Banda plebe rude

Com o lan�amento de 'Evolu��o Vol. II', Plebe Rude fecha ciclo no projeto tem�tico da evolu��o da humanidade

Caru Le�o/Divulga��o


Narrar a saga do homem no planeta Terra desde que se tornou b�pede at� a Quarta Guerra Mundial. � o que prop�e a banda brasiliense Plebe Rude, que acaba de mandar para as plataformas digitais o �lbum “Evolu��o Vol. II”.  O novo trabalho fecha um ciclo nesse projeto tem�tico da evolu��o da humanidade. Segundo o vocalista Philippe Seabra, a ideia original era que o projeto fosse lan�ado em 2020, mas veio a pandemia e ele teve de ser adiado.

Mas o m�sico ressalta que esse n�o � um projeto de pandemia, pois os dois discos j� estavam prontos no final de 2019. “A gente lan�ou, nacionalmente, o primeiro �lbum em dezembro daquele ano. E o segundo volume, ia ser lan�ado em abril de 2020. Com a pandemia, entretanto, ficou em stand by. Agora, exatamente, tr�s anos depois, � o momento de lan�armos o volume dois.”

E junto ao volume dois, vem tamb�m uma novidade:  “Vamos montar o musical ‘Evolu��o’”, anuncia Philippe. “� sobre a evolu��o do homem, mas, na verdade, � a partir do despertar da consci�ncia ,que foi entre os 200 mil e 150 mil anos atr�s, o homo sapiens mesmo, as costas eretas e o despertar da consci�ncia. O musical narra essa saga atrav�s de 28 m�sicas in�ditas. Na verdade 27, porque a 28ª, ‘Nova era tecno’, � uma m�sica da banda, de 1987, e saiu no disco ‘Nunca fomos t�o brasileiros’”, acrescenta.

CONSCI�NCIA 

Philippe conta que “Nova era tecno” fala da chegada dos computadores. “‘Evolu��o’ come�a com o homem j� entendendo as coisas, tentando encontrar seu espa�o, sua fun��o no mundo e por a� vai, passando pelo advento do fogo, da roda, do culto religioso, do lado bonito da f�, do lado terr�vel dos genoc�dios causados em nome de Deus, dos imp�rios que sobem e caem e do colonialismo, at� chegar � Quarta Guerra Mundial. J� dizia Einstein: ‘N�o sei como ser� a Terceira Guerra Mundial, mas poderei vos dizer como ser� a quarta, com paus e pedras’”.

As can��es do musical – que engloba os volumes um e dois – seguem uma linha da Plebe?  “Sim e n�o”, responde Philippe.” Sim, porque � a Plebe que est� tocando. N�o, porque � um musical. Por exemplo, a Ana Carolina Floriano, que � a nossa cantora mirim e que at� apareceu no 'The voice kids', e a Dana Buarque, da banda The Monic, tamb�m cantam no disco.” O musical, segundo o artista, ter� dire��o de Jarbas Homem de Mello.

Philippe revela que “Evolu��o” deve contar com 15 pessoas no palco e, dentro da linguagem musical, � para ser ouvido na ordem, al�m de incluir coreografia e cenografia. “As m�sicas se sustentam sozinhas, s� que as tem�ticas s�o diferentes, pois uma fala da queda de Roma, outra sobre a engrenagem, a chegada do per�odo industrial. Fora do contexto, os f�s podem achar um pouco estranho, mas sabendo que h� uma linearidade sobre a evolu��o humana, ver� que tudo faz sentido.”

Segundo o artista, as letras v�m recheadas com cr�ticas sociais e culturais. “N�o � uma coisa pedante, porque a Plebe sempre foi incisiva.  Hoje  os artistas brasileiros n�o est�o usando o espa�o que t�m, dentro da pr�pria arte. Vemos todo mundo opinando sobre a pol�tica, mas a m�sica n�o. E, para mim, o artista se expressa atrav�s da m�sica. Acho estranho isso. Por mais que John Lennon dava suas declara��es bomb�sticas, foi atrav�s da m�sica que os Beatles fizeram a revolu��o. Por mais que o Joe Strummer, do The Clash, dava entrevistas incisivas, era atrav�s da m�sica a verdadeira revolu��o.”

�PERA ROCK 

Para o artista, esse engajamento da arte no Brasil est� “muito insosso”. “Na verdade, parece que � mais uma performance, � mais para tentar chamar a aten��o, porque, nesse ru�do de internet que a gente tem, como algu�m chama a aten��o? Hoje, os artistas est�o fazendo isso atrav�s da internet, pela pol�mica e n�o pela m�sica. Isso, particularmente, como cidad�o e compositor, me incomoda. Dentro da hist�ria do rock nacional, acho que esse projeto � �mpar, porque tem tudo. Tem erudito e m�sicas orquestrais gigantescas. Podemos dizer que � uma �pera rock.”

