Sean Connery e Christian Slater em cena do filme 'O nome da rosa'

Em filme de 1986, Sean Connery viveu o frade detetive e Christian Slater deu vida ao jovem Adso, secret�rio do detetive.

Neue Constantin Film/Divulga��o
 

 

PARIS, FRAN�A - O Festival do Livro de Paris foi inaugurado com 300 escritores de diferentes nacionalidades e a It�lia como pa�s homenageado. Como diria Umberto Eco, "quem n�o l� disp�e de �nica vida: a pr�pria".

 

O autor de "O Nome da Rosa" esteve no centro do evento porque o romance foi adaptado para os quadrinhos por Milo Manara, outro italiano.

 

Eco � conhecido como semi�logo, romancista prol�fico e respeit�vel professor da Universidade de Bolonha. Mas levava a s�rio as hist�rias em quadrinhos. "O Mito do Super-Homem", artigo publicado em 1976, � prova disso. "Quando procuro relaxar, leio ensaio de Engels, e quando quero algo mais s�rio leio Corto Maltese", ele dizia, por n�o ter preconceitos liter�rios.

 

O festival celebrou os quadrinhos, dando a Milo Manara um lugar especial. Em uma entrevista para a revista Le Point, ele conta que entrou em p�nico quando aceitou fazer a adapta��o de "O Nome da Rosa".

 

Como adaptar um romance que � um ensaio teol�gico, uma reflex�o erudita do poder da l�ngua, um retrato da Idade M�dia, um elogio do riso transgressor e um policial digno de Arthur Conan Doyle? Milo Manara, mestre do erotismo, aceitou o desafio e fez uma vers�o em quadrinhos.

 

 

 

 

Dado o sucesso mundial, o romance foi adaptado para o cinema por Jean-Jacques Annaud com Sean Connery no papel do detetive e Christian Slater como jovem Adso, secret�rio do detective. Annaud deu �nfase aos di�logos no filme. Manara se concentrou na dimens�o visual.

 

Segundo o autor, o romance apresenta imagem surpreendente da Idade M�dia, a de fantasia sem limites, febril, simbolizada por desenhos fant�sticos ou obscenos que existiam nas margens dos manuscritos da �poca, descritos por Eco como de Fellini.

 

Umberto Eco com gravata listrada

Para Umberto Eco, "quem n�o l� disp�e de �nica vida: a pr�pria"

John Macdougall/AFP

 

Eco celebra o conhecimento e a imagina��o, por meio da biblioteca, que se encontra no centro da abadia. Seus her�is s�o os monges iluminadores.

 

Para criar o imagin�rio figurativo, Manara se inspirou nos afrescos de Giotto di Bondone e, para n�o deixar de ser fiel a si mesmo, exaltou a sensualidade, valendo-se da cena na qual Adso encontra a mulher que o inicia no amor.

 

Manara diz que, ao fazer a adapta��o, refletiu sobre o significado do livro. Pensou na pobreza do Cristo, que contrasta com a desigualdade cada vez maior. Pensou tamb�m "no direito de rir de tudo" diante do obscurantismo atual.

 

"O Nome da Rosa" de Manara foi pr�-publicado na revista italiana Linus. Na It�lia, sair� este m�s pela La Nave di Teseo, editora fundada tamb�m por Eco. Na Fran�a, em setembro, pela Gl�nat. Dever� sair tamb�m no Brasil, na contram�o do preconceito vigente no pa�s contra a hist�ria em quadrinhos.