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Estado de Minas ARTES VISUAIS

Artistas mulheres s�o minoria esmagadora nos grandes museus do mundo

Nas 18 institui��es de destaque nos EUA, 87% das obras s�o de homens. No Prado, s� 1% tem autoria feminina. No Louvre, h� 25 autoras para 3,6 mil pinturas


21/12/2022 04:00 - atualizado 20/12/2022 22:37

Quadro de Artemisia Gentileschi mostra figura feminina
Obra de Artemisia Gentileschi (1593-1656), artista "conhecida em vida, mas apagada ao longo dos s�culos", de acordo com a historiadora Katy Hessel (foto: Bertrand Guay/AFP)

Por muito tempo reduzidas ao sil�ncio enigm�tico da Mona Lisa, as artistas mulheres, ainda bastante minorit�rias nos museus, vingam-se gradualmente do passado em que foram rotuladas como “musas” ou “mulheres de”.


“Temos de acabar com esse refr�o de que as mulheres s�o representadas de forma igualit�ria hoje”, denuncia a historiadora americana Maura Reilly, da revista especializada ArtNews.

'87% das obras dos 18 principais museus dos Estados Unidos foram feitas por homens, 85% deles brancos'

Katy Hessel, historiadora de arte

 
A historiadora de arte Katy Hessel emenda: “87% das obras dos 18 principais museus dos Estados Unidos foram feitas por homens, 85% deles brancos”. Os dados fazem parte de um estudo de 2019 realizado pela revista Public Library of Science.

Katy Hessel, de 28 anos, acaba de publicar o livro “The story of art without men”, dedicado �s mulheres artistas desde o Renascimento.

“Atualmente, todos os museus prestam aten��o � paridade, multiplicam-se as exposi��es dedicadas �s mulheres artistas, o Tate (em Londres) dedica sua programa��o anual �s mulheres. Mas, na realidade, elas est�o muito sub-representadas nas casas de leil�es”, comenta um observador do mercado e feiras de arte contempor�nea.

Longe das casas de leil�es

Embora mulheres com menos de 40 anos estejam ganhando import�ncia, como mostrou o relat�rio Artprice 2022, “nas vendas hist�ricas da Christie's ou da Sotheby's, os recordes ainda s�o detidos principalmente por homens”, acrescenta o especialista.

“O Tate h� muito se empenha em melhorar a representa��o de artistas femininas em sua programa��o e em suas cole��es permanentes”, afirma Polly Staple, diretora da cole��o “British art” do Tate Modern, em Londres.

Por sua vez, a Royal Academy of Art londrina oferecer�, em 2023 – pela primeira vez na hist�ria –, todo o seu espa�o a uma autora: a artista perform�tica s�rvia Marina Abramovic.

“Inverter os c�nones masculinos que dominam a hist�ria da arte � tarefa �rdua, mas acho que os museus aceitam o desafio”, afirma a curadora brit�nica. “Ainda h� muito trabalho a fazer”, admite.

Artista sérvia Marina Abramovic olha para a câmera. Ao fundo, vê-se quadro com ela carregando armas
Em 2023, Marina Abramovic ser� a primeira mulher a ocupar todo o espa�o da Royal Academy of Art, em Londres (foto: Jaime Reina/AFP)

Curador aponta 'misoginia hist�rica'

Em 2020, o Museu do Prado, em Madri, abordou o tema na exposi��o dedicada � figura da mulher na arte. O curador Carlos Navarro afirma que essa mostra revelou um legado de “misoginia hist�rica”, destacando a “ideologia” e a “propaganda do Estado sobre a figura feminina” que fazem parte dele.

Por�m, a iniciativa n�o aumentou a representa��o feminina no museu. Das 35.572 obras da institui��o, apenas 335 (1%) vieram de artistas mulheres. E o mais surpreendente � que apenas 84 estavam em exibi��o p�blica, enquanto o restante permaneceu em armaz�ns.

A propor��o n�o melhora nos grandes museus parisienses. No Louvre, apenas 25 mulheres referenciadas aparecem no universo de 3,6 mil pinturas.

De acordo com o museu, isso se explica “pelo per�odo hist�rico que vai da Antiguidade at� 1848”.

No Mus�e d'Orsay, que em 2019 dedicou grande exposi��o � pintora impressionista Berthe Morisot, apenas 76 obras s�o de mulheres, contra 2.311 de autores masculinos.

Convencida de que “uma hist�ria justa n�o pode ser feita sem arquivos justos”, a historiadora de arte francesa Camille Morineau fundou a associa��o Aware para coletar informa��es sobre mulheres artistas em todo o mundo.

Como lembra Katy Hessel, usando o banco de dados Aware, essas autoras, como a renascentista italiana Artemisia Gentileschi, tema de mostra realizada em Londres em 2020, foram em sua maioria “conhecidas em vida, mas apagadas ao longo dos s�culos”.

Camille Claudel: sombra de Rodin 

Outras ficaram reduzidas ao papel de musas, como a escultora Camille Claudel, cuja obra foi relegada durante d�cadas � sombra das cria��es de Auguste Rodin.

“Imaginar que a mulher poderia inventar algo foi um tabu antropol�gico durante muito tempo”, avalia Camille Morineau.

'Inverter os c�nones masculinos que dominam a hist�ria da arte � tarefa �rdua'

Polly Staple, curadora do Tate, em Londres

 
A historiadora resolveu acabar com esse tabu em 2009, enquanto curadora do Centro Pompidou. Durante dois anos, Morineau exp�s apenas artistas femininas em dois andares da institui��o francesa, atraindo mais de 2 milh�es de visitantes.

Prova irrefut�vel de que havia obras “suficientes” de artistas mulheres nas reservas do museu “para contar toda a hist�ria da arte dos s�culos 20 e 21”, observou. 


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