A camaleoa Ren�e Zellweger se transforma de novo em "The thing about Pam"

A fascina��o por true crimes � geral, mas entre os norte-americanos � quase uma obsess�o. Muito populares na TV, hist�rias macabras de crimes ocorridos com pessoas comuns ganharam outro status com os podcasts. Pois foi um desses que pegou de jeito a atriz Ren�e Zellweger.

Lan�ado em 2019 pela rede NBC como um desdobramento do popular programa “Dateline”, que est� completando 30 anos na TV, o podcast “The thing about Pam” acompanha o assassinato de Betsy Faria. 

Em 27 de dezembro de 2011, seu marido, Russ Faria, chegou � sua casa em uma pequena cidade do Missouri e encontrou a mulher assassinada com mais de 50 facadas. O crime brutal desencadeou uma cadeia de eventos que n�o s� culminou em outra morte, mas exp�s um esquema diab�lico.

Ren�e, dois Oscars na estante, ficou obcecada pela hist�ria, que anteriormente havia ganho cinco epis�dios do pr�prio “Dateline” (tamanha cobertura s� perdeu para os casos O. J. Simpson e JonBen�t Ramsay, a mini-miss abusada e morta aos 6 anos). 

A atriz encampou o projeto de tal forma que n�o apenas protagoniza a miniss�rie “The thing about Pam”, como tamb�m assina a produ��o-executiva. Esta � a primeira s�rie que ela encabe�a na TV – nos EUA, foi criada pela pr�pria NBC.

 

 

Lan�ada por aqui nesta semana pelo Star+, a produ��o chama logo a aten��o pelo formato. O tom � de s�tira, com Keith Morrison, correspondente do pr�prio “Dateline” e o primeiro a cobrir a hist�ria para a TV, atuando como narrador. O clima ir�nico permeia toda a narrativa, que traz personagens sempre um grau acima – do peso, da estupidez, da mesquinharia.

Ren�e adora transforma��es e hist�rias reais, vide os v�rios quilos extras que adquiriu para fazer Bridget Jones, a personagem que a lan�ou, e os v�rios que perdeu para encarnar uma decadente Judy Garland na cinebiografia “Judy”, que lhe deu seu segundo Oscar. 

Aqui ela radicalizou. Para interpretar Pam Hupp, a melhor amiga de Betsy, utilizou pr�teses faciais, al�m de uma roupa que a engordou muit�ssimo – e lhe valeu alguma controv�rsia on-line, com cr�ticos chamando a aten��o para a caracteriza��o gordof�bica.

Pol�micas � parte, a hist�ria de Betsy �, na verdade, a hist�ria de Pam. O depoimento dela foi fundamental para que Russ Faria fosse condenado em 2013 pelo crime. Mas o que a s�rie mostra logo no primeiro epis�dio � que foi Pam quem armou tudo. A motiva��o era t�o somente dinheiro. 

Quatro dias antes de seu assassinato, Betsy, que sofria de c�ncer terminal, mudou o benefici�rio de seu seguro de vida – tirou o nome de Russ e colocou o de Pam. A inten��o era que Pam, que ficou respons�vel por US$ 150 mil, administrasse um fundo para as duas filhas dela.

O marido acabou condenado em 2013 ap�s um julgamento surreal. As circunst�ncias, na s�rie, s�o apresentadas como uma sequ�ncia de absurdos. Cidade pequena, a promotora, rec�m-eleita, era amiga da ju�za desde o col�gio – elas frequentavam o mesmo bar que um dos jurados. A ju�za, por seu lado, minou quase todos os argumentos do advogado de defesa, Joel Schwartz (Josh Duhamel, tamb�m fortemente caracterizado). 

O caso teve v�rios desdobramentos, at� que Russ fosse considerado inocente e Pam viesse � tona como a autora do crime. “The thing about Pam” acompanha essa hist�ria, mas, no fundo, parece criada para mostrar o poder dram�tico e a capacidade de transforma��o de Ren�e. E ela mostra estar se divertindo o tempo todo com o circo de horrores.

Miniss�rie em seis epis�dios, dispon�vel no Star