Noventa anos do Cine Theatro Brasil celebrados com programa��o gratuita

Lan�ada nos EUA em dezembro de 1931, “Deliciosa”, com�dia rom�ntica de David Butler, tinha um atrativo e tanto para os brasileiros. No elenco estava o ator carioca Raul Roulien (1905-2000), que naquele mesmo ano havia chegado a Hollywood para tentar a sorte. No filme, o segundo de sua carreira, interpretou um russo, Sascha, integrante de um grupo de artistas europeus que tentava a sorte na Am�rica.

Em 14 de julho de 1932, uma quinta-feira, Roulien esteve em Belo Horizonte, mais especificamente na Pra�a Sete. Naquela noite foram exibidas duas sess�es de “Deliciosa” para um p�blico de 5 mil pessoas. A multid�o (a cidade, na �poca, tinha cerca de 120 mil habitantes) estava ali para a inaugura��o do Cine Theatro Brasil.

� tamb�m numa quinta-feira que o espa�o – que at� 1943 foi o pr�dio mais alto de BH, al�m de ter sido o primeiro em estilo art d�co – celebrar� seus 90 anos. Neste 14 de julho, o Cine Theatro Brasil Vallourec ter� uma comemora��o gratuita que vai se estender por mais de 12 horas.

A programa��o ter� in�cio �s 8h e ir� para al�m dos dom�nios da edifica��o que inaugurou a era do concreto armado na cidade. Al�m de sess�es de cinema no teatro de c�mara e espet�culo no Grande Teatro, haver� apresenta��es de m�sica no hall de entrada e show no quarteir�o da Rua dos Carij�s.

“Hoje, ele � um espa�o que atende a todos os p�blicos. Para al�m do teatro, conseguimos fazer com que se tornasse um centro cultural vigoroso”, comenta Sandra Campos, gerente do Cine Theatro Brasil Vallourec. Em 31 de outubro de 2020, foi ainda o primeiro teatro de BH a reabrir na pandemia. “Foi um per�odo de muita luta. Reabrimos, depois fechamos novamente e cancelamos a programa��o de quase um ano”, continua ela.

Boa parte dos eventos foi reagendada e at� hoje h� um rescaldo do per�odo da crise sanit�ria. Em 30 e 31 deste m�s, por exemplo, finalmente ser�o realizados os shows Metallica S&M Brasil, marcados dois anos atr�s. “O p�blico voltou. No fim de semana, tivemos tr�s sess�es no s�bado (9/7) e tr�s no domingo (10/7) do (comediante) Thiago Ventura esgotadas. As pessoas est�o sentindo mais seguran�a em ir ao teatro”, afirma Sandra.

Com a vida retornando � normalidade, a ideia, diz a gestora cultural, � ampliar em 2023 a atua��o do Cine Theatro Brasil. “Uma das inten��es � abrir as portas. Em vez de tudo acontecer no teatro (o principal conta com 1 mil lugares), a ideia � realizar projetos do lado de fora, como um quarteir�o das artes”, acrescenta.

No pr�ximo ano, inclusive o espa�o, como o conhecemos hoje, completar� sua primeira d�cada. Fechado em 1999, o cinema, ap�s seis anos de reforma, foi reinaugurado em outubro de 2013 como um centro cultural – na �poca, foram expostos os murais “Guerra e paz”, que C�ndido Portinari (1903-1962) fez para a sede da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), em Nova York.

A a��o desta semana come�a �s 8h com uma apresenta��o da Banda da Guarda Municipal na entrada principal, na Pra�a Sete. Ao longo do dia, e no mesmo local, haver� apresenta��es do Coral L�rico de Minas Gerais, do Coral Black to Black, de gospel, e do Baile da Dri, da cantora Adrianna.

Quando a noite cair, haver� forr� com o Trio Lampi�o, no quarteir�o fechado e, no Grande Teatro, o espet�culo “Francisco – Do rio ao riso”, protagonizado e dirigido por Carlos Nunes. No final deste m�s, encerrando a temporada, haver� concerto com a Orquestra Sinf�nica de Minas Gerais, com trilhas do compositor John Williams.

A voca��o de cinema s� foi retomada a partir de 2016, quando o Teatro de C�mara recebeu equipamentos de som e de exibi��o. O espa�o, que comporta 250 espectadores, teve diferentes fun��es no passado (nos anos 1950 abrigou o primeiro restaurante popular de Minas Gerais). As poltronas, recuperadas, s�o do Cine Brasil original.

O local abriga anualmente uma mostra de cinema. Nesta semana, vai exibir quatro t�tulos cl�ssicos, como “O garoto”, de Charles Chaplin, que completou seu centen�rio em 2021; e “Scarface”, de Howard Hawks, que � da mesma idade do Cine Brasil.

“Uma realiza��o architectonica moderna em Bello Horizonte”. Foi desta maneira que o Estado de Minas de 21 de maio de 1930 anunciou a coloca��o da pedra fundamental do Cine Brasil, o primeiro cinema da Empresa Cine-Theatral, fundada alguns meses antes. A obra consumiu os dois anos seguintes. Em 20 de maio de 1932, o EM noticiou que o “arranha-c�o” da cidade estava quase pronto.

A edifica��o foi projetada pelo arquiteto Alberto Murgel e pelo calculista Emilio Baumgart. O custo total da constru��o, de acordo com a mat�ria de 90 anos atr�s, foi de 4 mil contos de r�is. A mat�ria destacou ainda que o pr�dio teria dois elevadores da marca Otis. “Um detalhe que desperta curiosidade de quantos o v�m � o �ngulo formado pelo pr�dio fazendo a frente � Pra�a Sete, lisa, c�ncava, dando a impress�o de um casco de navio.”

8h – Banda da Guarda Municipal (Entrada da Pra�a Sete)

9h, 13h, 15h, 17h e 19h –Visitas guiadas com o educativo

10h – Filme “O garoto”, de Charles Chaplin (1921)  

11h –Caf� com mem�ria (Entrada da Pra�a Sete)

12h –Coral L�rico de Minas Gerais (Entrada da Pra�a Sete)

15h – Coral Black to Black (Entrada da Pra�a Sete)

Filme “Scarface”, Howard Hawks (1932) (Teatro de C�mara)

18h – Baile da Dri (Entrada da Pra�a Sete)  

Filme “M, o vampiro de Dusseldorf”, de Fritz Lang (1931) (Teatro de C�mara)

19h – Trio Lampi�o (Quarteir�o da Rua dos Carij�s)

20h30 – Filme “Festim diab�lico”, de Alfred Hitchcock (1948) (Teatro de C�mara)

21h – Espet�culo “Francisco – Do rio ao riso”, com Carlos Nunes (Grande Teatro)

Dia 29 de julho, 20h30

Encerramento da comemora��o com o concerto “M�sica de cinema”, com a Orquestra Sinf�nica de Minas Gerais (OSMG), sob a reg�ncia de S�rgio Gomes, no Grande Teatro. Repert�rio traz trilhas de John Williams para “Harry Potter”, “Star Wars”, “Superman”, “Parque dos dinossauros” e “A lista de Schindler”. Imagens dos filmes ser�o exibidas simultaneamente com a m�sica. Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia)