a cabe�a para espantar a depress�o”, ele conta.
“Tocar � a melhor parte da carreira de m�sico. Estar na estrada � um prazer. Tirando a parte do aeroporto, que � meio chata, adoro viajar, estar com pessoas diferentes, em cidades diferentes, mesmo que algum lugar seja menos confort�vel. Me deixa feliz”, acrescenta.
DISCO DE IN�DITAS
Durante a pandemia, Frejat lan�ou “Ao redor do precip�cio” (2020), seu primeiro �lbum de in�ditas em 12 anos. Gravado entre novembro de 2019 e maio de 2020, o trabalho conta com 13 faixas produzidas pelo pr�prio artista em parceria com Kassin, Maur�cio Neg�o e Humberto Barros.
“Lancei e a gente teve uma resposta, mas ainda assim � resposta das redes, que � superficial, falta um aprofundamento. Faltou o complemento da estrada, fundamental para o sucesso de um disco. N�o pretendo incluir as can��es dele em Belo Horizonte. Elas v�o fazer parte do meu show em outro momento”, explica.

Frejat tem bastante carinho pelo registro, feito praticamente em fam�lia. O projeto gr�fico � assinado por J�lia, sua filha ca�ula, enquanto o primog�nito Rafael gravou instrumentos na faixa “Todo mundo sofre”. O lan�amento foi orquestrado por sua empres�ria, Alice Pellegatti, com quem � casado desde 1987.
''Qualquer artista que sinta que este governo � bom para o pa�s, ou para a cultura, precisa de um atestado de insanidade. Nos meus shows, essas manifesta��es nunca ocorreram, mas as acho saud�veis. O p�blico quer se manifestar. N�o incentivo, n�o vai partir de mim. Como cidad�o ou como artista, tenho as minhas insatisfa��es. E n�o me agrada nenhuma das perspectivas para o futuro da pol�tica no Brasil''
Frejat, cantor e compositor
“Depois de pensar muito sobre os formatos de lan�amento, decidi por um �lbum cheio e, inclusive, mandei fazer alguns CDs, que dou para as pessoas. Hoje, n�o tem mais lugar para vend�-los. Ent�o, fiz esse disco para mim. Por isso, precisava de um padr�o de acabamento de qualidade, com capa, grava��o, encarte, ficha t�cnica completa. De certa maneira, ele atende a minha necessidade pessoal. Mas acaba tamb�m satisfazendo o p�blico”, analisa.
FESTA DO BAR�O
Prestes a fazer 60 anos em 21 de maio, Frejat n�o prepara comemora��o especial, ainda que tenha completado quatro d�cadas de carreira recentemente. O in�cio de sua trajet�ria coincide com a estreia do Bar�o Vermelho, que segue na ativa com Guto Goffi, Maur�cio Barros, Fernando Magalh�es e Rodrigo Suricato. A banda, ali�s, est� na estrada com a turn� “Bar�o40”.
“� uma data que marca a estreia do Bar�o e acho que eles merecem fazer a com emora��o, que � deles”, comenta. Frejat deixou o grupo em 2017. “Fico muito feliz de poder dizer que estou na ativa, sou muito grato pela minha perman�ncia dentro do cen�rio”, afirma.
Rap ocupa o espa�o do rock, que abandonou a rebeldia
H� 40 anos, o rock brasileiro vivia um momento de efervesc�ncia. O g�nero era o mais ouvido pelos jovens e marcou �poca com o surgimento das bandas Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Plebe Rude, Biqu�ni Cavad�o, Tit�s, Ira! e Bar�o Vermelho, cuja forma��o original contava com Cazuza (1958-1990) como vocalista e D� Palmeira no baixo.
“Naquele momento, toda uma gera��o tinha crescido ouvindo o rock internacional. Ent�o, as bandas brasileiras dos anos 1980 conseguiram traduzir uma rebeldia e uma inquieta��o que a gente s� tinha ouvido antes em ingl�s, por conta da ditadura. O sucesso se deve muito � gente ter usado a linguagem do rock, que j� era familiar, para falar do Brasil, daquele momento que est�vamos vivendo”, afirma Frejat.
SEM PROTESTOS
Atualmente, f�s de rock mainstream t�m apresentado pontos de vista conservadores. Prova disso � que, em seus shows, o m�sico carioca jamais testemunhou manifesta��es contra o governo Bolsonaro, ainda que ele nunca tenha escondido seu posicionamento pessoal.

“Qualquer artista que sinta que este governo � bom para o pa�s, ou para a cultura, precisa de um atestado de insanidade. Nos meus shows, essas manifesta��es nunca ocorreram, mas as acho saud�veis. O p�blico quer se manifestar. N�o incentivo, n�o vai partir de mim. Como cidad�o ou como artista, tenho as minhas insatisfa��es. E n�o me agrada nenhuma das perspectivas para o futuro da pol�tica no Brasil”, revela.
Com a sa�da de cena do rock como s�mbolo da contesta��o, Frejat acredita que esse lugar, hoje, � ocupado pelo rap. Para ele, o g�nero traduz “a inquieta��o da juventude”.
“O rock foi completamente pasteurizado, usado para vender picol�, carro, telefone. Isso � o sistema agindo, o que acabou diluindo a inquieta��o e a rebeldia. N�o vai demorar muito para acontecer com o hip hop tamb�m. A estrutura do capital rapidamente vai engoli-lo”, prev�.
“N�o tenho nada contra o hip hop. Na verdade, gosto muito, principalmente do papel que ele desempenha e da sonoridade das m�sicas. Acho muito bacana. Mas o engolimento de um estilo pelo capital � c�clico, uma hora acontece. E hoje tende a acontecer muito mais r�pido”, afirma.