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Estado de Minas CINEMA

No M�s do Orgulho LGBTQIA+, filmes abordam as v�rias faces da diversidade

Liberdade sexual � tema dos longas 'Great freedom', 'Lola e o mar', 'M� sorte no sexo ou porn� acidental' e '�guas selvagens'


17/06/2022 07:40 - atualizado 17/06/2022 07:44

Dois presidiários se abraçam em cena do filme Great freedom
"Great freedom" questiona o "par�grafo gay" da lei alem� que trancafiou homossexuais na cadeia (foto: Mubi/Reprodu��o)

Em junho, M�s do Orgulho LGBTQIA+, o cinema discute temas ligados � liberdade sexual, o machismo, a opress�o vivida pelas mulheres e desafios enfrentados por l�sbicas, gays, bissexuais, transg�neros, queers, intersexos e assexuais – m�ltiplos g�neros representados nas letras da famosa sigla.
 
 Os filmes “M� sorte no sexo ou porn� acidental”, “Lola e o mar”, “Great freedom” e “�guas selvagens” retratam dramas de mulheres �s voltas com o machismo, transg�neros e homossexuais, buscando a empatia do p�blico para com eles.

SEXO EXPL�CITO

Overdose de opini�es sobre a sexualidade de terceiros � introjetada no longa “M� sorte no sexo ou porn� acidental”, que ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim em 2021. O filme lan�a m�o de cenas de sexo expl�cito – tratamento de choque para aproximar o espectador do tema que coloca em xeque as pr�ticas sexuais de Emi (Katia Pascariu).
 
A personagem empreende uma via-cr�cis para se libertar do julgamento num tribunal comunit�rio que decide se poder� seguir a carreira de professora dos jovens alunos de escola romena.
 
A suposta m�cula na reputa��o do col�gio vem balizada por machismo, ironia e pela exposi��o da explora��o midi�tica da nudez feminina, al�m de reflex�es sobre pandemia e execra��o p�blica, elemento potente no filme do cineasta Radu Jude.
 
A jovem trans Mya Bollaers protagoniza “Lola e o mar”, em cartaz na plataforma de streaming Filmicca, destacando o momento-chave da express�o da sexualidade da personagem Lola.
 
“Gosto muito da cena em que ela dan�a com as prostitutas, porque � um momento em que quase esquecemos o patriarcado”, diz.
 
Com fones de ouvido no pescoço, atriz Mya Bollaers tem semblante tenso no filme Lola e o mar
A atriz trans Mya Bollaers vive Lola, que enfrenta o pai para buscar o seu lugar no mundo (foto: Filmicca/Reprodu��o)
 
 
Lola � mulher trans que tem o apoio da m�e, mas enfrenta o preconceito do pai. A atriz diz esperar “bondade e toler�ncia” do p�blico. Mas ao comentar o acolhimento � condi��o trans, admite que n�o se percebe respaldada. “Infelizmente, acredito que n�o haja pa�s que tenha mente aberta o suficiente para se ter uma exist�ncia 100% segura”, afirma Mya.
 
Enfatizar uma dose de luz na dura trajet�ria de Lola norteou o diretor Laurent Micheli, indicado ao pr�mio franc�s C�sar ao lado de Quentin Tarantino, Pedro Almod�var e Bong Joon Ho.
 
“Coloquei Lola num ambiente colorido, pop e em movimento, como uma forma de criar contrastes. A assertividade da personagem � algo para se comemorar. Precisava mostrar que ela n�o tem medo de confrontar o pai (papel de Benoit Magimel), mesmo que isso crie momentos muito violentos”, afirma Laurent.
 
O realizador belga espera boa recep��o dos espectadores no Brasil. “A comunidade LGBTQIA brasileira parece extremamente forte e cheia de riqueza, pois muitas vezes a contracultura � muito singular em pa�ses politicamente complicados. Admiro muito o povo de voc�s e sua resist�ncia a um sistema pol�tico opressor, que me assusta fortemente”, salienta.

ALEMANHA

A repress�o � sexualidade � esmagadora no longa-metragem “Great freedom”, vitorioso na mostra “Um certo olhar” do Festival de Cannes, que est� em cartaz na plataforma Mubi.
 
Na Alemanha p�s-guerra, o personagem Hans � preso repetidamente por ser homossexual. O par�grafo 175 do c�digo penal vem do s�culo 19, propondo-se a frear a “indec�ncia antinatural”, como se tachava a homossexualidade.
 
