(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ESPECIAL INHOTIM

Com inaugura��es recentes, museu amplia op��es do que ver para visitante

Obras de artistas nacionais e estrangeiros e uma parceria com o Museu de Arte Negra renovam e ampliam o acervo do Instituto de Arte Contempor�nea


12/06/2022 07:31 - atualizado 12/06/2022 07:33

fotografia de quatro birutas multicoloridas infladas pelo vento em dia de céu azul que compõem a instalação Birutas, de Arjan Martins
"Birutas", instala��o do carioca Arjan Martins que trata de migra��es e deslocamentos, foi incorporada ao Acervo em Movimento em 28 de maio �ltimo (foto: Galeria A GEntil Carioca/Divulga��o)


O  dinamismo que o Inhotim traz de ber�o segue como uma marca registrada de um dos maiores museus a c�u aberto do mundo. A inaugura��o, h� pouco mais de uma semana, de novas obras e exposi��es tempor�rias d� continuidade a um movimento de amplia��o e renova��o de acervo que vem desde as origens do Instituto e, mais notadamente, ao longo dos �ltimos 12 meses, a partir de meados de 2021.

Desde o �ltimo dia 28, o p�blico pode conferir uma nova programa��o com obras do brit�nico Isaac Julien, do carioca Arjan Martins, da mineira Laura Bel�m e do paulistano Jaime Lauriano, al�m do segundo ato do projeto Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra, desenvolvido em curadoria conjunta com o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-brasileiros (Ipeafro).

Previsto para ser realizado ao longo de dois anos, o projeto que leva o acervo do Museu de Arte Negra para visitar o Inhotim foi inaugurado, em dezembro do ano passado, com um primeiro ato intitulado “Abdias do Nascimento, Tunga e o Museu de Arte Negra”. 

A inovadora proposta de trazer uma institui��o museol�gica para dentro de outra estreou com foco principal na arte do poeta, escritor, dramaturgo, curador, artista pl�stico, professor universit�rio, pan-africanista e parlamentar com uma longa trajet�ria de ativismo e luta contra o racismo. 

O acervo foi montado na Galeria da Mata, uma das primeiras do Inhotim, reunindo um total de 90 obras de arte moderna, com 60 trabalhos assinados pelo pr�prio Abdias Nascimento, em di�logo com as cria��es de Tunga (1952-2016). O artista e ativista foi um dos idealizadores do Teatro Experimental do Negro (1944-1961) e logo depois prop�s a cria��o do Museu de Arte Negra.

Papel do teatro


Fotografia captura cena de dois atores negros, vestidos com camisa branca. Enquanto um salta, outro olha para cima, com expressão de surpresa
"Dramas para negros e pr�logo para brancos", o segundo ato do projeto Abdias Nascimento, tem foco na trajet�ria do Teatro Experimental do Negro e est� em exposi��o na Galeria Mata (foto: Brendon Campos/Divulga��o)
� justamente esse momento de passagem que o segundo ato do projeto flagra. Intitulado “Dramas para negros e pr�logo para brancos”, este rec�m-inaugurado segundo momento do projeto abarca um per�odo marcado pelo teatro na forma��o art�stica e pol�tica de Abdias, e na concep��o inicial da cole��o do Museu de Arte Negra, de 1941 at� 1968 – ano em que ele iniciou o ex�lio nos Estados Unidos e na Nig�ria.

Ainda tendo como casa a Galeria Mata, a mostra aborda, com �nfase, o Teatro Experimental do Negro (TEN), uma iniciativa da qual nasceu o Museu de Arte Negra. Criado por Abdias Nascimento em 1944, no Rio de Janeiro, o TEN tinha como prop�sito central conquistar espa�o para pessoas negras nas artes c�nicas.

A exposi��o traz ao p�blico, em oito n�cleos temporais, documentos sobre a trajet�ria do Teatro Experimental do Negro, pinturas de Abdias e trabalhos de artistas como Anna Bella Geiger, Heitor dos Prazeres, Iara Rosa, Jos� Heitor da Silva, Sebasti�o Janu�rio, Oct�vio Ara�jo e Y�damaria, que integram a cole��o do Museu de Arte Negra do Ipeafro.

