O pianista Cristian Budu diz que orquestra mineira lhe trouxe nova experi�ncia musical (foto: Iris Zanetti/divulga��o)
Embora tenha pais pianistas, Duke Ellington (1899-1974) n�o pretendia ser m�sico. Tinha como maior paix�o o beisebol. Com o passar dos anos, no entanto, percebeu que seu destino era outro e se dedicou ao piano. Escolha acertada, ali�s. Ele se tornou um dos nomes mais proeminentes do jazz.
� frente da banda The Duke, comp�s can��es que marcaram as d�cadas de 1920 a 1960 nos EUA, gravadas por Billie Holiday (1915-1959) e Ella Fitzgerald (1917-1996). “It don’t mean a thing if it ain’t got that swing”, “Sophisticated lady”, “Prelude to a kiss”, “Solitude” e “Satin Doll” s�o algumas delas.
Duke ainda foi respons�vel por transformar o hit comercial do metr� de Nova York “Take the A train” em cl�ssico do jazz. A faixa havia sido composta por Billy Strayhorn (1915-1967) para divulgar a nova linha da cidade.
Orquestra Ouro Preto fez live dedicada � obra de Duke Ellington (foto: Iris Zanetti/divulga��o)
Legado inspirador
A import�ncia deste legado fez com que a Orquestra Ouro Preto montasse um concerto em homenagem ao jazzista americano. A apresenta��o ser� realizada neste domingo (20/11), no Sesc Palladium, em Belo Horizonte.
O concerto contar� com Cristian Budu, pianista cl�ssico premiado internacionalmente por interpreta��es de obras de Fr�d�ric Chopin (1810-1849) e Robert Schumann (1810-1856).
“Em conversas com o pr�prio Budu, est�vamos pensando em algo que fosse inusitado tanto para a Orquestra Ouro Preto quanto para ele pr�prio”, conta o maestro Rodrigo Toffolo. “Ent�o, achamos que o Duke seria o nome ideal”, afirma, explicando que o lirismo das m�sicas do americano se encaixa no pianismo de Budu, ou seja, na t�cnica utilizada por ele.
A iniciativa foi concebida durante a fase cr�tica da pandemia para ser apresentada em formato de live, o que ocorreu em julho do ano passado. No entanto, os m�sicos sentiram a necessidade de apresentar o repert�rio no palco, com o p�blico na plateia.
“� um projeto lindo, bem montado e com repert�rio recheado de m�sicas que n�o podem ser esquecidas de jeito nenhum. Ao mesmo tempo em que o Duke est� l�, o jazz est� l�, a levada dan�ante est� l�, a melodia est� l�, existe uma sonoridade diferente. Porque � uma forma��o pouco usual. N�o � nem uma jazz sinf�nica e nem trio de jazz. � algo que fica no meio”, explica o maestro.
Para conseguir chegar a esse formato, Toffolo recorreu ao arranjador Maur�cio Souza. Foi ele o respons�vel por fazer com que can��es de Duke, geralmente executadas por no m�ximo 11 m�sicos, pudessem ser tocadas pela orquestra de 25 instrumentistas e Cristian Budu.
Souza fez com que o trio de jazz (piano, baixo e bateria) conversasse com o som das big bands produzido por instrumentos de sopro. Tudo isso alinhado com as cordas.
Mil vertentes do jazz
“Jazz � uma linguagem de encontros culturais, com a for�a matriz africana muito forte. Tamb�m traz colora��es harm�nicas que v�m de linguagens europeias, mas com pensamento musical totalmente diferente. � uma outra forma de express�o”, explica Cristian Budu.
O pianista destaca que o jazz “se desdobra em outras mil vertentes, que podem ser mais conservadoras para alguns, ou mais experimentais para outros”.
Embora conhe�a bem o jazz – crian�a, Budu escutava os pianistas Oscar Peterson (1925-2007), Art Tatum (1909-1956), Bill Evans (1929-1980) e o pr�prio Duke Ellington –, ele nunca se dedicou com muito afinco ao g�nero. Sua carreira sempre foi ligada � m�sica cl�ssica.
“Jazz exige muito estudo e aprofundamento. Portanto, encarei a proposta do Rodrigo (Toffolo) como uma maneira de aprender, crescer e vivenciar a m�sica de um jeito que n�o tinha feito antes. A gente est� tocando com um pessoal que � fera no jazz”, ressalta. Budu diz que o baterista Jimmy Duchowny � “lenda viva do jazz”.
No palco, ser�o apresentadas “Take the ‘A’ train”, “Caravan” e “Sophisticated lady”. Destaque para “In a sentimental mood”, que ganhou nova vers�o da Orquestra Ouro Preto, com mais �nfase nos instrumentos de corda.
''Jazz exige muito estudo e aprofundamento. Portanto, encarei a proposta do Rodrigo (Toffolo) como uma maneira de aprender, crescer e vivenciar a m�sica de um jeito que n�o tinha feito antes''
Cristian Budu, pianista
“Existem orquestras melhores que a gente. Mas igual a gente faz, ningu�m faz”, garante Toffoli.
O maestro diz aceitar r�tulos que recebe por seus projetos, como “exc�ntrico”, “inusitado”, “provocativo” ou mesmo “diferente”. E explica: “A Orquestra Ouro Preto tem isso. Nosso primeiro projeto provocativo de grande sucesso foi assim, fomos a Pernambuco buscar o Alceu Valen�a para fazer o ‘Valencianas’. E, de repente, estamos com Cristian Budu tocando Duke Ellington. Acho muito legal propor para as pessoas algo que elas n�o veriam com outras orquestras.”
ORQUESTRA OURO PRETO E CRISTIAN BUDU
Concerto dedicado a Duke Ellington. Neste domingo (20/11), �s 11h, no Sesc Palladium. Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), � venda na bilheteria do teatro ou pelo site Sympla. Informa��es: (31) 3270-8100
receba nossa newsletter
Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor