S�rie que revela os segredos da Amaz�nia ancestral estreia no Sesc TV
Por 6 mil anos, regi�o abrigou v�rias civiliza��es e jamais foi in�spita. 'Amaz�nia, arqueologia da floresta' vai ao ar �s 20h, neste s�bado (30/4)
Conta encontrada durante as escava��es
(foto: Sesc TV/divulga��o)
No in�cio de 2020, a diretora ga�cha Tatiana Toffoli viajou at� o s�tio arqueol�gico de Monte Castelo, em Rond�nia, para acompanhar a escava��o conduzida pelo arque�logo Eduardo G�es Neves e sua equipe. A ideia inicial era voltar de l� com o primeiro epis�dio de uma s�rie sobre a floresta amaz�nica. Por�m, o material registrado rendeu uma temporada inteira de “Amaz�nia, arqueologia da floresta”, que estreia neste s�bado (30/4), �s 20h, no Sesc TV.
"Quando voc� vai para uma comunidade ind�gena, isso muda a sua vida. Eles t�m um jeito de viver muito concreto, fora a subjetividade dos ritos, dos sonhos e dos mitos. Al�m desse mundo mitol�gico invis�vel, tem o contato direto com a natureza. � preciso estar na natureza para compreend�-la de fato"
Tatiana Toffoli, diretora
Apresentando quatro epis�dios de 55 minutos, a s�rie mostra as escava��es que G�es Neves conduziu em parceria com os moradores da aldeia Palhal, da etnia tupari, revelando como a Amaz�nia foi transformada pelos povos ind�genas ao longo de 6 mil anos.
PAISAGEM
“Conhe�o o Eduardo h� mais de 20 anos, � meu amigo pessoal. Sempre acompanhei os estudos dele sobre a mudan�a da paisagem e me interessava muito falar sobre isso. Comecei a escrever o projeto da s�rie em 2010 e, em 2011, fizemos o primeiro or�amento. Quatro anos depois, ele foi aprovado em um programa da Prefeitura de S�o Paulo, mas s� em 2017 o apresentamos para o SescTV. Depois de avan�ar a negocia��o, o Sesc nos deu sinal verde para produzir a s�rie no final de 2019”, conta Tatiana Toffoli.
Cacique Fernando com foto de ind�genas com o etn�logo su��o Franz Caspar (foto: Sesc TV/divulga��o)
Em 2020, a diretora embarcou para Rond�nia. Como permaneceu em um lugar com pouco ou nenhum acesso � internet ou telefone, s� soube da gravidade da pandemia da COVID-19 quando retornou para a capital paulista, onde mora atualmente.
Isolada em casa, assim como o resto do mundo, Tatiana come�ou a trabalhar na montagem das imagens que havia captado. O �nico epis�dio que ela tentava construir tinha nada menos de seis horas.
“Fiquei montando e montando. Tentava diminuir, mas simplesmente n�o conseguia. Como o prazo come�ou a ficar apertado e eu precisava enviar o material para o trilheiro, enviei as seis horas. Ele concordou que n�o valeria a pena cortar muito, que o material era muito rico. Mostrei para a roteirista Daniela Capelato, e ela disse: 'Voc� tem aqui a s�rie'.”
Com imagens de tirar o f�lego, “Amaz�nia, arqueologia da floresta” busca desmistificar quest�es relativas � floresta com dados cient�ficos, mas sem se tornar did�tica demais.
No primeiro epis�dio, “A terra dos povos”, o p�blico � apresentado a Monte Castelo, ilha artificial constru�da e ocupada h� pelo menos 6 mil anos. Localizado na bacia do Rio Guapor�, em Rond�nia, esse s�tio arqueol�gico foi escavado pela primeira vez pelo arque�logo Eurico Miller, na d�cada de 1980. Trinta anos mais tarde, foi relocalizado por uma equipe de especialistas e os trabalhos foram retomados, dando in�cio a nova etapa de descobertas.
Tatiana Toffoli e o antrop�logo Eduardo G�es Neves durante as filmagens (foto: Sesc TV/divulga��o)
No segundo epis�dio, “Conchas e ossos”, a equipe de arque�logos encontra vest�gios de um cemit�rio cuja cria��o � estimada em 4 mil anos atr�s. H� ossos humanos e novas camadas de conchas e terra. Al�m disso, especialistas acompanharam os tuparis at� a antiga aldeia do Laranjal, local onde viviam e do qual tiveram que sair devido � cria��o da Reserva Biol�gica do Guapor�, em 1983.
