
O encontro da aridez da caatinga com as �guas do cerrado � transposto para as pe�as de “Bordados da terra e do c�u”, exposi��o que ser� aberta nesta quinta-feira (15/12) � noite, no BDMG Cultural. Carregados de simbolismo e ancestralidade, os trabalhos foram criados por dois grupos do Vale do Jequitinhonha: Bordadeiras do Curtume e Mulheres da Ponte.
Registros da Minas Gerais profunda, os bordados refletem a realidade de agricultoras, benzedeiras, parteiras, batuqueiras, jogadoras de verso, tecel�s, fiandeiras, m�es e devotas.
Coordenadora da mostra e da ONG Tingui, Viviane Fortes conta que a exposi��o nasceu do projeto Mulheres do Jequitinhonha, que atende a Jenipapo de Minas, Francisco Badar�, Berilo, Chapada do Norte e Diamantina, entre outras cidades da regi�o.

“O programa de trabalho com as mulheres busca fortalecer a pot�ncia, for�a e a beleza delas”, diz Viviane. O bordado � apenas uma das facetas das atividades desenvolvidas pelo projeto.
“A gente olha para o todo. � uma vis�o hol�stica sobre o contexto dessas mulheres, a vida delas na chama e na for�a da ancestralidade que todas carregam”, afirma.
Autoconhecimento e renda
O bordado significa gera��o de renda por meio da cultura, destaca Vivane Fortes. “Todas sempre bordaram, assim como as ancestrais delas.”
Na cole��o “O que sou, o que sei”, o grupo Bordadeiras do Curtume, de Jenipapo de Minas, utiliza desenhos feitos com o apoio de Diogo Guimar�es.
“S�o cenas da vida delas. Parteiras fazendo parto, benzedeiras benzendo, mulheres plantando, colhendo, cozinhando, lavando roupa, cuidando de filhos. A gente pediu que gravassem �udios contando o que gostariam de saber e de ser. A partir deles, Diogo fez os desenhos em parceria com Ana Vaz, designer que trabalha com a gente”, diz a coordenadora da mostra.
O grupo Mulheres da Ponte � formado por mulheres de Ponte do Acabamundo, �rea rural perto de Diamantina, regi�o de rios do cerrado, diferentemente do semi�rido, onde vivem as integrantes do Bordadeiras do Curtume.
Na cole��o “Sobre terra, plantas e p�ssaros”, os desenhos dos bordados do Mulheres da Ponte foram criados por Maria, filha da matriarca dona Tereza, que � benzedeira e agricultora.
“Ao mesmo tempo em que traz forte ancestralidade, Maria tem a leveza dos passarinhos. � encantada por eles. Os desenhos passam pelas �rvores, pelas plantas e pelos passarinhos”, diz Viviane, que divide a curadoria da mostra com Mariana Berutto e Alexandre Rousset, tamb�m respons�vel pela cenografia. A mostra conta com recursos de audiodescri��o.
“BORDADOS DA TERRA E DO C�U”
Pe�as dos grupos Bordadeiras do Curtume e Mulheres da Ponte. Abertura nesta quinta-feira (15/12) �s 19h, com a presen�a das artes�s, que “jogar�o versos” com o p�blico. Galeria de Arte BDMG Cultural, Rua Bernardo Guimar�es, 1.600, Lourdes. Aberta diariamente, das 10h �s 18h (hor�rio estendido at� 22h �s quintas-feiras). At� 5 de mar�o. Entrada franca.
* Estagi�rio sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria