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Estado de Minas M�SICA

M�sicos mineiros preparam s�rie que vai contar a hist�ria do tango

O trio Tempos Tr�s, criado pelo argentino radicado em BH Rufo Herrera, est� gravando epis�dios com a cronologia do ritmo e exemplos de obras


16/11/2022 04:00 - atualizado 15/11/2022 21:58

Vestidos de preto, em sala decorada, Antonio Viola (de pé), Rufo Herrera (sentado) e Fernando Santos (de pé) posam com seus instrumentos
Antonio Viola, Rufo Herrera e Fernando Santos, que formam o grupo Tempos Tr�s, v�o divulgar no Instagram e no YouTube a s�rie em que contam a hist�ria do tango e interpretam obras do g�nero (foto: �lcio Para�so/ Divulga��o)


Uma conjun��o de fatores abriu espa�o na agenda do compositor, instrumentista e educador Rufo Herrera – argentino radicado em Belo Horizonte h� mais de 40 anos – para que ele investisse em um novo projeto, intitulado Tempos Tr�s, que integra juntamente com os m�sicos mineiros Fernando Santos (contrabaixo) e Antonio Viola (violoncelo).

Criado em 2020, o trio est� em fase de finaliza��o de uma webs�rie intitulada “Tempos Tr�s: Uma cronologia do tango”, dividida em seis epis�dios, que at� o final deste m�s deve come�ar a ser transmitida pelo Instagram e pelo YouTube. Nela, Herrera conta o desenvolvimento do popular ritmo portenho, desde seus prim�rdios at� os dias atuais, ilustrando a hist�ria com n�meros musicais relativos a cada per�odo.

Ele explica que a chegada da pandemia somada ao fato de ter se aposentado como professor da Universidade Federal de Ouro Preto e de seu Quinteto Tempos estar em uma esp�cie de hiberna��o foi o que o motivou a convidar Fernando Santos e Antonio Viola – companheiros de longa data – para montarem o Tempos Tr�s.

“Tive a ideia de formar esse grupo como uma maneira de abrir outros caminhos para continuar com minha atividade. � algo despretensioso, mas com uma proposta est�tica bem delineada, com foco no tango”, destaca. O est�mulo para a realiza��o da webs�rie, ele explica, veio da percep��o de que o g�nero vive um momento de grande visibilidade em todo o mundo.

“Tenho acompanhado o movimento de uma nova gera��o que � em escala planet�ria, com muita gente estudando o bandoneon e tocando o tango no Jap�o, na China, na Cor�ia, na Fran�a, na Noruega – pa�ses que j� t�m suas pr�prias orquestras dedicadas ao g�nero. S�o jovens de 15, 18 anos, que, tecnicamente, eu diria, j� superaram os m�sicos da minha gera��o”, aponta.

Ele chama a aten��o para o fato de que esse contingente inclui, tamb�m, muitas mulheres instrumentistas. “Na �poca em que comecei, o bandoneon era um instrumento proibido para mulheres. Hoje est� cheio de garotas por a� tocando muito bem”, diz o veterano m�sico, que est� com 88 anos.

Caminho tortuoso

Mas para chegar ao atual cen�rio, um caminho tortuoso foi percorrido. Herrera situa que os prim�rdios do tango remontam ao s�culo 19, quando, por volta de 1870, a Argentina viu surgir o embri�o do g�nero que viria a se consolidar a partir do in�cio do s�culo 20.

“Nunca se produziu muita coisa te�rica em rela��o ao tango. (O escritor Jorge Lu�s) Borges escreveu a respeito, mas sem muito compromisso com a pesquisa. Ele ignora, por exemplo, que o tango tamb�m vem da �frica. A pr�pria palavra tango tem origem africana”, afirma.

Herrera aponta que a hist�ria contada na webs�rie tem in�cio com a m�sica “El choclo”, composta por �ngel Villoldo em 1903. “Era um cantor e violonista que dominava a t�cnica, um m�sico profissional com muita capacidade e talento, ent�o esse tema fez bastante sucesso. Existem mais de 50 grava��es dele com diferentes orquestras.”

Segundo diz, o tango teve sua �poca de ouro entre as d�cadas de 1920 e 1950 e come�ou a entrar em decl�nio nos anos 1960. Foi quando Herrera e os m�sicos de sua gera��o partiram em busca de trabalho em outros lugares do mundo, porque o espa�o para o g�nero na Argentina come�ava a minguar.

“Na d�cada de 1970, voc� s� tinha duas ou tr�s orquestras de tango famosas em Buenos Aires. O pr�prio Piazzolla seguia trabalhando, mas fora do pa�s, mais presente na Europa e nos Estados Unidos do que na Argentina”, afirma.

Enfoque pop

Somente no fim dos anos 1990, conforme observa, � que uma nova gera��o resolveu revisitar o g�nero sob uma nova perspectiva, mais alinhada com a m�sica pop – algo que, num primeiro momento, foi visto com desconfian�a pela cr�tica e pelos tradicionalistas.

O m�sico afirma que “mataram” o tango em v�rios momentos ao longo do s�culo passado. “Cada vez que surgia uma ideia nova em torno do tango, vinha a cr�tica e ca�a em cima: ‘O tango morreu’. Na webs�rie ‘ Tempos Tr�s’, eu conto esse percurso de forma bem sucinta, com textos introdut�rios seguidos de uma m�sica ilustrativa do que eu digo. � um trabalho bem did�tico, com a informa��o passada de forma clara e com muita m�sica”, ressalta.

Ele diz que a parte musical da webs�rie j� est� toda gravada e que, para disponibilizar a produ��o, falta apenas um trabalho de edi��o dos textos. “Quando gravei, n�o me preocupei muito com o tempo, fui contando as hist�rias que sei, ent�o essa parte da narra��o ficou muito longa. Agora vamos trabalhar para equilibrar o texto com a m�sica.”


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