
"Acabamos de ver o assassinato brutal de Bruno Pereira e Dom Phillips. Inclu�mos os dois no espet�culo"
Luiz Arthur, diretor e professor da PUC Minas
Alunos da Escola de Teatro PUC Minas encenam o mon�logo “S�sifo”, escrito por Greg�rio Duvivier e Vinicius Calderoni, adaptado pelo diretor Luiz Arthur. A estreia ser� nesta quinta-feira (30/6), com apresenta��es at� 9 de julho.
Duvivier e Calderoni se inspiraram na mitologia grega para abordar a insana repeti��o da vida na sociedade contempor�nea.
A pe�a original aborda de rela��es �ntimas a temas como a crise clim�tica. Tudo isso sob o vi�s pol�tico, marca registrada dos trabalhos de Greg�rio Duvivier e Vinicius Calderoni.
Amaz�nia vai para Museu das Nossas Vergonhas
“H� o Museu das Nossas Vergonhas, o assassinato assustador de pessoas transg�nero e de ambientalistas, por exemplo. Quando assisti ao espet�culo, foram citados Dorothy Stang e Chico Mendes, mas o museu � atualizado sempre”, afirma Luiz Arthur, referindo-se � freira ecologista e ao l�der dos seringueiros executados na Amaz�nia, respectivamente, em 2005 e 1988.
“N�s acabamos de ver os assassinatos brutais de Bruno Pereira e Dom Phillips. Inclu�mos os dois no espet�culo”, informa o diretor. O indigenista brasileiro e o jornalista ingl�s foram executados por madeireiros em 5 de junho, no Amazonas.
Antes da pandemia, Luiz Arthur assistiu � montagem original em BH. “J� admirava o Greg�rio e o Vinicius, que � autor, ator e diretor. Os dois s�o poetas do nosso tempo. Todos os questionamentos e inquietudes s�o colocados de forma amorosa e com muito humor”, elogia.
“Fiquei encantado, em especial pelo fato de o texto, que foi escrito para o Greg�rio, um homem, caber na boca de qualquer pessoa, independentemente de g�nero”, conta Luiz Arthur, coordenador da Escola de Teatro.
Adaptado para v�rias vozes pelo diretor, o mon�logo ser� interpretado por 21 alunos da PUC. As 60 cenas s�o chamadas de “saltos”. S�sifo, diariamente, tem de empurrar a mesma pedra montanha acima, enquanto Greg�rio Duvivier sobe e salta de uma rampa repetidamente.
A diferen�a entre a montagem original e a mineira � a utiliza��o da passarela no lugar da rampa.
“Logo que a pe�a come�a, a primeira coisa dita �: ‘N�o se chega em um lugar sem passar por outros’. � medida que fui ensaiando, percebi que n�o era preciso usar a rampa. O importante � o percurso que se repete”, explica Luiz Arthur.
A montagem traz pequeno fragmento de fala de Simone de Beauvoir sobre o trabalho dom�stico, que tamb�m remete � repeti��o da vida cotidiana: “A batalha contra a sujeira e a poeira nunca � vencida.”
O mon�logo polif�nico ganha for�a com a identifica��o dos estudantes com a tem�tica abordada. “� impressionante como todos se envolveram com o espet�culo, exatamente por verem sua identidade retratada no texto. Isso impregnou os alunos de forma muito especial”, aponta o diretor. “Adoraria que o Greg�rio e o Vinicius pudessem ver a pe�a. � linda a forma como cada um se enxergou dentro daquele texto, como se ele tivesse sido escrito para eles.”
"S�sifo" aposta no clima intimista
O espet�culo ser� encenado na pr�pria Escola de Teatro PUC Minas, com limite de 45 pessoas por sess�o, o que confere car�ter intimista �s apresenta��es.
O uso de m�scara � obrigat�rio. O elenco atua usando esse acess�rio, retirado apenas em algumas cenas.
“O ato de tirar e recolocar a m�scara � um signo c�nico importante em momentos que a plateia precisa escutar de forma especial”, finaliza Luiz Arthur.
“S�SIFO”
De Greg�rio Duvivier e Vinicius Calderoni. Adapta��o e dire��o: Luiz Arthur. Com alunos da Escola de Teatro PUC Minas. Estreia nesta quinta-feira (30/6), �s 20h30. Sess�es at� 9 de julho, de quinta a s�bado. Escola de Teatro PUC Minas, C�mpus Cora��o Eucar�stico. O espa�o fica no pr�dio 20 (acesso 9, via Avenida 31 de Mar�o). Entrada franca. Informa��es: (31) 3319-4014.
* Estagi�rio sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria
