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Estado de Minas M�SICA

Funda��o de Educa��o Art�stica chega aos 60 anos em 2023

Entidade busca captar recursos para promover no m�s de maio extensa programa��o comemorativa, com artistas convidados


30/12/2022 04:00 - atualizado 29/12/2022 22:11

Berenice Menegale, pianista e presidente da Fundação de Educação Artística, de pé, em frente a exposição fotográfica
A pianista Berenice Menegale, presidente da Funda��o de Educa��o Art�stica, que abriga atualmente em sua sede duas exposi��es, sendo uma de fotografias (foto: Alexandre Guzanshe /EM/D.A Press)

“Uma entidade independente, que se dedica � forma��o musical e � promo��o cultural, chegar aos 60 anos � algo raro, talvez �nico no Brasil.” � com essa observa��o que Berenice Menegale dimensiona a import�ncia da Funda��o de Educa��o Art�stica (FEA), da qual foi uma das criadoras, em 1963. Esse marco das seis d�cadas, no entanto, est� cravado num momento delicado no que diz respeito � quest�o financeira da entidade.

A suspens�o de atividades imposta pela pandemia e a inoper�ncia do governo federal no setor da cultura deixaram a FEA desprovida de recursos para cumprir compromissos elementares. Berenice diz que dois patroc�nios possibilitaram que a entidade reagisse ap�s dois anos de portas fechadas, quando muitos alunos abandonaram seus cursos.

Com o projeto que viabiliza seu pleno funcionamento travado na Secretaria Especial de Cultura, entretanto, n�o h� garantia de que se possa contar com esses patroc�nios no pr�ximo ano, o que comprometeria uma programa��o especial que est� sendo planejada para celebrar os 60 anos da FEA, prevista para o m�s de maio.

Algumas a��es est�o sendo desenvolvidas para que seja poss�vel ao menos dar continuidade �s atividades regulares. Uma delas � a campanha de doa��es para as bolsas de estudo que a Funda��o oferece desde sua cria��o. O per�odo de contribui��es de pessoas f�sica e jur�dica, com dedu��o do Imposto de Renda, foi encerrado na �ltima ter�a-feira e, segundo Berenice, os resultados foram bons.

Ela diz que essa arrecada��o garante a realiza��o dos cursos e a manuten��o das bolsas de estudo nos primeiros meses do ano. “O programa com os alunos bolsistas sempre foi uma prioridade para a Funda��o, porque nosso trabalho de forma��o de m�sicos tem um apelo muito forte entre a popula��o jovem e carente de recursos”, diz.

Ela aponta que outra a��o desenvolvida no sentido da obten��o de recursos � a Seja Amigo da Funda��o, que pretende atrair ex-alunos e pessoas que acompanham e apreciam o trabalho da FEA para que fa�am parte da Associa��o de Amigos da Funda��o - Flama, que faz contribui��es financeiras regulares.

Retomada das atividades

“Mas para realizar um bom trabalho durante todo o ano precisamos da aprova��o do nosso projeto pela Lei Rouanet, que est� parada. Estamos aguardando a retomada das atividades no novo governo, esperando que o Minist�rio da Cultura seja reerguido. Precisamos que o projeto seja liberado para poder captar junto aos patrocinadores”, diz.

O problema � que, ainda que essa aprova��o ocorra no in�cio do pr�ximo ano, o calend�rio seria desfavor�vel para uma capta��o em tempo h�bil. Uma sa�da poss�vel para levar a cabo a programa��o de 60 anos em maio � tentar aprovar na Lei Estadual de Incentivo � Cultura um projeto com esse direcionamento espec�fico, com um valor menor.

A despeito de todas as dificuldades, Berenice considera que h�, sim, o que comemorar. “Nossa resist�ncia vem da convic��o que temos de que fazemos um trabalho muito importante, que atende a uma parcela significativa de jovens carentes. Celebramos o fato de estarmos h� seis d�cadas propiciando a jovens que querem ser m�sicos, que t�m aptid�o, essa possibilidade”, ressalta.

Projeto de bolsas

Ela aponta que v�rios ex-bolsistas est�o atualmente fazendo cursos de aperfei�oamento no exterior. “Comemorar os 60 anos passa por isso, por conseguir manter esse projeto de bolsas e refor�ar outras �reas em que atuamos, como a m�sica de c�mara, um g�nero muito importante ao qual a Funda��o se dedica h� muitos anos”, cita.

O aprimoramento da parte t�cnica da sala Sergio Magnani, onde s�o realizados os concertos regulares – como a s�rie Manh�s Musicais –, se insere nesse �mbito. Berenice destaca que ela � considerada, pelos m�sicos que por l� j� se apresentaram, uma das melhores do pa�s para a m�sica de c�mara. “� pequena, comporta 200 pessoas, mas tem uma ac�stica primorosa. Queremos deix�-la ainda mais perfeita para apresenta��es”, observa.

Apesar de todas as adversidades enfrentadas ao longo dos �ltimos tempos, a pianista considera que o balan�o que se pode fazer deste ano que vai chegando ao final � positivo – sobretudo em compara��o com 2021, quando v�rios dos cursos que eram oferecidos tiveram que ser fechados por falta de alunos e de recursos.

Forma��o instrumental

“Este ano pudemos contar com os patroc�nios da Vale e da Cemig. Sem eles n�o conseguir�amos ter reagido da maneira que reagimos”, aponta. Ela destaca, entre as conquistas de 2022, a realiza��o de um projeto de forma��o instrumental para 70 jovens carentes da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte.

