Diretor do premiado drama "Meu pai" perde o rumo no novo longa, "Um filho"
Diretor volta a adaptar para a telona uma pe�a teatral sua, mas desta vez trata o tema da depress�o de maneira desastrada; estreia � nesta quinta (23/3)
Hugh Jackman interpreta o pai de um adolescente, vivido por Zen McGrath, que enfrenta a depress�o
DIAMOND FILMS/DIVULGA��O
J� na metade de “Um filho”, que estreia nesta quinta-feira (23/3) nos cinemas, o espectador come�a a se perguntar o que aconteceu. Este � mesmo um filme do diretor do duplamente oscarizado “Meu pai” (2020), o perturbador e engenhoso retrato de um homem lutando contra a dem�ncia?
O dramaturgo, romancista, roteirista e cineasta franc�s Florian Zeller fala mais uma vez sobre transtorno mental, mas sob outro ponto de vista. E com um resultado bastante inferior ao seu longa anterior, mesmo contando com cen�rio magn�fico e elenco de peso: Hugh Jackman, Laura Dern e Vanessa Kirby, al�m do sempre impec�vel Anthony Hopkins (vencedor do Oscar de melhor ator por “Meu pai”; a outra estatueta foi para roteiro adaptado), aqui numa pequena participa��o.
A exemplo de “Meu pai”, “Um filho” tamb�m � uma adapta��o de uma pe�a teatral do pr�prio Zeller.
Ambientada em Nova York, a hist�ria acompanha Nicholas (Zen McGrath), o filho adolescente de pais ricos e divorciados, Peter (Hugh Jackman) e Kate (Laura Dern). O casamento acabou e Peter vive hoje com sua nova e jovem mulher, Beth (Vanessa Kirby), e o filho rec�m-nascido, Theo.
Kate vai atr�s do ex com um pedido de ajuda. Acabou de descobrir que faz um m�s que Nicholas n�o vai � escola. O pai vai conversar com o garoto, que pede para morar com ele. Algo est� muito errado, e Nicholas n�o se cansa de afirmar que n�o consegue fazer nada, que n�o sabe o que h� com ele. O garoto tenta esconder as cicatrizes nos bra�os, mas qualquer um j� matou a charada: ele sofre de depress�o.
Dada esta apresenta��o, o espectador tampouco demora a entender que o t�tulo, “Meu filho”, n�o se refere a Nicholas, mas a Peter, o homem que � pai e filho. Na breve participa��o de Hopkins como o pai deste, entendemos que o problema de Peter vem de longe: seu pai nunca deu muita bola para ele e acha absolutamente rid�culo um homem de 50 anos chorar pitangas sobre a inf�ncia e a adolesc�ncia nesta altura da vida.
Dicas
A sequ�ncia serve tamb�m para enfatizar a diferente musculatura dram�tica entre o brilhante ator brit�nico e o Wolverine australiano. Jackman n�o consegue a densidade que o papel de Peter exige.
Mas o problema maior � a condu��o da hist�ria. Nicholas n�o para de dar dicas sobre seu real problema. N�o tem amigos, s� d� alguns sorrisos quando est� exclusivamente com o pai (e a� tem tamb�m uma boa dose de manipula��o do adolescente), chora por qualquer coisa, � agressivo com a madrasta e simplesmente n�o consegue sair do lugar.
� completamente improv�vel que os personagens adultos bem-sucedidos (Peter � um advogado de uma grande empresa cuja sede tem vista para o Empire State e ele est� prestes a ingressar na pol�tica) nunca tenham ouvido falar de depress�o ou de como ela se manifesta. Sua falta de no��o chega a irritar. Peter, sobretudo, n�o quer repetir o pai que teve. Mas ele erra sem parar, pois teima em n�o ver a verdade e insiste em transformar o garoto em uma imagem de si mesmo.
Depress�o na adolesc�ncia � um tema s�rio e muito debatido na atualidade. Zeller trata do assunto com boa inten��o, mas sua narrativa � t�o ing�nua na execu��o que o tiro acaba saindo pela culatra. Especialmente na sequ�ncia final, uma reviravolta quase insens�vel diante de um assunto t�o delicado.
“UM FILHO”
(Fran�a/Reino Unido, 2022, 123min.). Dire��o: Florian Zeller. Com Hugh Jackman, Vanessa Kirby e Laura Dern. Estreia nesta quinta-feira (23/3), nos cines Boulevard 1, �s 16h10 e 21h05 (exceto ter e qua) e 18h55 e 21h20 (qua); Del Rey 1, �s 14h; Del Rey 7, �s 20h30; Diamond 2, �s 16h45 e 22h; P�tio 1, �s 15h20 e 18h10 (exceto qua) e 15h e 17h50 (qua); Ponteio 4, �s 16h25, 18h50 e 21h10; UNA Belas Artes 2, �s 16h10 e 20h30 .
*Para comentar, fa�a seu login ou assine