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Estado de Minas M�SICA

Oneide, matriarca da fam�lia Bastos, traz o canto doce que vem do Amap�

Cantora lan�a disco com repert�rio que remete ao Norte do Brasil e suas delicadezas. �lbum foi produzido por Dante Ozzetti para o Ita� Cultural


01/06/2022 04:00 - atualizado 01/06/2022 07:43

Com vestido branco de renda e colar de contas, cantora Oneide Bastos olha para o lado, tendo ao fundo rio do Amapá
M�e da cantora Patr�cia e do percussionista Paulo Bastos, Oneide foi inscrita, sem saber, no projeto Ita� Cultural por Dante Ozzetti (foto: Luan Cardoso/divulga��o)

Os Bastos s�o influentes na corrente que tem trazido do Norte, mais precisamente do Amap�, sons de origem negra e ind�gena, por�m cabocla (ou caboca, como eles dizem), at� h� pouco retra�da e circunscrita a seus quilombos. Patr�cia Bastos veio primeiro com a for�a, sobretudo, de seu terceiro �lbum, “Zulusa”, de 2013, e do quarto, “Batom bacaba”, de 2016. �lbuns premiados por revelarem um veio geogr�fico original ao mesmo tempo em que mostravam afetuosa capacidade de soarem universais.

Paulo Bastos, irm�o de Patr�cia, � percussionista, pesquisador e compositor, autoridade nos cortes do marabaixo, o “samba do Norte”, s� recentemente descortinado pelos Bastos nas partes baixas do pa�s. � capaz de criar can��es lindas em seus trabalhos, como se tivesse uma floresta dentro de si. Seu disco “Batuqueiro” � uma joia do Amazonas.

BAILES INFANTIS

Agora � a vez da matriarca Oneide Bastos. Ela canta desde menina em bailes infantis de Macap�, depois de nascer do tamanho da palma da m�o, � beira-rio, l� pelos anos 1940 na paraense Ilha dos Porcos. At� chegar � plenitude do �lbum que leva seu nome, com produ��o de Dante Ozzetti e realiza��o do projeto Rumos Ita� Cultural, Oneide desbravou um tempo de raros cantos femininos vindos do Norte – passou pelos grupos Trio da Terra, Sonora Brasil e Vozes do Amap�.

Cheia daquela m�sica que soprava tanto de dentro do Brasil, do vizinho Par�, como de fora (afinal, a Guiana Francesa e o Suriname com seus cacic�s, zouks e ritmos indo-caribenhos est�o logo ali ao lado), ela lan�ou outros dois trabalhos de alcance regional at� chegar a este terceiro.

Se foi de Oneide que saiu o fio de ouro da voz de Patr�cia Bastos, ela tamb�m o tem e em estado puro. � a m�e de Patr�cia, de Paulo e de um lugar inteiro que se imp�e no canto pequeno, delicado e transformado por Dante em uma esp�cie de realeza amaz�nica.

Oneide � mais rio do que mar, mais banho que arrebenta��o. Seu Norte � fiel �s �guas doces e a tudo o que sai delas em imagens que se pode ver quando ela canta. N�o � acaso que “Pedra de rio”, de Luhli e Lucina, abra o disco.
 
Ney Matogrosso olha para a câmera
Ney Matogrosso elogia a voz de Oneide: ''Muito jovem, n�o parece ser de uma pessoa com mais idade'' (foto: Marcelo Faustini/divulga��o)
 

APROVA��O DE NEY

Ney Matogrosso a gravou primeiro, em 1975, e ouviu a regrava��o de Oneide, a pedido da reportagem. “Gostei muito, ela se baseou na minha primeira grava��o, que era muito lenta. Que interessante ela cantando essa m�sica. A voz � muito jovem, n�o parece ser de uma pessoa com mais idade”, comentou.

Uma seda criada por Dante � feita com a dilui��o do ritmo pelas cordas do viol�o, quase que o deixando apenas como sugest�o, mas sem eliminar seu poder de sedu��o. Dante consegue criar para Oneide algo muito pr�ximo daquilo que fez para Patr�cia Bastos em seus �ltimos discos. A voz de Oneide � tratada sem interfer�ncias, ficando bem � frente.

O time escolhido por Dante tem papel importante nisso. A base � formada pelo baterista S�rgio Reze (e seu jeito de criar climas usando baquetas com e sem feltro), o �timo baixista Fi Mar�stica e o guitarrista Guilherme Held (com a guitarra que sempre pensa diferente de uma guitarra).
 
Veja apresenta��o de Oneide no Projeto Brasis:
 
 

REPERT�RIO

Assim, depois de uma grandiosa “Pedra de rio”, segue o desfile de can��es deliciosas: “Cong�”, de Paulo Bastos; “Alto mar”, de Dante e Tatit; “Batuqueiros”, tamb�m de Paulo Bastos; “Pu�angueira”, do mestre Jo�ozinho Gomes com Eudes Fraga; “Taem�”, do talentos�ssimo Enrico Di Miceli com Antonio Messias; “Jurupari”, lenda amaz�nica musicada pela pr�pria Oneide Bastos; “Voou”, de Paulo com Osmar Junior Gon�alves de Castro; “Sereia do rio-mar”, de Jo�ozinho, Eudes e Paulo Antonio Siso de Oliveira; e a bela “Suprema”, de Jo�ozinho Gomes e Luiz Carlos Barbosa.

A hist�ria � irresist�vel: Dante Ozzetti inscreveu esse projeto de �lbum no Rumos, projeto do Ita� Cultural, sem Oneide saber de nada. Ent�o, deu um presente duplo a esta mulher, � m�sica do Amap� e a quem quer que possa ouvi-las com os ouvidos bem abertos. 

Ilustração mostra figura feminina com mãos sobre o colo na capa do disco de Oneide
(foto: Ita� Cultural/reprodu��o)
“ONEIDE”

.Disco de Oneide
.10 faixas
.Ita� Cultural
.Dispon�vel nas plataformas digitais









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