“Foi maravilhoso, com uma carga hor�ria expressiva e nove op��es de instrumentos que os alunos podiam escolher. Eles tiveram, tamb�m, aux�lio alimenta��o e vale-transporte. Foi um projeto muito bem constru�do, que demonstrou um aproveitamento excepcional. Queremos continuar, porque criamos expectativas nesses jovens.”

A retomada presencial e regular da s�rie Manh�s Musicais, que conta com um p�blico cativo, foi outra conquista, segundo Berenice. Ela aponta, tamb�m, a promo��o de diversos eventos culturais e pedag�gicos nas periferias da cidade e a realiza��o da tradicional Semana de M�sica de C�mara.

Preserva��o de mem�ria

“Foi um ano muito rico, e estamos fechando bem, com a sede muito bonita, porque tem duas exposi��es em cartaz aqui, uma reunindo cinco artistas pintores e outra de fotos”, cita. Segundo a artista, a FEA avan�ou tamb�m no que diz respeito ao investimento na difus�o de seu acervo de partituras. Criar uma estrutura forte para a �rea de preserva��o de mem�ria da entidade, da m�sica brasileira e da m�sica latina, de forma geral, � uma prioridade, segundo diz.

Ao longo desses 60 anos de exist�ncia, a FEA tem reunido e arquivado preciosos acervos a ela destinados por seus fundadores, professores e artistas, conforme afirma Berenice. Com o patroc�nio do Fundo Estadual de Cultura, foi poss�vel dar in�cio � digitaliza��o e disponibiliza��o desse material, a come�ar pelo legado de Sergio Magnani.

Morto em 2001, o maestro deixou para a Funda��o, da qual tamb�m � um dos fundadores, documentos pessoais sobre sua vida e trajet�ria profissional, uma significativa cole��o de programas de sala, partituras de �pera e de m�sica sinf�nica, libretos e o registro de seu trabalho de restaura��o de partituras do per�odo de m�sica colonial mineira.

Digitaliza��o do acervo

“Queremos refor�ar essa quest�o dos acervos em 2023. O de Sergio Magnani j� est� todo dispon�vel no site da Funda��o. Os outros ainda n�o est�o digitalizados, mesmo assim muitos m�sicos e pesquisadores v�m consult�-los. Quem quer conhecer mais a nossa m�sica tem esse material � disposi��o”, afirma.

Ela considera que a FEA se firmou, durante essas seis d�cadas de exist�ncia, como um polo de cidadania, inova��o e diversidade, que viu passar por seus corredores artistas conhecidos e reconhecidos pela singularidade de seu trabalho, como Uakti, Titane e O Grivo, entre muitos outros. Tamb�m formou professores de m�sica das principais universidades mineiras, alguns com carreira art�stica ou acad�mica internacional.

Instada a apontar as passagens memor�veis desse percurso de 60 anos, Berenice diz que a pr�pria cria��o da entidade foi um deles. Ela aponta que o intuito dos fundadores da FEA era dar � cidade uma lufada de renova��o no ensino da m�sica, tanto do ponto de vista est�tico quanto pedag�gico, alinhada a uma programa��o cultural de que a capital mineira carecia.

Eventos renovadores

“Desde o primeiro ano oferecemos concertos e eventos musicais renovadores tamb�m, fazendo com que Belo Horizonte se tornasse uma das cidades brasileiras mais interessadas e atualizadas em rela��o � m�sica. Fizemos muitos eventos reunindo compositores latino-americanos que tiveram muita repercuss�o e nos deixaram alguns dos acervos mais importantes que temos”, recorda.

Ela aponta outras contribui��es da FEA para a cidade, como abrigar os m�sicos que integravam a Orquestra da UFMG – a �nica que existia em Belo Horizonte na d�cada de 1960 – quando esta foi extinta. “Sabia-se que o Pal�cio das Artes, que estava sendo constru�do, teria uma orquestra pr�pria, mas, a partir do fechamento da Orquestra da UFMG, alguns anos antes, os m�sicos ficaram sem trabalho aqui”, conta.

Diante desse cen�rio, a FEA criou uma orquestra de cordas e um quinteto de sopros que absorveu aqueles m�sicos, que, segundo Berenice, estavam sendo cooptados por outras capitais. “N�o havia o Minist�rio da Cultura ainda, mas conseguimos um conv�nio com o Minist�rio da Educa��o que nos permitiu manter esses m�sicos aqui durante uma temporada, at� a cria��o da Orquestra Sinf�nica de Minas Gerais”, comenta.

Continuidade e sustentabilidade

Ao longo dessas seis d�cadas foram, tamb�m, muitos momentos dif�ceis, mas nada compar�vel ao que se viu nos �ltimos anos, segundo Berenice. “Foi muito doloroso. Houve uma redu��o grande do n�mero de alunos, o que nunca tinha acontecido. A situa��o a que chegamos no per�odo da pandemia foi incompar�vel. Conseguimos nos reerguer, mas precisamos dar continuidade e sustentabilidade � Funda��o”, ressalta.

O desafio que se coloca no momento, ela aponta, � a realiza��o da programa��o pretendida para marcar os 60 anos da FEA em maio do pr�ximo ano. “H� muitas ideias, mas, do ponto de vista da programa��o mesmo, defini��o de eventos e artistas, isso s� se materializa se a gente conseguir patroc�nio. � algo que est� condicionado.”


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