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Estado de Minas M�SICA

Indiferente � fama de cafona, Richard Clayderman segue em turn� pelo mundo

Pianista franc�s se apresenta em BH no m�s que vem, como parte do giro em que retomou o contato com o p�blico, ap�s a pausa da pandemia


29/09/2022 04:00 - atualizado 28/09/2022 21:52

Vestindo terno preto e sentado ao piano, Richard Clayderman sorri
O instrumentista franc�s diz que n�o seria justo com o p�blico deixar de fora do repert�rio dos recitais "Ballade pour Adeline", a m�sica que o projetou mundialmente, quando ele tinha 23 anos (foto: James McMillan / divulga��o)

''Para minha surpresa, ap�s aquela primeira visita, em 1981, voltei uma d�zia de vezes ao Brasil para realizar concertos, o que � muito raro para um pianista franc�s''

Richard Clayderman, m�sico


Costumam dizer, em tom depreciativo, que o pianista Richard Clayderman faz “m�sica de elevador”. Ele faz pouco caso, observando que a m�sica de elevador pode ser ouvida em todos os lugares. Com efeito, goste-se ou n�o, � ineg�vel a enorme popularidade do m�sico, nascido Philippe Robert Louis Pag�s, em Paris, em dezembro de 1953. Ela est� evidenciada pelos n�meros superlativos referentes a uma carreira que soma mais de quatro d�cadas de atividade.

Um desses n�meros, em especial, chama a aten��o: a bordo de suas turn�s, ele j� voou mais de 3 milh�es de quil�metros – o equivalente a 70 vezes ao redor do mundo, ou, ainda, nove vezes a dist�ncia entre a Terra e a Lua. Em mais uma dessas voltas planet�rias, ele aterrissa em Belo Horizonte, para �nica apresenta��o, em 27 de outubro, no Grande Teatro do Pal�cio das Artes.

Richard Clayderman – nome art�stico adotado quando lan�ou “Ballade pour Adeline”, tema que o projetou mundialmente, quando tinha 23 anos – tocou no Brasil pela primeira vez em 1981. Desde ent�o, esteve no pa�s por diversas outras vezes, com direito a participar com destaque da cerim�nia de encerramento das Olimp�adas do Rio de Janeiro, em 2016.

Ele se recorda de que, na �poca de sua primeira passagem pelo Brasil, o pa�s era um destino cobi�ado por artistas de todo o mundo. “Estava muito na moda nos anos 70. Nos meios de comunica��o na Fran�a, falava-se muito do Brasil, de sua fant�stica nova capital, Bras�lia; da floresta amaz�nica; do carnaval do Rio de Janeiro; da bossa nova, que tinha chegado aos quatro cantos do planeta”, diz.

P�blico acolhedor

“No que me diz respeito”, ele emenda, “n�o podia imaginar que faria sucesso, mas, muito para minha surpresa, ap�s aquela primeira visita, em 1981, voltei uma d�zia de vezes ao Brasil para realizar concertos, o que � muito raro para um pianista franc�s”.
 
Clayderman considera o p�blico brasileiro acolhedor e caloroso, e por isso diz sentir-se muito bem a cada concerto que realiza no pa�s.

“As pessoas s�o muito gentis, sorridentes, educadas, muito encantadoras. Vejo os sorrisos na plateia durante minhas apresenta��es”, comenta. Em sua extensa discografia, com mais de 80 t�tulos, quatro deles s�o dedicados a compositores brasileiros: “My brazilian collection”, que teve tr�s volumes lan�ados, em 1992, 1994 e 1995, e “My bossa nova favorites”, de 1997.

“Travessia”, de Milton Nascimento, “Caf� da manh�”, de Roberto Carlos, “Romaria”, de Renato Teixeira, “Vitoriosa”, de Ivan Lins e V�tor Martins, e “Carolina”, de Chico Buarque, s�o alguns dos temas que o pianista j� gravou. Ele diz que a bossa nova �, desde a adolesc�ncia, um de seus g�neros prediletos.

M�sica brasileira

“Sempre pe�o ao promotor de meus concertos no Brasil (o produtor Manoel Poladian) que me forne�a uma sele��o de m�sicas brasileiras. Assim, posso ouvir muitas can��es excelentes, algumas que j� conhecia, porque foram adaptadas para o franc�s ou o ingl�s. Decidi, no in�cio dos anos 1990, construir um repert�rio incluindo uma sele��o dessas composi��es”, diz.

Para a apresenta��o em Belo Horizonte, ele afirma que a ideia � fazer um grande apanhado de temas de sucesso registrados em seus discos e tamb�m exercitar a versatilidade que lhe permite transitar entre o popular e o erudito. Clayderman adianta que vai mostrar, ainda, uma generosa sele��o de trilhas de filmes, “especialmente temas de amor”.

“Vou tocar, ainda, uma ou duas pe�as do universo cl�ssico, talvez de Tchaikovsky e de Strauss. Tamb�m tocarei alguns t�tulos pop”, diz, aludindo ao seu mais recente �lbum, “Forever love”, no qual registrou, entre outras, “Perfect symphony”, de Ed Sheeran, e “Viva la vida”, do Coldplay.
 
“Assisti a um show de Ed Sheeran em Paris h� cerca de tr�s anos e adorei essa composi��o; pensei que poderia adequar-se perfeitamente ao meu piano. O mesmo se aplica a ‘Viva la vida’, que toco com grande prazer. Penso que a mistura dessas m�sicas com t�tulos cl�ssicos resulta em algo interessante e agrad�vel de ouvir.”
 
