No novo �lbum, Dori Caymmi musicou 13 poemas do livro hom�nimo do "parceiro e amigo" Paulo C�sar Pinheiro
Miriam Villas Boas/Divulga��o
Valsas, can��es, bai�o, samba, choro e marcha fazem parte das 14 faixas in�ditas do �lbum “Sonetos sentimentais para viol�o e orquestra” (Acari), de Dori Caymmi e Paulo C�sar Pinheiro. J� rodando nas principais plataformas digitais, o disco traz as participa��es da Orquestra de Cordas de St. Petersburg, Itamar Assiere (piano), Jorge Helder e Sidiel Vieira (contrabaixo), Teco Cardoso (flauta), Juli�o Pinheiro (viol�o de sete cordas), M�rio Gil (viol�o) e Br� Pinheiro (percuss�o). Dori participa do disco cantando e tocando viol�o.
O m�sico carioca conta que os sonetos sempre lhe despertaram uma certa curiosidade, pela sua forma de como music�-los. “Com o lan�amento do livro hom�nimo do meu parceiro Paulo C�sar Pinheiro, comecei a selecionar 13 sonetos dele. Fiquei surpreso com o resultado, pois surgiram ritmos como valsas, bai�o, marcha, can��es e sambas. Mostrei para ele, que adorou a ideia, e come�amos a gravar o disco. Gravamos tudo antes da pandemia. Primeiramente, a voz e o viol�o; depois, as cordas em S�o Petersburgo, na R�ssia. O restante foi entre Rio de Janeiro e S�o Paulo”, detalha Dori.
O poema “Canto brasileiro”, que abre o disco, � o �nico que n�o faz parte do livro de Paulo C�sar, “Sonetos sentimentais para viol�o e orquestra” (Editora 7 Letras, 2014). Dori explica que o lan�amento do disco n�o ocorreu antes porque ele seguiu os protocolos impostos pela pandemia. “Com essa coisa toda de COVID, decidi ficar recolhido em casa, afinal vou fazer 80 anos em junho, portanto j� pertencia ao grupo de risco”. Ele ressalta que o �lbum era um projeto que havia gravado, primeiramente, com viol�o e voz: “Na �poca, estava com uma curiosidade danada para musicar os sonetos do meu parceiro e amigo Paulo C�sar Pinheiro.”
inspira��o A escolha do nome do �lbum tamb�m foi natural. “Ap�s o lan�amento do livro, pensei 'Sonetos sentimentais para viol�o e orquestra' � um nome lindo para um disco. Ent�o, comecei a escolher e musicar 13 poemas do livro. Fui muito feliz na escolha dos sonetos, que ficaram ainda mais lindos musicados. Esse disco � o resultado de eu ser um m�sico que tem paix�o por aqueles que me antecederam, esses brasileiros fabulosos, desde Villa-Lobos e Chiquinha Gonzaga, todas essas pessoas lindas que fizeram Tom Jobim, Jo�o Gilberto, Dolores Duran e Johnny Alf, entre outros. E de l� para c�, tamb�m a minha gera��o que, por acaso, teve preocupa��es sociais, como o cinema novo que come�ou naquela �poca e o teatro de arena”, recorda Dori.
Em Minas Gerais, para citar alguns, Dori fala sobre Jo�o Bosco, Toninho Horta e Milton Nascimento, “um tima�o”, segundo ele. “L� Borges e Beto Guedes j� t�m uma coisa 'beatleniana' vamos assim dizer, mas as m�sicas tamb�m s�o �timas. De qualquer maneira, a minha posi��o � de m�sico e compositor, completamente diferente da pessoa do palco que � uma outra coisa. Por exemplo, Bituca �, naturalmente, um artista do palco.”
Dori revela que realmente n�o � muito f� de palco. “Na verdade, n�o gosto muito de cantar. Sou mais um m�sico de retaguarda. Meus irm�os todos seguiram essa linha que tamb�m sigo. Minha irm� Nana Caymmi somente canta o que ela quer e acabou. Ela n�o tem essa coisa do palco, de gostar disso ou daquilo, canta porque gosta de cantar. Ela aprendeu isso em casa.”
RECORDA��ES
Dori conta que conheceu muito m�sico famoso, pois a casa de seus pais vivia cheia de artistas. “Conheci Ary Barroso e Braguinha, entre tantos outros. Ali�s, conheci muita gente de qualidade e isso � uma responsabilidade muito grande para mim.”
Ele mesmo lembra que, antigamente, havia uma certa bronca da turma da bossa nova com a do rock. “Quando eu implicava com algo, era pelo fato de a pessoa usar o rock and roll, que n�o era uma coisa brasileira. Trabalhei por 27 anos nos Estados Unidos, conheci v�rias bandas e at� gravei com o baterista do The Police, mas nunca questionei a essas pessoas, exatamente pelo fato de elas estarem fazendo m�sica da terra deles, ningu�m est� fazendo bossa nova.”
Agora, segundo o m�sico, a hora � do funk, reggae e hip hop, “que tamb�m n�o s�o brasileiros”. “Na verdade, optei pela m�sica brasileira de verdade. E como n�o tenho essa influ�ncia de fora, fico com os brasileiros que fazem m�sica de qualidade muito bem. Antes, questionava muito isso, mas hoje entendo perfeitamente, pois as pessoas t�m que fazer o que elas precisam fazer, apresentar seus trabalhos, enfim, cada um no seu quadrado. Antes, era mais intransigente, hoje n�o sou mais. Agora sou um senhor de idade e entendi que sou um m�sico e os caras s�o pessoas de palco e, al�m disso, o artista precisa sobreviver. E para sobreviver, ele tem que se adaptar ao meio. Por outro lado, eu n�o tenho que me adaptar a nada, porque sou m�sico e compositor, mas n�o sou de palco.”
UTOPIA
Dori relembra ainda uma entrevista de Chico Buarque, na qual ele dizia que “a m�sica como a gente conhecia, terminou, que iria vai acabar”. “Fiquei um pouco chocado com aquilo, mas ele tinha toda raz�o. Hoje em dia � uma outra fase. Ent�o, 'Sonetos sentimentais' � uma utopia danada”, finaliza o m�sico.
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