
Lan�amento duplo vai reunir a escritora e psicanalista Paula Vaz e o poeta e fil�sofo Marcelo Ariel, nesta quarta-feira (7/12) � noite, na Quixote. Ela autografa “O reino animal da poesia” (Cas’a Edi��es); ele, “22 clareiras e um abismo” (Letra Selvagem). Recorrendo a s�mbolos distintos, ambas as obras est�o situadas no cruzamento de poesia e ensaio, segundo os autores.
Marcelo e Paula se conhecem desde meados da d�cada passada (ele assina a orelha do livro dela) e entendem a escrita po�tica como uma esp�cie de pesquisa.
Sucessor de “N�o se sai da �rvore por meios de �rvore, Ponge-Poesia” (2014), “A outra l�ngua: amor” (2016) e “Deserto” (2018), “O reino animal da poesia” se vale dos bichos como ve�culo para expressar o que est� al�m do humano, aponta Paula Vaz.

Voo e enigma
A autora diz que escreveu o novo livro impactada pelo atual contexto do Brasil e do mundo. “A linguagem humana � coberta por narrativas, filtros, impress�es. Senti necessidade de ir al�m, como se precisasse ouvir o que uiva, o que ruge, o que voa, o que tanto mata quanto copula, o que rasga o sentido das coisas, o que planta de volta o enigma”, diz ela.
De acordo com a autora, “O reino animal da poesia” se relaciona com as possibilidades entre o humano e o inumano.
“Quanto mais humanos achamos que somos e mais afastados deste animal que tamb�m somos, mais reagimos ao mundo raivosamente, reativamente. Por outro lado, se n�o podemos ter um humanismo c�ndido, � porque n�o podemos domar a puls�o. Ela insiste, fica de fora do simb�lico, mas tem fome, tem sede. Ent�o, preciso aliment�-la de alguma maneira”, pontua.
A poesia acolhe essa puls�o sem reprimi-la, acredita Paula. A forma como os animais se expressam vai al�m do racional e, em certa medida, a poesia tamb�m � assim, posto que n�o se apresenta como a linguagem humana cotidiana, afirma a escritora.
“Eu estava �s voltas com a quest�o da raz�o, como se ela n�o fosse mesmo suficiente para dar conta da exist�ncia humana. As leis do universo tamb�m s�o apreendidas por resson�ncia. � preciso ouvir o animal em n�s, com seu olhar doce, sua delicadeza, sua viol�ncia, sua fome e sua busca por alimento”, aponta.

“Come�o no reino vegetal, passo pela outra l�ngua, que � o amor, depois pelo deserto e agora chego ao reino animal da poesia. O livro d� continuidade aos anteriores. Minha poesia � tamb�m uma esp�cie de ensaio sobre a escrita, sobre a vida, ent�o os livros se comunicam”, ressalta.
Poema-ensaio e tar�
A mesma inst�ncia algo metaf�sica atravessa o livro de Marcelo Ariel. “22 clareiras e 1 abismo” prop�e, por meio do poema-ensaio, uma an�lise filos�fica e pol�tica da situa��o da humanidade hoje, explica o autor.
A obra � um tratado de simbologia que se vale dos arcanos maiores do tar�, o que deriva do estudo sobre as “met�foras origin�rias”, detalha.
s�mbolos Interessado em descobrir a linguagem dos s�mbolos, Marcelo chegou ao tar�, cujas origens remontam � obra do autor italiano Francesco Petrarca (1304-1374).
“� um s�mbolo que atravessa as bolhas da cultura, pode ser encontrado no cinema, nas artes pl�sticas, na literatura. Jung descobriu no tar� a s�ntese arquet�pica da humanidade, por isso me interessei por ele”, diz.

Marcelo Ariel destaca que a mistura de poesia e filosofia atravessa toda sua obra, chegando de forma exacerbada a “22 clareiras e 1 abismo”.
“Busquei tensionar ao m�ximo a met�fora e a analogia, o que leva � exposi��o mais n�tida e mais profunda do pensamento que h� no poema”, sublinha.
PAULA VAZ E MARCELO ARIEL
• Lan�amento dos livros “O reino animal da poesia” e “22 clareiras e 1 abismo”.
• Nesta quarta-feira (7/12), das 18h �s 21h, na Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi).
• Nesta quarta-feira (7/12), das 18h �s 21h, na Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi).