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Estado de Minas FILOSOFIA

Rafael Silva lan�a o livro 'Origens do drama cl�ssico na Gr�cia Antiga'

Nesta quinta (15/12), pesquisador recebe Jacyntho Lins Brand�o, especialista em literatura grega, para bate-papo durante noite de aut�grafos na Livraria Quixote


14/12/2022 04:00 - atualizado 14/12/2022 08:12

Pesquisador Rafael Silva olha para a câmera
Rafael Silva mant�m canal no YouTube com a proposta de aproximar o p�blico de mitologia cl�ssica, entre outros temas ligados � Antiguidade (foto: Sara Anjos/divulga��o)

O livro “Origens do drama cl�ssico na Gr�cia Antiga” ser� lan�ado pelo pesquisador Rafael Silva, doutor em letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), nesta quinta-feira (15/12), �s 18h, na Livraria Quixote.

De acordo com o autor, obra � um convite para que o leitor retorne �s ra�zes de um dos fen�menos est�ticos mais revolucion�rios da hist�ria liter�ria. O livro aborda o desenvolvimento de uma forma po�tica de drama encenado durante festivais c�vico-religiosos em homenagem ao deus Dion�sio na cidade de Atenas no per�odo cl�ssico.

Rafael destaca que a dicotomia entre os aspectos religiosos e pol�ticos ligados � trag�dia grega o motivou a empreender a pesquisa. De acordo com ele, as origens da trag�dia, da com�dia e do drama sat�rico s� podem ser entendidas a partir de suas interconex�es po�ticas, sociopol�ticas e religiosas.

“� como se houvesse uma tens�o insol�vel das abordagens. Me dei conta de que a trag�dia, a com�dia e o drama sat�rico tinham implica��es pol�ticas na cidade de Atenas juntamente da esfera religiosa. Quis mostrar como esses dois aspectos s�o complementares”, explica.

Rafael revisita, sob a perspectiva cr�tica, teorias influentes acerca das origens da trag�dia, da com�dia e do drama sat�rico na Gr�cia Antiga, trazendo novas leituras de tais interpreta��es te�ricas, desde suas primeiras formula��es na Antiguidade at� a atualidade.

Professor Jacyntho Lins Brandão está em pé em frente a estantes de sua biblioteca
Professor Jacyntho Lins Brand�o, refer�ncia em estudos sobre a Gr�cia Antiga, participar� do lan�amento do livro de Rafael Silva, na Livraria Quixote (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)

Nietzsche e Hegel

No �mbito dessas teorias a partir das quais a pesquisa se desenvolveu, ele destaca o livro “O nascimento da trag�dia”, de Nietzsche, e tamb�m os escritos de Hegel. “Sempre me inquietou nesses dois autores a dicotomia entre pol�tica e religi�o. Parti de uma quest�o est�tica moderna e contempor�nea e voltei aos testemunhos mais antigos, do Per�odo Arcaico, para mostrar essa complementariedade”, aponta.

O autor diz que Nietzsche trata das origens dos g�neros dram�ticos na Antiguidade colocando-os em di�logo com a modernidade. “Ele valoriza demais a religi�o e a loucura, por exemplo, o que acho t�o errado quanto valorizar somente as quest�es pol�ticas. Munido das reflex�es lan�adas por autores como Nietzsche, me volto para o campo da Antiguidade cl�ssica”, detalha.

Ao longo dos �ltimos tempos, estudiosos passaram a dar a devida aten��o � dimens�o c�vico-religiosa das apresenta��es de trag�dias, dramas sat�ricos e com�dias no calend�rio de Atenas. “Isso quer dizer que seus aspectos religiosos e pol�ticos s�o t�o importantes quanto os elementos po�ticos, ret�ricos e dram�ticos dessas obras”, pontua.

Simplismo

Rafael considera que a pesquisa desenvolvida, a princ�pio, para sua disserta��o de mestrado em letras na UFMG permitiu-lhe reavaliar uma s�rie de eventos da Antiguidade, que, acredita, sempre foram entendidos de forma simplista. Ele aponta, por exemplo, as abordagens sobre Pis�strato, que governou Atenas entre 546 a.C. e 527 a.C.

“As a��es dele eram vistas de maneira err�nea, porque as fontes democr�ticas posteriores nunca o representaram de forma favor�vel. Ele foi um tirano, um governante �nico que, apesar de ter tomado o poder de maneira ileg�tima, fomentou as artes movido pelo sentimento de criar, por meio delas, uma unidade pol�tica. Ou seja, teve atua��o importante na Atenas do Per�odo Arcaico”, pontua.

Assim como Pis�strato, que contribuiu para o desenvolvimento da poesia e das institui��es pol�ticas em seu tempo, h� outros exemplos de revis�o cr�tica de algumas proposi��es consolidadas no p�s-iluminismo, afirma o autor, sublinhando que sua pesquisa abarca, a partir de Pis�strato, as implica��es pol�ticas da poesia.

“Uma trag�dia era encenada para 25 mil pessoas em um teatro. Isso tinha impacto profundo em termos de mensagem pol�tica, porque era o que Atenas queria mostrar para os outros gregos. Religi�o, pol�tica, poesia e cultura, de forma geral, andam de m�os dadas o tempo inteiro na sociedade pr�-iluminista”, ressalta.

O autor observa que h� aspectos obscuros relacionados �s culturas antigas explorados por estudos contempor�neos, em termos de pr�ticas sociais, pol�ticas, religiosas e sexuais.