“Percebi que cresci numa �poca em que o preconceito existia. Cresci em meio a experi�ncias homof�bicas”, conta o ator Franz Rogowski. A trama de “Great freedom”, o la�o entre dois presidi�rios, se assemelha � do filme “O beijo da mulher aranha” (1986), de Hector Babenco, protagonizado por William Hurt e Raul Julia.
 
O chamado “par�grafo gay”, retirado do c�digo penal alem�o apenas em 1994, perseguiu e condenou 140 mil homens.
 
O ator Franz Rogowski diz que a situa��o atual no Brasil � preocupante. “O governo atual de voc�s n�o tem sido inclusivo e n�o estimula a express�o de subculturas e minorias. Devemos superar essas adversidades para podermos ser humanos e aprender uns com os outros”, defende.
 
Atores Roberto Birindelli e Mayana Neiva contracenam no filme Águas selvagens
Roberto Birindelli e Mayana Neiva contracenam em "�guas selvagens", filme sobre a explora��o da mulher (foto: Imagem Filmes/Divulga��o)
 

OBJETO

Em “�guas selvagens”, filme argentino coproduzido pelo Brasil, pesa a den�ncia de explora��o sexual feminina e da mulher como objeto.
 
“Isso acontece, infelizmente e para nosso terror. Interpretar uma mulher que sofre viol�ncia, abuso, � dar voz a ela. O cinema cumpre esta fun��o”, afirma a atriz Leona Cavali.
 
“O filme, cuidadoso, apresenta a situa��o terr�vel e violenta da fragilidade de uma mulher. Ela tem de se prostituir, e isso � t�o comum”, destaca a atriz.


ENTREVISTA

“� preciso promover mudan�as”

Franz Rogowski/ator


Ator Franz Rogowski olha para o lado em cena do filme Great freedom
"O governo atual de voc�s n�o tem sido inclusivo e n�o estimula a express�o de subculturas e minorias", diz o ator Franz Rogowski sobre o Brasil (foto: Mubi/Reprodu��o)
Conhecido pelo trabalho com os aclamados diretores Michael Haneke, Terrence Malick e Christian Petzold, o ator alem�o Franz Rogowski valoriza a “resist�ncia da cinefilia” nestes tempos de pandemia. Foi por meio do streaming que o longa “Great freedom” chegou ao mercado brasileiro, via plataforma Mubi. Dirigido por Sebastian Meise, o longa trata da repress�o � homossexualidade na Alemanha, amparada pelo c�digo penal.

Voc� tinha ideia do qu�o nefasto foi o chamado par�grafo 175 que vigorou na Alemanha?

Fiquei muito surpreso por n�o ter ci�ncia do conte�do da legisla��o daquela �poca. A composi��o do personagem me fez perceber que cresci sob a vig�ncia de experi�ncias homof�bicas. Tive meus ensinamentos. Aprendi li��es sobre o que seriam roupas femininas, cores e tipos de brincos relacionados �s mulheres. Jeitos errados de caminhar, de expressar emo��es. Aprendi minha li��o de que seria melhor ser heterossexual.

Como voc� avalia esse aprendizado?

Cresci numa realidade muito segura, em termos de condi��es financeiras familiares e boas condi��es de estudo. Havia, ainda assim, a l�gica de que sexo e identidade eram constru�dos em condi��es r�gidas e limitadas ajustados ao per�odo em que cresci na Alemanha. Entendi que o que experimentei, de certo modo, foi violento e, em certa medida, um tipo de lavagem cerebral. Eu mesmo percebia aquela realidade como alheia a meus entendimentos. Aquilo n�o se alinhava � nossa democr�tica Alemanha. Foi libert�rio e educativo ter essa no��o.

Que retorno voc� tem ao representar o amor homossexual? 

Como int�rprete de cinema, represento as perdas do amor e, como pessoa, me vejo envolvido, no dia a dia, na busca incessante por amor. � bom trazer para filmes os componentes da vida. Muito progresso foi feito no terreno do amor entre iguais. Mas � fundamental relembrar: no passado n�o t�o distante, as coisas foram muito diferentes. Este passado se propaga na nossa mem�ria coletiva. Era a realidade dos meus pais, que cresceram no meio homof�bico, e est� enraizado nas ideias deles. � preciso trazer isso � tona e promover mudan�as.

Voc� estabelece limites para sua pr�pria exposi��o durante as cenas de um filme?

Nas minhas regras atuais, n�o exponho os genitais para ningu�m que n�o seja da minha fam�lia e para amigos �ntimos. Isso � algo privado, mantenho nessa inst�ncia. H�, por�m, filmes que ganham com cenas de nudez. H� diretores que querem ser cool e realistas, puxando tudo para extremos. N�o quero instrumentalizar meu p�nis para servir a esses prop�sitos extremos.


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