Cantores Lawrence Newton, Troy May e Gerald Alston caminham em estrada

Lawrence Newton, Troy May e Gerald Alston mant�m at� hoje a chama de hits rom�nticos do The Manhattans lan�ados na d�cada de 1980

The Manhattans/reprodu��o

'A m�sica � essencial, emocionalmente e mentalmente, para o povo preto. Ela nos d� a for�a necess�ria para lutar'

Gerald Alston, cantor


Vencedor do pr�mio Grammy em 1980, o grupo de soul norte-americano The Manhattans comemora 60 anos de carreira e chega a BH, nesta sexta-feira (30/6), para interpretar suas famosas baladas de amor pela primeira vez na cidade.

O quinteto original passou por v�rios formatos. Atualmente � um trio formado por Gerald Alston, Troy May e Lawrence Newton. Os sucessos “Kiss and say goodbye”, “Shining star”, “There’s no me without you” e “Forever by your side” estar�o no repert�rio rom�ntico e nost�lgico do show.

The Manhattans embalou casais apaixonados na d�cada de 1980 e j� visitou o Brasil anteriormente. O trio vai cantar tamb�m em S�o Paulo e Salvador, no pr�ximo fim de semana. Em entrevista ao Estado de Minas, o vocalista Gerald Alston, de volta ao grupo depois de seguir carreira solo, revela o segredo da longevidade dos hits do The Manhattans, fala do carinho pelo Brasil e comenta a import�ncia do soul nas lutas do movimento negro. 

O que mudou nesses 60 anos de carreira do The Manhattans?
A m�sica mudou muito durante todos esses anos. Tive de aprender a ser mais paciente. Tamb�m aprendi a acreditar mais em mim, sou muito confiante na ideia de que temos de nos manter verdadeiros a n�s mesmos, a quem n�s somos. A cada dia que passa, aprendo a ser mais humilde e conectado com nossos f�s e com os amigos que fizemos pelo caminho, seja na r�dio, nos palcos, na TV, em todos os lugares. S�o essas pessoas e essas viv�ncias que permitem que eu seja quem sou e que o grupo esteja onde est�.

O grupo alcan�ou longevidade incr�vel em sua carreira, adaptando-se �s mudan�as de cada �poca. Como foi esse processo?
N�s apenas decidimos nos manter fi�is a quem somos. Muitos artistas, especialmente os de R&B (nos Estados Unidos), pulam de cabe�a em novos estilos que fazem sucesso e acabam seguindo por outros caminhos. Artistas da nossa �poca fizeram sucesso com o soul. Mesmo de maneira diferente, como fazemos hoje em dia, seguimos no mesmo curso de quando come�amos. Podemos atualizar nossas produ��es musicalmente, mas temos de permanecer quem somos. Voc� pode me imaginar tentando fazer rap? N�o, porque este n�o seria eu. Todos sabem que cantamos baladas de amor e can��es sobre a vida, isso diz muito sobre o que acreditamos.
 

'Cantamos sobre a vida, as can��es contam hist�rias que encorajam as pessoas. N�o importa o qu�o dif�cil seja, se voc� aguentar firme, voc� consegue. Isso � um pouco do que nossa m�sica significa em todo o mundo'

Gerald Alston, cantor

 

A turn� traz as can��es “Kiss and say goodbye”, “Shinning star” e “There’s no me without you”. As pessoas continuam se identificando com os sucessos do passado?
Continuam se identificando, ainda sentem as emo��es de anos atr�s. Mas o p�blico mais jovem tamb�m vem nos ver e eles gostam mais de 'uau'. � uma rea��o diferente, mas � uma rea��o positiva.

Qual � o seu sucesso preferido do The Manhattans?
“There’s no me without you”. Falamos aos nossos amigos do r�dio, aos f�s e �queles que trabalharam conosco durante todos esses anos que os amamos e admiramos muito. “There's no me without you” � uma carta de amor para eles. � a nossa maneira de dizer: “Obrigada, n�s n�o existir�amos sem voc�. Somos verdadeiramente gratos por sua exist�ncia”.
 
