Henrique Portugal, Samuel Rosa abraçado com Milton Nascimento, Haroldo Ferretti e Lelo Zaneti no palco do Mineirão, no último show do Skank

Momento emocionado no Mineir�o: Henrique Portugal, Samuel Rosa, com os olhos marejados, Milton Nascimento, Haroldo Ferretti e Lelo Zaneti

Leandro Couri/EM/D.A Press


Jogar em casa ajuda, mas n�o � garantia de vit�ria. Ciente disso, diante do Mineir�o lotado, o Skank esbanjou t�cnica e ra�a para entregar � sua torcida – ou melhor, aos f�s – uma goleada no show de encerramento da “Turn� de Despedida”, na noite de domingo (26/3). O escrete contou com refor�o mais que luxuoso: Milton Nascimento subiu ao palco para cantar a primeira m�sica do bis, “Resposta”.
 
O p�blico vibrou com a extensa cole��o de sucessos do grupo formado em Belo Horizonte no in�cio dos anos 1990, que encerrou as atividades ap�s a longa turn� iniciada no ano passado, que percorreu o pa�s de Norte a Sul.

Uma hora antes do in�cio do show, a movimenta��o de carros e pessoas era bastante intensa no entorno do Mineir�o. Dentro do est�dio, 50 mil pessoas, ocupando todos os setores, n�o escondiam a ansiedade.
 
Henrique Portugal, Samuel Rosa, Haroldo Ferretti e Lelo Zaneti se despedem do público, no final do show

Henrique Portugal, Samuel Rosa, Haroldo Ferretti e Lelo Zaneti se despedem do p�blico, no final do show

Leandro Couri/EM/D.A Press
 
 
Marcada para as 19h, a apresenta��o come�ou pouco depois das 19h30, com “Dois rios”, do �lbum “Cosmotron” (2003), que o p�blico cantou com vontade, como que dando vaz�o � espera. O Skank orquestrou verdadeiro “tira o p� do ch�o” com a segunda m�sica, “� uma partida de futebol” – faixa de “O samba Pocon�” (1996) –, congregando atleticanos, cruzeirenses e americanos.
 
Na sequ�ncia, Samuel Rosa, Henrique Portugal, Lelo Zaneti e Haroldo Ferretti seguiram embarcados com a plateia na m�quina do tempo de volta aos anos 1990, com “Esmola” e “Pacato cidad�o”, ambas do �lbum “Calango” (1994). 


Samuel se emociona: 'Tinha tudo para dar errado'
 
“A gente j� passou dos 50, pessoal. E ainda tem muita coisa para fazer neste palco hoje. Ent�o, uma banda que come�a l� em Belo Horizonte nos anos 1990 tocando em bares, muita gente aqui viu, muita gente acompanhou. Festinha de faculdade... (Em) Qualquer buraco a gente estava tocando. Tinha tudo para dar errado, mas estamos aqui, 32 anos depois.”

O cantor destacou o temor, no in�cio da carreira, pela efemeridade no mundo da m�sica pop: “Tinha v�rias d�vidas, �bvio, todos n�s, com a tenra idade de 24, 25 anos. E hoje a gente sobe no palco com todas as respostas. Passamos por todos esses anos, amadurecemos. Vu usar uma palavra: envelhecemos, porque � uma palavra muito digna, porque a gente continua relevante para tanta gente que est� aqui”.

 

O roteiro seguiu alternando hits de diferentes �pocas, maratona musical que contemplou toda a discografia do Skank. O grupo emendou “Uma can��o � pra isso”, de “Carrossel” (2006), retrocedeu a “� proibido fumar”, de “Calango”, e avan�ou com “Saideira”, de “Siderado” (1998), que empolgou a pista. 
O bloco de can��es dos anos 2000 entusiasmou ainda mais a multid�o de f�s. Vieram “Can��o noturna”, de “Maquinarama” (2000), e “Ainda gosto dela”, de “Estandarte” (2008), que Rosa interrompeu no meio para dizer que o show era gravado para gerar DVD. E pediu ao p�blico para continuar cantando a capela.
 
O �lbum “Cosmotron” voltou � baila com duas m�sicas – “Amores imperfeitos” e “Formato m�nimo” –, a primeira mudan�a em rela��o ao repert�rio apresentado em S�o Paulo, na �ltima escala da turn� antes de BH. O roteiro foi retomado com “Balada do amor inabal�vel”, de “Maquinarama”.
 
Plateia canta no último show do Skank, no Mineirão

Cinquenta mil pessoas foram ao Mineir�o dar adeus ao Skank

Leandro Couri/EM/D.A Press
 

Nos bra�os da galera

A confraterniza��o continuou com “Ela me deixou”, do �ltimo disco de in�ditas, “Velocia” (2014), e “Jackie tequila” (de “Calango”). Neste momento, Samuel Rosa foi para os bra�os da galera: desceu do palco, cumprimentou e abra�ou f�s pr�ximos do alambrado, autografou camisas e deu trabalho para os seguran�as.
 