Quanto ao musical, Philippe conta que h� momentos muito incisivos nele. “No 'Vol. I', h� um momento interessante na m�sica ‘O descobrimento da Am�rica’. Na realidade, ela n�o foi descoberta, mas conquistada. A can��o � do ponto de vista dos peregrinos e colonos, ent�o, sim, eles conquistaram, � tudo uma quest�o de perspectiva e n�o que a gente esteja concordando com isso. Na verdade, um momento extremamente brutal.”

Philippe destaca ainda outro momento, o da Am�rica Latina. “‘Ditadores sobem e caem, demagogos entram e saem, o populismo sempre trai o idiota que o abra�a’. Isso est� no epis�dio da Am�rica, mas � atemporal. Olha o que o Brasil tem vivido nesses �ltimos quatro anos. A Plebe vem batendo nessa tecla h� cerca de 40 anos, criamos a banda em 1981, antes mesmo do boom do rock nacional.”

ESPERAN�A 

O artista ainda destaca a m�sica ‘P�ndulo da hist�ria’, em “Evolu��o”. “Nossa passagem pela Terra � um gr�o de areia. As pessoas dizem ‘vamos salvar o planeta’. O planeta estar� bem, a gente � que se ferrar�, a ra�a humana � que vai desaparecer que nem os homens sapiens. Depois que o asteroide aniquilou tudo, demorou 2 milh�es de anos para que as florestas tropicais voltassem e sob nova forma.”

Mas, no final do musical, segundo Philippe, h� uma ponta de esperan�a. “A entrada do Jarbas Homem de Mello no projeto foi bem interessante, porque, com uma vis�o maior de musical, disse que queria mais luz, porque o espet�culo estava pesado e mostrando somente o lado ruim da humanidade. E por causa dele, a gente fez m�sicas como ‘Vit�ria’, presente no 'Vol. II'. ‘Um belo dia em Floren�a, est� no 'Vol.I'. H� outras m�sicas mais pra cima, como ‘A mesma mensagem’, que fala sobre a intoler�ncia religiosa, mas tamb�m n�o � uma cr�tica velada, pois mostra tamb�m o lado bonito da f�.”

Philippe destaca ainda o lado bonito da f�. “O rito, o bem que faz para a alma das pessoas, mas tem tamb�m o lado terr�vel das atrocidades, das cruzadas e tudo cometido em nome de Deus.” “E (a evolu��o do homem) n�o � uma hist�ria f�cil de explicar. O importante � perceber que est� melhorando, a escravid�o como conhec�amos n�o existe mais, a Penicilina, a medicina, os avan�os, os direitos humanos, os direitos LGBTQ, est�o melhorando. E a gente tem que focar nessa coisa que est� melhorando.”

VINIL 

Assim como o primeiro disco que saiu tamb�m em formato f�sico, o segundo deve ser prensado em breve. “Obviamente, o grosso hoje em dia � o digital. A gente j� tem 12 discos e � fascinante apertar um bot�o e os mesmos estarem dispon�veis para o mundo inteiro, em segundos. Estamos com a ideia de fazer vinil tamb�m, mas teriam de ser quatro discos, pois s�o cerca de 150 minutos de m�sica.”
Philippe afirma que na era digital o problema �  n�o ter mais as capas e os encartes dos discos. “A experi�ncia do filme e do musical ‘Tommy’, do The Who, para mim foi incr�vel, porque dava para acompanhar as letras, ver fotos do filme, absorver aquilo como se fosse uma experi�ncia multissensorial. As letras s�o extremamente densas e quilom�tricas e me chateia n�o ter isso, de sentir o peso do vinil, do cheiro do disco novo, do barulho da agulha, de ver as fotos e acompanhar de perto. A minha gera��o fazia isso o tempo inteiro.”

PRIS�O EM MINAS 

Philippe relembra fatos marcantes da carreira, como a primeira banda de rock de Bras�lia: Aborto El�trico, fundada em 1978, durando at� 1981. “Era formada por Renato Russo (baixo), Andr� Pretorius (guitarra) e F� Lemos (bateria). Em 1981, surgiu a Plebe Rude e Renato Russo come�ava a fazer o �lbum ‘Trovador solit�rio’. E em 1982 fomos fazer aquele show em Patos de Minas, quando todo mundo foi preso, porque cantamos duas m�sicas censuradas.”

Al�m de Philippe Seabra (voz e guitarra), a Plebe Rude atualmente � formada por Clemente Nascimento (voz e guitarra), Andr� X (baixo) e Marcelo Capucci (bateria). Para o futuro, o vocalista revela que em breve lan�ar� sua biografia, cujo nome ser� “O homem da Plebe”.

Capa do CD 'EVOLUÇÃO VOL. II'

Capa do CD "EVOLU��O VOL. II"

Fernando Dalvi/Divulga��o


“EVOLU��O VOL. II”
• �lbum da Plebe Rude
• Dispon�vel nas plataformas digitais