Emocionado desde o in�cio do show, Milton Nascimento tentou conter o choro diversas vezes e soltou-o no final, quando chamou toda a equipe para junto dele
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press
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''Viver este momento depois de 60 anos de carreira � a prova de que os sonhos n�o envelheceram''
Milton Nascimento, cantor e compositor
Uma noite hist�rica, um encontro motivado por uma despedida, atravessado por fortes emo��es de ambos os lados, no palco e na plateia. Foi assim o show de encerramento da turn� "A �ltima sess�o de m�sica", que marcou o adeus de Milton Nascimento dos palcos, na noite deste domingo (13/11).
�s 17h, j� havia movimenta��o intensa de pessoas e ve�culos no entorno do Mineir�o. Dentro do est�dio, Z� Ibarra aqueceu o p�blico a partir das 18h, abrindo os trabalhos com "Dos cruces", no formato voz e viol�o.
Ibarra lembrou Gal Costa, falou da tristeza da perda e cantou, ao piano, "Minha voz, minha vida". Emendou com "O bem do mar", de Dorival Caymmi. Pediu desculpas por desafinar, "por causa da emo��o".
Ao final da abertura, foi exibido nos tel�es que ladeavam o palco o registro de Milton e Gal cantando "Paula e Bebeto" juntos em est�dio e, em seguida, uma foto dos dois abra�ados, tendo "P�rola negra", de Luiz Melodia, na voz da cantora, como trilha. Seguiram-se outros temas de Gal, como "D� um rol�", "Barato total", "Objeto sim, objeto n�o", entre outras.
O p�blico deu um show � parte agitando os celulares com a lanterna acesa e bast�es verdes fluorescentes no ar.
F�s de Bituca n�o seguraram as l�grimas de emo��o (foto: T�lio Santos/EM/D.A. Press)
�s 19h, Milton foi anunciado, com o nome dos integrantes da banda e de toda a equipe t�cnica. Na plateia, era poss�vel flagrar o n�vel de emo��o, entre o riso largo e o choro estampado nos f�s.
Em v�deo exibido nos tel�es, Milton se apresenta, diz que gosta mesmo � de ser chamado de Bituca, fala de suas parcerias no Brasil e no mundo e da despedida dos palcos, "da m�sica, jamais". Ele completou 80 anos em outubro.
�s 19h05, as cortinas se abriram. Milton estava sentado no centro do palco, empunhando uma sanfona. A levada percussiva, do projeto "Tambores de Minas", precedeu os acordes do instrumento de inf�ncia que Milton, visivelmente emocionado, tinha em m�os, executando "Ponta de areia" como tema de abertura.
Z� Ibarra fez o show de abertura da noite (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Homenagem para Gal
O p�blico aplaudiu e gritou "Bituca". Tentando conter as l�grimas, ele disse: "Este show � dedicado � minha querida Gal Costa". Depois, com voz firme, brindou o p�blico com "Can��o do sal". Um solo curto de baixo introduziu "Morro velho".
"Agora sou eu", disse Milton, espirituosamente, depois que lhe tiraram o manto que compunha o figurino de Ronaldo Fraga e puseram em sua cabe�a a caracter�stica boina t�o colada � sua imagem.
Disse que as tr�s m�sicas anteriores foram gravadas pelo grande amor de sua vida, Elis Regina. Depois cantou "Outono" e "Amor de �ndio". Na sequ�ncia, foi a vez de "Vera Cruz", cantada por Z� Ibarra.
Milton retomou o protagonismo com "Pai grande". Diante dos gritos da plateia de "Bituca, eu te amo", ele devolveu com um "eu tamb�m amo voc�s".
Beto Guedes, Milton Nascimento e L� Borges cantam no Mineir�o, 50 anos depois do lan�amento de 'Clube da Esquina' (foto: T�lio Santos/EM/D.A. Press)
A banda do Clube
Subiram ao palco, para del�rio do p�blico, Toninho Horta, Wagner Tiso, L� Borges e Beto Guedes. Juntos, cantaram "Para Lennon e McCartney". Antes da m�sica, Milton falou da recente escolha do disco "Clube da Esquina" como o melhor do Brasil, o que justificava o encontro. Todos aqueles convidados participaram do �lbum.
Seguiu-se uma calorosa ova��o. Ao final, os acordes da guitarra de Toninho introduziram "Um girassol da cor do seu cabelo", ainda com os s�cios do Clube em cena. O tema levantou a plateia, que pulava como pipoca na pista.