“A revaloriza��o dessa dimens�o pouco conhecida da Antiguidade revela a presen�a de certa estranheza no seio daquilo que h� de mais cl�ssico na cultura, obrigando-nos a rever aquilo que at� ent�o t�nhamos por inquestion�vel”, diz.

Ruínas de teatro da Grécia Antiga
Ru�nas de teatro onde as trag�dias, com sua mensagem pol�tica, eram apresentadas para a popula��o da Gr�cia Antiga (foto: Reprodu��o)

Brasil

O estudo que “Origens do drama cl�ssico na Gr�cia Antiga” traz � pertinente para a contemporaneidade e, por isso, segundo o autor, n�o � pensado apenas para a esfera acad�mica – tem potencial para atingir p�blico mais amplo.

“O estudo da hist�ria antiga n�o � algo fechado em si, serve para compreender comparativamente o presente, at� para que a gente possa pensar o futuro. N�o � preciso ir longe: no Brasil mesmo, a gente observa, ao longo dos �ltimos anos, arte, pol�tica e religi�o cada vez mais imbricadas. Quando me volto para essas quest�es, proponho um di�logo com o panorama atual”, aponta.

Rafael criou, h� tr�s anos, um canal no YouTube (www.youtube.com/RafaelSilvaLetras) para disponibilizar gratuitamente palestras e cursos dedicados a estudos cl�ssicos. Ele aponta que esse conte�do est� em plena conson�ncia com o que “Origens do drama cl�ssico na Gr�cia Antiga” apresenta.

“Pretendo fazer o mesmo com meu trabalho de doutorado, publicando um livro, tamb�m pelas Edi��es Loyola, e disponibilizando no canal do YouTube os resultados da pesquisa. Muito desse material j� pode ser acessado. Proponho meio que um curso de estudos cl�ssicos alinhado com minhas pesquisas”, destaca.

Al�m da academia

O desejo de alcan�ar audi�ncia al�m do c�rculo acad�mico tamb�m se relaciona com a atividade on-line, segundo o autor. Ele diz que o p�blico do canal � bastante diversificado e alguns v�deos j� atingiram a marca de 20 mil visualiza��es. “� um p�blico realmente heterog�neo, que acompanha esse trabalho desde que foi criado”, afirma.

A chegada da pandemia motivou a cria��o do canal. “Pensei nele como um meio de oferecer apoio aos estudantes que ficaram isolados, sem aulas. Como a iniciativa deu certo, muitas pessoas aderiram, resolvi dar continuidade e tenho ampliado as propostas por l�. Isso � algo que incentivo as pessoas da universidade a fazerem, trabalhar com a ideia de extens�o, dialogando com a sociedade”, pontua.

Ele observa que a audi�ncia do canal inclui n�mero consider�vel de jovens, que se interessam especialmente por mitologia cl�ssica, gra�as � presen�a do tema em livros infantojuvenis, filmes, s�ries e jogos de videogame.

Por essa raz�o, desde o princ�pio ele diz que busca divulgar estudos da Antiguidade cl�ssica por meio de abordagem despojada e din�mica, mas sem abrir m�o do rigor acad�mico.

Choque de ideias

No v�deo de apresenta��o do canal, ele explica que organizou uma s�rie de listas sobre temas liter�rios, filos�ficos e hist�ricos, incluindo tanto v�deos pr�prios quanto de outras pessoas, com a inten��o de dar acesso ao maior n�mero poss�vel de opini�es sobre um determinado assunto.

“O choque e o di�logo de ideias s�o a forma mais construtiva de desenvolvermos o pensamento cr�tico”, diz.
Rafael chama a aten��o para os v�deos em torno do que batizou “Entre os gregos e n�s (outros)”, que cumprem a fun��o de tecer di�logos entre os gregos antigos – sua cultura, seus costumes e suas pr�ticas – e a realidade contempor�nea do Brasil.

Para o autor, a din�mica � enriquecedora para todas as partes envolvidas. Rafael classifica seu modelo de trabalho como “reflex�o metate�rica”, que cumpre importante papel formativo.

“Os caminhos da pesquisa s�o t�o fundamentais quanto os resultados. A pesquisa n�o apenas forma um produto, que � o livro, mas forma tamb�m o autor e os poss�veis leitores”, ressalta.

Convidado especial

O lan�amento do livro, na Quixote, vai contar com a presen�a de Jacyntho Lins Brand�o, refer�ncia nos estudos sobre a Gr�cia Antiga, para bate-papo com o autor.

Doutor em letras cl�ssicas pela Universidade de S�o Paulo (USP), Jacyntho � professor titular de l�ngua e literatura grega da Faculdade de Letras da UFMG, da qual j� foi diretor. Tamb�m foi vice-reitor da UFMG.

Brand�o � um dos fundadores e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Cl�ssicos. Escreveu diversos livros, entre eles “A po�tica do hipocentauro: literatura, sociedade e discurso ficcional em Luciano de Sam�sata” (Editora UFMG, 2001), “A inven��o do romance” (UnB, 2005), “Luciano de Sam�sata: como se deve escrever a hist�ria” (Tessitura, 2009) e “Antiga Musa: arqueologia da fic��o” (Relic�rio, 2015).
 

Capa do livro Origens do drama clássico na grécia antiga
(foto: Edi��es Loyola/reprodu��o)
“ORIGENS DO DRAMA CL�SSICO NA GR�CIA ANTIGA”

• De Rafael Silva
• Edi��es Loyola
• 298 p�gs.
• R$ 58
• Lan�amento nesta quinta-feira (15/12), das 18h �s 21h, na Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi),  com a participa��o do professor    Jacyntho Lins Brand�o


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