Di�logo pr�ximo

O conjunto art�stico inaugurado no final de maio inclui um dos trabalhos mais emblem�ticos de Isaac Julien, importante nome nos campos da instala��o e do cinema, em exibi��o na Galeria Pra�a. Em di�logo pr�ximo com a a��o em torno de Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra, a obra, intitulada “Looking for Langston”, � tamb�m considerada um trabalho fundamental para os estudos afro-americanos.

Unindo poesia e imagem, Julien partiu de uma explora��o l�rica sobre o mundo privado do poeta, ativista social, romancista, dramaturgo e colunista afro-americano Langston Hughes (1902-1967) e seus colegas artistas e escritores negros que formaram o Renascimento do Harlem – movimento cultural baseado nas express�es culturais afro-americanas que ocorreu ao longo da d�cada de 1920.

“Em 1954, Langston Hughes trocou correspond�ncias com Abdias Nascimento, autorizando o Teatro Experimental do Negro a encenar suas pe�as. Nesse sentido, tanto Hughes quanto Abdias e Isaac Julien, cada um � sua �poca, buscavam representatividade e reconhecimento da produ��o art�stica e intelectual negra”, diz Julieta Gonz�lez, diretora art�stica do Inhotim.

Tamb�m no bojo das novidades, o Acervo em Movimento, programa criado para compartilhar com o p�blico as obras rec�m-integradas � cole��o, foi inaugurado com trabalhos de Arjan Martins e Laura Bel�m, ambos instalados em �reas externas do Instituto.

Na instala��o de “Birutas” (2021), o artista carioca exp�e aparelhos destinados a indicar a dire��o dos ventos, que se fundem �s bandeiras mar�timas e seus c�digos internacionais para transmitir mensagens entre embarca��es e portos. Martins trabalha habitualmente com conceitos sobre migra��es e outros deslocamentos de corpos e presen�as entre espa�os de luta e poder, e ainda com as di�sporas e os movimentos coloniais que se deram em territ�rios afro-atl�nticos.

J� no lago entre as Galerias Mata e True Rouge, o visitante vai se deparar com o trabalho da artista mineira, intitulado “Enamorados”. Exposta pela primeira vez em 2004, na Lagoa da Pampulha, e no ano seguinte na 51ª Bienal de Veneza, a obra de Laura Bel�m apresenta dois barcos a remo equipados com holofotes que se iluminam, frente a frente, na �gua.

As luzes de um dos barcos se acendem, enquanto as do outro permanecem apagadas. Ap�s 20 segundos, eles invertem: o que estava aceso agora se apaga, e o que estava apagado se acende. As luzes de ambos os barcos s�o ent�o acesas simultaneamente e, ao final, todas se apagam at� o ciclo se reiniciar automaticamente.

Inhotim Biblioteca

Jaime Lauriano � o outro nome que integra a lista dos artistas participantes da programa��o aberta no final de maio. Ele inaugura o projeto Inhotim Biblioteca, que vai convidar, anualmente, artistas e pesquisadores que estabele�am di�logos com a biblioteca do Instituto. A instala��o do artista tamb�m mant�m rela��o direta com o segundo ato do projeto Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra, ao propor a curadoria de uma nova bibliografia que contempla autores negros para integrar o acervo da biblioteca do Instituto.

O Inhotim Biblioteca trar� ao p�blico um espa�o coletivo e aberto voltado � leitura a partir de um recorte bibliogr�fico, visual e sonoro proposto por Jaime Lauriano, a fim de construir uma cole��o voltada ao pensamento pan-africanista. Para al�m de trazer exposi��es e disponibilizar material para pesquisa, o programa ir� promover leituras mediadas e encontros entre artistas e pesquisadores com o p�blico.