“O tabaco e a cerveja”, terceiro epis�dio, mostra como a Amaz�nia se tornou importante centro de domestica��o de plantas. Prova disso est� na pr�pria fala dos tuparis, que contam como algumas esp�cies aparecem espontaneamente no solo, demonstrando a conex�o entre o passado e o presente.
Em “Cemit�rio bacabal”, �ltimo epis�dio, novos sepultamentos s�o encontrados. Arque�logos explicam que a composi��o qu�mica das conchas do sambaqui Monte Castelo ajudou a preservar ossos e sementes. Isso permitiu que eles descobrissem o que os povos origin�rios comiam e bebiam.
Eduardo G�es Neves durante escava��o arqueol�gica
(foto: Sesc TV/divulga��o)
FAROL
“Com esse conjunto de epis�dios, a gente consegue mostrar como as pr�ticas e as tecnologias dos povos ind�genas nos ajudam a compreender o passado, mas tamb�m podem ser um farol para o nosso presente. As informa��es nos ajudam a tirar a venda dos olhos e entender que para preservar uma floresta como a Amaz�nia a gente precisa ouvir os povos origin�rios”, defende Tatiana.
De acordo com a diretora, a s�rie tem o objetivo de mostrar a floresta como lugar que sempre foi habitado, diferentemente do lugar in�spito apontado pelo senso comum.
“A gente v� a Amaz�nia sempre de cima, aquele verde que se espalha. Parece que n�o tem ningu�m l� embaixo. Os estudos arqueol�gicos mostram o contr�rio: l� sempre foi um lugar bastante habitado por pessoas preocupadas em preserv�-la.”
Trilhas levam aos s�tios registrados na s�rie
(foto: Sesc TV/divulga��o)
Para a diretora, estar na Amaz�nia e em contato com os tuparis foi decisivo para a maneira como decidiu dirigir a s�rie. Durante o tempo que passou em Rond�nia, Tatiana absorveu ensinamentos que a influenciaram na hora de pensar em como seria o resultado final da produ��o.
“Quando voc� vai para uma comunidade ind�gena, isso muda a sua vida. Eles t�m um jeito de viver muito concreto, fora a subjetividade dos ritos, dos sonhos e dos mitos. Al�m desse mundo mitol�gico invis�vel, tem o contato direto com a natureza. � preciso estar na natureza para compreend�-la de fato”, garante.
NOVA RODADA
Com a estreia da primeira temporada, a diretora j� trabalha em nova leva de epis�dios, cuja data de lan�amento ainda n�o est� definida.
Marlene Tupari colaborou com a diretora Tatiana Toffoli (foto: Sesc TV/divulga��o)
“Em novembro e dezembro do ano passado, viajamos at� o s�tio arqueol�gico Teot�nio, localizado no Alto Rio Madeira, tamb�m em Rond�nia. O local tem ocupa��o muito antiga e a terra traz vest�gios cer�micos de seis civiliza��es diferentes”, conta.
Outras duas viagens j� est�o marcadas: uma para o Parque Ind�gena do Xingu, no Mato Grosso, e outra para a Bol�via.
“Acho muito importante que as pessoas tenham acesso a esse mundo da arqueologia. � uma maneira de trazer informa��es para o p�blico, falar de natureza e cultura. Depois de tantos anos tentando produzir esta s�rie, ela � lan�ada no momento certo. As pessoas querem muito saber sobre a Amaz�nia e sobre os povos ind�genas. Espalhar informa��o sobre isso pode ser o caminho para preservar as florestas e garantir a exist�ncia desses povos”, conclui a diretora.
“AMAZ�NIA, ARQUEOLOGIA DA FLORESTA”
S�rie em quatro epis�dios. Dire��o: Tatiana Toffoli. Estreia neste s�bado (30/4), �s 20h, no SescTV (sesctv.org.br). Reprises: domingo (1º/5), �s 14h30; segunda (2/5), �s 10h; ter�a (3/5), �s 16h; quinta (5/5), �s 14h30; e sexta (6/5), �s 19h30. Em 26 de maio, �s 16h, ser� realizada a live “Amaz�nia: Um olhar sobre o tempo, cultura e caminhos para a sustenta��o do bioma”, no canal do Sesc SP no YouTube