Toninho Horta tocou na despedida de Bituca (foto: T�lio Santos/EM/D.A. Press)
Os convidados deixaram o palco antes de Milton cantar, com pot�ncia vocal, "Cais". Depois veio "Tudo o que voc� queria ser". Em seguida, foi a vez de Wilson Lopes ganhar os holofotes com um solo pungente, que precedeu a interpreta��o tamb�m pungente de Z� Ibarra para "San Vicente".
"Viver este momento depois de 60 anos de carreira � a prova de que os sonhos n�o envelheceram", disse Milton ao retomar o microfone com "Clube da esquina nº 2". Novamente, os bast�es verdes iluminaram a plateia.
Milton disse, depois, que faria a m�sica que comp�s para sua m�e, e p�s � prova o poderio de sua banda com a execu��o vigorosa de "L�lia".
Baile na pista
O clima seguiu agitado com "Nada ser� como antes". Milton e sua banda executaram, em seguida, o tema que d� nome � turn�, "A �ltima sess�o de m�sica" – a cargo do piano solo. "F� cega, fa�a amolada" deu sequ�ncia ao baile com o p�blico cantando junto, em coro, e dan�ando muito.
Sem pausa, Milton emendou "Paula e Bebeto". "Agora vamos fazer uma pequena homenagem a Mercedes Sosa", disse, para que Z� Ibarra introduzisse "Volver a los 17", com o refor�o pontual da voz de Milton.
Em seguida, convidou o "grande e velho amigo" Samuel Rosa, que agradeceu a Milton “por existir”. De guitarra em punho, cantou "O trem azul" em dueto com Milton, alternando estrofes.
Wilson Lopes introduziu "C�lix bento", que o p�blico cantou agitando o corpo na levada congadeira, que tamb�m sustentou "Peixinhos do mar", encadeando com "Cuitelinho", com Milton puxando os erres do sotaque caipira.
"Cio da terra" veio na sequ�ncia, suavizando a levada, com Milton mais uma vez transbordando o esplendor de sua voz. Dedicou ao p�blico, que disse guardar, cada um, do lado esquerdo do peito, "Can��o da Am�rica".
Seguiu com "Ca�ador de mim", contando com o refor�o vocal de Z� Ibarra e do coro da plateia. Depois, lembrou que come�ou cantando na noite e fez "Nos bailes da vida". Mais uma vez, os celulares com lanternas acesas iluminaram o est�dio.
Depois foi a vez da instrumental "Tema de Tost�o". Outro convidado da noite, Nelson �ngelo subiu ao palco para fazer "Fazenda". "Bola de meia, bola de gude" p�s o p�blico para dan�ar novamente.
P�blico deu show � parte no encerramento da turn� "A �ltima sess�o de m�sica", no Mineir�o (foto: T�lio Santos/EM/D.A. Press)
O choro de Bituca
Ao dizer que o show estava chegando ao fim, Milton apresentou a banda, e foi "apresentado" por Z� Ibarra: "Milton Bituca Nascimento", o que fez o p�blico gritar a plenos pulm�es o apelido do �dolo, que n�o conteve o choro.
Mesmo com a voz um pouco embargada, ele cantou com vigor "Maria Maria".
Um festival de fogos de artif�cio sa�dos da cobertura do est�dio amplificou o clima apote�tico do fim da apresenta��o. Milton, ent�o, sorriu.
A plateia, obviamente, pediu bis. E teve. Quando a cortina se reabriu, Milton estava acompanhado apenas de Tiso ao piano, e fizeram "Cora��o de estudante".
Aos poucos, o restante da banda foi retornando. "Viva a democracia!", disse Milton, ao fim da execu��o, deixando que o p�blico se manifestasse efusivamente.
Com Toninho Horta novamente no palco, soltando uma introdu��o junto com Wilson Lopes, Z� Ibarra convocou o p�blico para cantar "Travessia".
A partir da segunda estrofe, o autor da can��o soltou a voz. Toninho somou tamb�m a sua � execu��o do cl�ssico.
Declara��o de amor a Fernando Brant
Depois, ele cantou "Encontros e despedidas", outro cl�ssico. No meio da m�sica, disse: "Fernando Brant, onde voc� estiver, eu te amo".
Ao final, chamou ao palco toda a sua equipe, a come�ar pelo filho e produtor Augusto, que o amparou para que se levantasse. E foi com todos, no palco e na plateia, gritando "Bituca" que a noite hist�rica e memor�vel chegou ao fim.
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