O vocalista entregou o inoxid�vel hit “Te ver” (de “Calango”, o �lbum mais explorado do roteiro). O bonde de sucessos seguiu com “Acima do sol”, de “Multishow: ao vivo no Mineir�o” (2001) – can��o para a qual Rosa voltou a convocar o coro da plateia, muito animada.
 
O vocalista comandou o giro de camisas erguidas no ar, durante a execu��o de “Tr�s lados”. Do palco, disse ver cores e escudos de v�rios times de futebol do pa�s. Emendou com “Vou deixar”, cantada a plenos pulm�es pelo p�blico.
 
Rosa passou a palavra para Henrique Portugal para que apresentasse os m�sicos da banda de apoio. Em seguida, veio “Garota nacional”, que puxou o �lbum mais vendido da hist�ria do Skank, “O samba Pocon�”. A plateia dan�ou e cantou muito. 
Sem deixar a peteca cair, a banda foi de “Mandrake e os cubanos” (de “Siderado”). Depois, para esfriar os �nimos, veio “Esquecimento”, parceria de Rosa com Nando Reis, executada com o est�dio fartamente iluminado pelos celulares.
 
Outra parceria da dupla, “Sutilmente” (de “Estandarte”) sustentou as luzes e o clima intimista – se � que cabe a palavra em um ambiente com 50 mil pessoas. Outra conduzida pelo viol�o, em registro mais suave, “Algo parecido” (da colet�nea “Os tr�s primeiros”, 2018) fechou o bloco.
 
Visivelmente tocados, os quatro integrantes do grupo prestaram rever�ncia � plateia. “Vamos fugir”, de Gilberto Gil, elevou novamente a temperatura no Mineir�o. As luzes do palco se apagaram. Conforme o script de outros shows da turn�, era o momento da pequena pausa antes do generoso bis, que come�ou com um momento cat�rtico.
 
Samuel Rosa, de blusa azul, toca guitarra e canta no palco do Mineirão

Samuel Rosa cantou reggae, rock e balada. Tamb�m disse que o Skank sempre foi conectado com Belo Horizonte

Leandro Couri/EM/D.A Press
 

Bituca ovacionado

Rosa, Portugal, Zaneti e Ferreti retornaram � cena amparando Milton Nascimento. Samuel n�o conteve as l�grimas, com o p�blico gritando: “Bituca!, Bituca!”. Sentados lado a lado, Milton e Rosa cantaram “Resposta” diante da plateia extasiada. Os tel�es flagravam o choro solto dos f�s. Em seguida, o vocalista deu a senha: “Vamos seguir com rock’n’roll”.
 
E veio “Mil acasos”. O vocalista lembrou que nos anos 1990 a popula��o de BH se voltou para a pr�pria cidade, valorizando seu patrim�nio.
 
“Isso, de certa forma, foi o pontap� inicial do que a gente est� vivendo agora, a gera��o que preserva as coisas da cidade. A gente tem se empenhado muito para que Belo Horizonte se torne cada vez uma cidade melhor e o Skank abordou, como voc�s sabem, v�rias coisas”, disse.
 
Com cara de choro, Henrique Portugal mandou aviõezinhos de papel para o público depois do show

Com cara de choro, o tecladista Henrique Portugal mandou avi�ezinhos de papel para o p�blico depois do show

Leandro Couri/EM/D.A Press
 
Minas Gerais e a capital sempre estiveram nas letras do Skank, mas o grupo tamb�m cantou o Brasil de Norte a Sul, disse o vocalista. Pocon�, por exemplo, � uma cidade de Mato Grosso. Foi a deixa para o agradecimento aos f�s de outros estados.
 
O roteiro seguiu com “Ali” (de “Maquinarama”) e “Simplesmente”, parceria de Rosa com Roberta Campos. O reggae marcou presen�a com “O beijo e a reza” e “Baixada news”.
 
Rosa perguntou quem tinha pique para ouvir uma do primeiro �lbum e, sem esperar resposta, conduziu “Tanto”. Avisou que repetiria duas m�sicas “que n�o ficaram t�o boas” para o DVD: “Mil acasos” e “Sutilmente”.
 
“Este dia est� sendo registrado. Isso aqui vai virar um DVD. A gente vai poder guardar na nossa cabe�a e no nosso cora��o para a eternidade”, comentou.
 
Para encerrar definitivamente os trabalhos, o grupo embalou o p�blico com “T�o seu” (de “O samba Pocon�”). Finda a apresenta��o, os m�sicos se abra�aram no palco, prestaram rever�ncia ao p�blico. E fim.