 

Voc�s estreiam em BH agora, mas j� cantaram v�rias vezes no Brasil. O que o senhor acha do pa�s?
� sempre uma �tima experi�ncia vir ao Brasil. A primeira vez em que visitei o pa�s foi como artista solo, no fim da d�cada de 1980. Eu e alguns artistas viemos fazer a��es promocionais de r�dios americanas, mas acabamos por nos apresentar tamb�m. Foi realmente empolgante, n�o consigo esquecer. Lembro-me de ficar muito surpreso, porque os f�s do Rio de Janeiro e de S�o Paulo me recepcionaram muito bem e me apoiaram como artista solo. Eu me lembro de me apresentar em um clube e, depois que terminei de tocar meu repert�rio solo, eles come�aram a gritar: ‘Canta mais, canta mais’. Apresentei 15 ou 20 minutos de can��es do The Manhattans a capela e eles amaram muito. Desde ent�o, voltei mais seis vezes, creio, com o grupo e tem sido maravilhoso.

O senhor ouve m�sica brasileira?
Tenho dificuldade em falar os nomes delas, mas escuto e gosto de can��es brasileiras h� muitos anos. A m�sica de voc�s � maravilhosa e inspiradora, ela toca a alma e amo isso. Nos encontramos com alguns artistas nas �ltimas vezes em que visitamos o pa�s e estamos preparados para conhecer mais sobre a diversidade de g�neros musicais do Brasil. Acredito que muitas grava��es de R&B norte-americanas tenham se inspirado na m�sica de voc�s. Isso � lindo, porque compartilhamos nossas culturas e hist�rias sobre nossas vidas. Queria at� cantar alguns sucessos brasileiros, mas desta vez n�o tivemos tempo de nos preparar para isso.
 
 
A soul music tem ra�zes na cultura negra, faz parte das viv�ncias dos negros nos Estados Unidos e no mundo. Esta m�sica ainda � for�a poderosa na luta contra o racismo, principalmente diante de movimentos como o Black Lives Matter?
Eu acho que sim. A m�sica � essencial, emocionalmente e mentalmente, para o povo preto. Ela nos d� a for�a necess�ria para lutar. N�o me refiro � luta f�sica, mas � batalha incessante por continuar avan�ando nas pautas raciais. Nos convidaram muitas vezes para fazermos shows na �frica do Sul antes do fim do apartheid, mas nos recusamos a ir. Depois, quando fomos, descobrimos que �ramos superestrelas por l�. Nossa m�sica era a trilha sonora que mantinha muitos sul-africanos otimistas durante os conflitos, seguindo em frente e dispostos a lutar para chegar onde est�o hoje em dia. Cantamos sobre a vida, as can��es contam hist�rias que encorajam as pessoas. N�o importa o qu�o dif�cil seja, se voc� aguentar firme, voc� consegue. Isso � um pouco do que nossa m�sica significa em todo o mundo. O soul, os g�neros pretos e todas as outras m�sicas que tocam o cora��o desempenham grande papel na vida das pessoas racializadas. Elas nos mant�m vivos.

THE MANHATTANS

• Nesta sexta-feira (30/6), �s 20h, no Arena Hall (Avenida Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi). 
• Ingresso Premium: R$ 480 (inteira), R$ 250 (meia social/2ºlote, v�lida para todos, com doa��o de 1kg de alimento), R$ 250 (meia) e R$ 250 (cadeirante). Setor Gold: R$ 400 (inteira) e R$ 200 (meia, meia social e cadeirante). Setor Silver: esgotado. Arquibancada: R$ 160 (inteira) e R$ 80 (meia).
• Ingressos dispon�veis na plataforma Sympla e na bilheteria f�sica.
• Informa��es: (31) 97222-2424
 
* Estagi�ria sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria