
Foi necess�rio “garimpar” para selecionar filmes que ser�o exibidos na mostra “Veredas antropof�gicas: Cinema e modernismo em Minas Gerais”, que come�a nesta sexta-feira (2/9) e prossegue at� 9 de setembro, no Cine Humberto Mauro do Pal�cio das Artes.
O curador Bruno Hil�rio diz que o evento destaca obras prestigiadas do cinema mineiro, embora pouco vistas no estado.
Exemplo disso � “A vida provis�ria” (1968), de Maur�cio Gomes Leite. O filme aborda o contexto pol�tico, econ�mico e social do Brasil na segunda metade do s�culo 20. Hil�rio nem se lembra mais da �ltima vez em que ele passou no cinema.
Centen�rio da Semana de 22
A mostra est� ligada �s comemora��es do centen�rio da Semana de Arte Moderna e ao projeto “O Modernismo em Minas Gerais”. Aborda a influ�ncia do movimento sobre a extensa cinematografia mineira, inaugurada por Humberto Mauro em 1927, com “Tesouro perdido”. Naquele mesmo ano, foi criada a Revista Verde, em Cataguases, marco modernista na literatura.
“L�, em 1922, o cinema n�o era tido como express�o art�stica. Ele n�o foi usado pelos modernistas em suas experimenta��es. Isso come�a a ganhar contorno mais expressivo a partir da segunda metade do s�culo 20, principalmente por parte do que ficou conhecido como Cinema Novo, Cinema de Inven��o ou Cinema Marginal Brasileiro”, observa Bruno Hil�rio. “Houve, ent�o, o resgate do pensamento antropof�gico na busca de identidade nacional para o cinema brasileiro.”
O curador destaca como exemplo disso “Sagrada fam�lia” (1970), dirigido por Sylvio Lanna, e “Um filme 100% brazileiro” (1985), de Jos� Sette de Barros, presentes na programa��o e ligados ao imagin�rio modernista.
De 22 a 25 de setembro, “Veredas antropof�gicas” chega a Congonhas, onde est�o obras-primas de Aleijadinho, inspira��o para a luta dos modernistas em defesa do patrim�nio hist�rico e art�stico nacional.
O Museu de Congonhas, ali�s, tem se��o dedicada � c�lebre visita �s cidades hist�ricas mineiras, em 1924, liderada por M�rio de Andrade.
Tributo a pioneiro Humberto Mauro
Ao analisar o impacto do modernismo sobre o cinema feito em Minas, Bruno Hil�rio destaca dois gestos da mostra, ambos homenagens a Humberto Mauro.
“N�o que Humberto Mauro seja modernista ou inspirado pela est�tica modernista. A gente est� trazendo o momento em que o cinema passa a ser considerado arte, e ele � considerado o inventor m�ximo, o pai da linguagem cinematogr�fica brasileira”, explica o curador.
Estar�o em cartaz “Sangue mineiro” (1930) e “O descobrimento do Brasil” (1937), com trilha sonora de Heitor Villa-Lobos, “este, sim, o m�sico modernista brasileiro”, observa Bruno.
A segunda a��o � a s�rie de curtas de Humberto Mauro, que enfatizam a rela��o do diretor com a cultura popular brasileira e mineira.
“Humberto Mauro � moderno por excel�ncia, se voc� considerar o cinema como o aparato art�stico, social e cultural que melhor capturou o estilo de vida do homem moderno”, observa Hil�rio.
Outra vertente da mostra se volta para a produ��o contempor�nea produzida por minorias, que dialoga com a antropofagia, elemento fundamental do Modernismo.
� o caso do filme “Quando o gavi�o vem dan�ar conosco: um ritual maxacali”, parceria dos diretores ind�genas Isael Maxakali e Suely Maxakali com Renata Otto, que estar� em cartaz na pr�xima segunda (5/9), �s 16h.
* Estagi�rio sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria
“VEREDAS ANTROPOF�GICAS”
At� 9 de setembro, no Cine Humberto Mauro do Pal�cio das Artes. Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro. Entrada franca. De 22 a 25 de setembro, no Museu de Congonhas, na cidade hist�rica de Congonhas. Programa��o completa: www.fcs.mg.gov.br.
HOJE (2/9)
• 17h: Curtas de Humberto Mauro
• 19h: Longa “Um filme 100% brazileiro” (1985), de Jos� Sette
S�BADO (3/9)
• 16h: “Bang Bang” (1971), de Andrea Tonacci
• 18h: “A vida provis�ria” (1968), de Maur�cio Gomes Leite
• 20h: “Crioulo doido” (1970), de Carlos Alberto Prates Correia
DOMINGO (4/9)
• 18h: “O descobrimento do Brasil” (1937), de Humberto Mauro
• 19h30: “Sangue mineiro” (1930), de Humberto Mauro