
Quando crian�a, a cantora e poeta Patti Smith, �cone do movimento punk, foi ensinada a jamais aceitar algo de estranhos. Mais tarde, isso significou recusar um broche de campanha que ela cobi�ava e todo mundo tinha.
No �ltimo s�bado (21/5), a lenda do rock de 75 anos cumpriu essa promessa: o embaixador da Fran�a nos Estados Unidos, Philippe Etienne, concedeu-lhe a Legi�o de Honra, a mais alta ordem de m�rito de seu pa�s.
Smith dividiu a anedota com uma plateia extasiada ap�s a cerim�nia de condecora��o no centro do Brooklyn, em Nova York, onde multid�es se reuniram para a “Noite de Ideias”, maratona anual de filosofia e performances organizada pela Villa Albertine, da Embaixada da Fran�a, em parceria com a Biblioteca P�blica do Brooklyn.
“� uma honra indescrit�vel, eu entendo a import�ncia disso”, disse Patti, depois de se apresentar ao lado da filha, Jesse, ao piano, e do colaborador de longa data, o guitarrista Lenny Kaye.
“Para algu�m que foi muito moldada pela cultura francesa, literatura francesa, arte francesa e cinema por toda a minha vida, � especialmente significativo”, comentou.
''Embora os artistas sempre possam inspirar as pessoas, podem reunir as pessoas, dar esperan�a �s pessoas (...). No final, n�o s�o os artistas que fazem a mudan�a, s�o as pessoas''
Patti Smith, cantora, compositora e escritora
“S� GAROTOS”
Por mais de meio s�culo, Smith vem sendo celebrada como artista, adorada por sua m�sica, composi��es, poesia e a escrita profundamente introspectiva. Em 2010, ganhou o Pr�mio Nacional do Livro dos EUA com o emocionante livro de mem�rias “S� garotos”.
No livro, Smith revive seu relacionamento com Robert Mapplethorpe, o falecido fot�grafo com quem compartilhou profunda amizade, romance e v�nculo criativo.
“� muito apropriado receber uma honraria como essa aqui no Brooklyn, a apenas algumas paradas de metr� de dist�ncia de onde Robert Mapplethorpe e eu mor�vamos aos 20 anos”, disse ela � plateia. “� noite, quando Robert n�o conseguia dormir, ele me pedia para ler poesia francesa para ele (...) Me lembro daquelas noites t�o claramente”, contou.
Fiel a seu estilo, Smith homenageou os artistas que vieram antes dela no encerramento de seu discurso, iniciado com apresenta��o de sua can��o “Wing”, de 1996.
Ap�s a cerim�nia, ela encantou os f�s com um show que incluiu o hit “People have the power”, que comp�s com o falecido marido, Fred “Sonic” Smith.
“Embora os artistas sempre possam inspirar as pessoas, podem reunir as pessoas, dar esperan�a �s pessoas (…). No final, n�o s�o os artistas que fazem a mudan�a, s�o as pessoas”, comentou. “Por meio do voto, da iniciativa, das marchas em massa, s�o as pessoas que fazem a mudan�a.”
GUERRA
Citando a pandemia e a “dor da guerra”, Patti Smith apontou dilemas do “mundo muito conturbado”, destacando as mudan�as clim�ticas como a grande crise do nosso tempo.
“H� ondas de calor sem precedentes (...) H� uma fome tremenda e padr�es clim�ticos violentos que nunca vimos”, disse ela. “A �nica maneira de resolver isso � um esfor�o global, e acho que mais do que qualquer coisa, essa � a coisa mais importante que as pessoas precisam resolver.”
Este ano, Patti vai lan�ar o livro “A book of days”, cole��o visual inspirada em sua conta no Instagram.