Todas essas inaugura��es s�o parte do Territ�rio Espec�fico, eixo de pesquisa que norteia a programa��o do Instituto no bi�nio de 2021 e 2022, pensado para debater e refletir a fun��o da arte nos territ�rios a n�veis local e global, e tamb�m a rela��o das institui��es com seu entorno, mirando os desdobramentos de um museu e jardim bot�nico como o Inhotim.

“Deslocamentos”, a prop�sito, � o t�tulo com que foi batizada outra mostra inaugurada em dezembro do ano passado, juntamente com o primeiro ato do projeto em torno de Abdias do Nascimento. A coletiva, que segue em cartaz na Galeria Fonte, re�ne obras dos artistas Cerith Wyn Evans, Gordon Matta-Clark, Jorge Macchi, Laura Lima, Matheus Rocha Pitta, On Kawara, Raquel Garbelotti, Rivane Neuenschwander, Rodrigo Matheus, Rubens Mano e Sara Ramo, e trata, tamb�m, de quest�es relativas � ocupa��o, ao compartilhamento e � migra��o em diferentes territ�rios.
Antes, em agosto, foram inauguradas duas obras in�ditas, criadas por meio do programa de comissionamento da institui��o: “O espa�o f�sico pode ser um lugar abstrato”, do baiano radicado em Porto Alegre Rommulo Vieira Concei��o, e “Propaganda”, da ga�cha radicada em S�o Paulo Lucia Koch. Ambas s�o instala��es que dialogam com o eixo curatorial escolhido para o bi�nio.

Reformula��o

Seja atrav�s de trabalhos consignados, pelo eixo Acervo em Movimento ou a partir de outras fontes parceiras, muitas obras in�ditas ainda vir�o a p�blico nos pr�ximos meses. No �ltimo dia 7, foi anunciada uma reformula��o administrativa, consolidada com a doa��o do acervo de Bernardo Paz - empres�rio do ramo de minera��o e siderurgia por tr�s da cria��o do Instituto.

Agora o Inhotim det�m a propriedade definitiva de todas as 23 galerias e obras de arte permanentes do museu, al�m da �rea de 140 mil hectares que o abriga, em Brumadinho, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte.

No total, cerca de 330 obras de arte contempor�nea nacional e internacional foram transferidas para o instituto: esculturas, instala��es, fotografias, v�deos, pinturas e desenhos de artistas como Anri Sala, Arthur Jafa, Chris Burden, Dan Graham, Ernesto Neto, Nelson Leirner, Rosana Paulino, Olafur Eliasson e Yayoi Kusama, entre outros.

Tamb�m fazem parte do processo de doa��o as galerias permanentes do museu, que abrigam cria��es de Adriana Varej�o, Carlos Garaicoa, Cildo Meireles, Doug Aitken, Lygia Pape, Matthew Barney, Miguel Rio Branco, Valeska Soares, Rivane Neuenschwander e Tunga, entre outros artistas.

Processo natural

“Inhotim nasceu de um projeto de vida e foi se ampliando ao longo dos anos. A doa��o � um processo natural desse percurso. O Inhotim n�o � meu, Inhotim � de todo mundo”, explicou Bernardo Paz, em comunicado enviado � imprensa. A doa��o das obras de arte encabe�a o projeto O Inhotim de Todos para Todos, cujo objetivo � fortalecer a voca��o p�blica da institui��o, seu car�ter de museu vivo e seu colecionismo ativo, de acordo com a dire��o.

O projeto � liderado pelo novo comando do instituto, formado pelo diretor-presidente Lucas Pess�a, a diretora vice-presidente Paula Azevedo e a diretora art�stica Julieta Gonz�lez. “A doa��o e a abertura do Inhotim � sociedade s�o um processo que come�ou h� muito mais tempo, quando Bernardo decidiu generosamente abrir sua cole��o privada � visita��o p�blica, em 2006. De l� para c�, foram quase 4 milh�es de visitantes em 15 anos, al�m de mais de 800 mil crian�as, adolescentes e adultos atendidos em programas socioeducativos”, afirmou Pess�a por meio de nota.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)