OU�A a vers�o de Richard Clayderman para 'Viva la vida':
 
 
 
Na esfera da m�sica pop, ele � f� de Paul McCartney e de Elton John, e sublinha que, ao longo dos �ltimos 20 anos, se aproximou do jazz, com especial interesse por Chick Corea e Pat Metheny.
 
O repert�rio de suas apresenta��es reflete o ecletismo que cultiva, mesclando t�tulos da m�sica popular de diversos pa�ses – al�m dos brasileiros, j� gravou compositores argentinos, alem�es e norte-americanos, entre outros, al�m de um �lbum inteiro dedicado ao repert�rio do grupo sueco Abba – e tamb�m da m�sica erudita.

“Adoro estar no palco, porque tenho contato direto com meu p�blico. No concerto, com meus m�sicos ou com uma orquestra sinf�nica, gosto de misturar diferentes tempos, ritmos e estilos, de forma a provocar todos os tipos de emo��o.”

Const�ncia no repert�rio

Um tema que certamente estar� no repert�rio das apresenta��es do pianista no Brasil – depois de BH, ele segue para Curitiba (28/10) e S�o Paulo (30/10) – � “Ballade pour Adeline”. A m�sica, composta pelo produtor franc�s Paul de Senneville para sua filha rec�m-nascida, nunca fica de fora do roteiro de seus concertos.

Ele diz que, apesar da reincid�ncia renitente da composi��o em suas apresenta��es – o m�sico estima que j� a tenha tocado mais de 8 mil vezes –, ainda mant�m uma rela��o de interesse com ela, e considera n�o ter esgotado as possibilidades que a melodia singela oferece.

“� verdade que ‘Ballade pour Adeline’ abriu as portas da minha carreira, e n�o h� um concerto em que eu n�o a inclua no roteiro. Sempre toco de forma diferente, dependendo se estou ao piano solo, se acompanhado por uma se��o r�tmica ou por uma se��o de cordas. Tento sempre trazer algo especial para esse tema. Em todo caso, n�o seria justo n�o tocar ‘Ballade pour Adeline’, porque o p�blico espera sempre que eu toque”, destaca.

Paix�o por turn�s

Os mais de 3 milh�es de quil�metros que Clayderman j� voou ao redor do mundo refletem sua paix�o por estar em turn�, com a possibilidade de conhecer diferentes culturas e mostrar seu estilo para variadas plateias. Desde 1978, as turn�s se sucedem anualmente, cada vez mais alargando fronteiras.

Em 1987, o pianista realizou seu primeiro concerto na China. Durante os 15 meses seguintes, estendeu sua popularidade a outros pa�ses da �sia, como Tail�ndia, Mal�sia, Cingapura, Coreia e Taiwan. Suas turn�s tamb�m incluem passagens por pa�ses e territ�rios como Escandin�via, Gr�cia, Sri Lanka, Malta, Alemanha, Hong Kong, M�xico, Turquia, Rep�blica Dominicana, Reino Unido, Fran�a, Indon�sia e a antiga Uni�o Sovi�tica.

Chegada da pandemia

“Na verdade, desde a minha estreia, tive a sorte de ter o meu planejamento de concertos decidido com um ano ou um ano e meio de anteced�ncia. Isso � o que sempre me permitiu viajar tanto”, diz, pontuando que a chegada da pandemia representou um impacto grande. 

“Foi algo inesperado e que, num primeiro momento, me deixou sem rea��o. A pandemia me obrigou a interromper drasticamente minhas atividades, no que diz respeito aos concertos, durante dois anos, o que chega a ser traum�tico para algu�m que tem verdadeira paix�o pelas turn�s. Fiquei trancado em casa. Tive a sorte de ter o meu piano comigo. Mas n�o poder estar no palco durante esse per�odo foi um choque e tanto. Estar de volta agora � um al�vio e um prazer”, ressalta.

Ele aponta que “Forever love” � fruto direto da pandemia. Gravado ao longo do ano passado, o �lbum traz Clayderman trabalhando novamente em colabora��o com o velho parceiro Paul de Sonneville, que cuidou da produ��o e � autor de quatro dos 32 temas registrados. O pianista conta que o disco interrompeu um longo per�odo no qual ele se manteve distante dos est�dios.

Pop com cl�ssico

“Durante a pandemia, pensei que seria uma boa ideia gravar um novo �lbum. Passei esse per�odo trabalhando no repert�rio, antes de entrar em est�dio. Queria misturar algumas novas can��es pop com composi��es cl�ssicas, para criar um belo pacote de temas. Foi um prazer poder me dedicar a esse trabalho num momento em que as apresenta��es ao vivo estavam suspensas”, aponta.

A despeito do tr�nsito fluido entre universos musicais distintos, a versatilidade e o ecletismo de Clayderman tamb�m est�o circunscritos em certos limites. Instado a dizer o que pensa do atual panorama musical da Fran�a, ele responde, de forma curta e objetiva: “A atual cena musical francesa �, na minha opini�o, demasiado rap, o que n�o � o meu estilo de m�sica preferido”.

RICHARD CLAYDERMAN

Concerto do pianista em Belo Horizonte, no pr�ximo dia 27/10, �s 21h, no Grande Teatro do Pal�cio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro, 31.3236-7400). Ingressos para a plateia 1 a R$ 440 (inteira) e R$ 220 (meia), plateia 2 a R$ 360 (inteira) e R$ 180 (meia) e plateia superior a R$ 280 (inteira) e R$ 140 (meia)


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