
“Cidade perdida” � o tipo de filme charmoso, repleto de estrelas, com muita a��o e aventura que faz o cinema parecer (para quem est� de fora) atividade f�cil de realizar. � dif�cil imaginar um mundo no qual voc� une Sandra Bullock e Channing Tatum, como a escritora e seu homem-objeto, e o resultado n�o seja agrad�vel.
Coloque na mistura um pouco de Brad Pitt mandando ver sem derrubar uma gota de suor, al�m de pitadas de Daniel Radcliffe como herdeiro exc�ntrico. O resultado s� pode ser sucesso garantido, certo?
ESPECIAL
Se o carisma de grandes estrelas fosse suficiente para tornar um longa interessante, haveria n�mero bem maior de bons filmes no mundo. Por isso, “Cidade perdida”, em cartaz nas salas de BH, � t�o especial. Claro, o filme depende de Bullock, Tatum e de todo o elenco do in�cio ao fim. Por�m, muito mais do que isso seria necess�rio para faz�-lo funcionar, o que de fato acontece. � o filme que “Jungle Cruise” queria desesperadamente ser – e n�o foi.
No caso de “Cidade perdida”, dirigido pelos irm�os Aaron e Adam Nee, parece que tudo come�ou com o roteiro enxuto, inteligente e autoconsciente, de tal forma que brinca com os absurdos de filmes de “peixes fora d'�gua” e homenageia aquilo que amamos neles. E sem ser jamais sarc�stico ou condescendente.
Como Loretta e Alan, Bullock e Tatum representam opostos, o c�rebro e a beleza. Ela � a escritora que encontrou sucesso escrevendo romances picantes, embora preferisse ser acad�mica.
Ele tem cora��o de ouro e vocabul�rio de impropriedades. Ela o considera pouco mais do que um tanquinho ambulante, mas ele � fascinado por ela. E est� mais do que ansioso para encenar uma tentativa de resgate quando � sequestrada.
Geralmente, ter quatro escritores (os irm�os Nees, Oren Uziel e Dana Fox) e uma hist�ria original (idealizada por Seth Gordon) em um projeto � arriscado, sugerindo v�rios processos de reescrita e a tentativa de agradar a todos.
Cin�filos tendem a celebrar a vis�o individual de um criador e tratar colabora��es como suspeitas. No entanto, “Cidade perdida” parece ter sido o produto de trabalho em equipe, na tela e fora dela – talvez, o retorno aos dias em que sugest�es do est�dio eram uma coisa boa, capazes de melhorar um projeto.
Veja Loretta, que � contra a roupa que a agente Beth escolheu para ela usar em um evento promocional de seu novo livro, o macac�o de lantejoulas roxas, decotado e apertado. Beth a aconselha a aceitar e parar de reclamar, pois s� precisa us�-lo por duas horas.
Na verdade, n�o � o caso, pois ela ser� sequestrada pelo psicopata gentil Abigail Fairfax, vivido por Hadcliffe, e levada para uma ilha perdida, onde espera que a escritora o ajude a encontrar um artefato antigo. A roupa, muito apertada para o lan�amento de um livro, n�o ser� mais pr�tica na natureza. � para l� de inconveniente.
Em outras palavras, nada em “Cidade perdida” � piada descart�vel, mesmo o macac�o de lantejoulas roxas. E Bullock e Tatum s�o puro ouro juntos.

CL�MAX
O �nico problema � que a primeira hora do filme � t�o forte, animada e engra�ada que quando chega ao cl�max ele come�a a perder for�a. N�o se trata de cr�tica � segunda parte, apenas o que acontece quando h� tanto material interessante na primeira fase.
Ainda assim, “Cidade perdida”, como “A espi� que sabia de menos”, lan�ado em 2015, ficar� ainda melhor a cada vez que assistirmos a ele. Pode n�o ser �timo cinema no sentido tradicional, mas � muito divertido – ant�doto a muito do que temos por a�.
“CIDADE PERDIDA”
EUA, 112min. Dire��o: Aaron e Adam Nee. Com Sandra Bullock, Channing Tatum e Daniel Radcliffe. Sess�es hoje (26/4) no BH (16h40, 19h15, 21h50), Boulevard (14h10, 19h e 21h20), Cidade (13h50, 16h10, 18h30, 20h40), Diamond (19h05, 21h40), P�tio Savassi (13h50, 16h25, 19h e 22h) e Ponteio (13h30, 18h50 e 21h10).