'Barbie', filme protagonizado por Margot Robbie � acusado de subverter valores crist�os
A saga protagonizada por Margot Robbie � acusada de subverter valores crist�os, fazer propaganda subliminar para a China e, de quebra, ser uma das artimanhas mais bem-sucedidas do marxismo cultural nos �ltimos anos. Essa teoria conspirat�ria sustenta que a esquerda se infiltrou nas artes, na imprensa e em outras institui��es para destruir a civiliza��o ocidental por dentro.
Escreveu acima de uma foto do nazista Klaus Barbie, criminoso de guerra conhecido como o "carniceiro de Lyon": "N�o � a primeira vez que o nome Barbie est� a servi�o do dem�nio! Protejam seus filhos de qualquer linha ideol�gica de Barbie! Da antiga ou da atual!".
Sites evang�licos tamb�m entraram em polvorosa. Eis um artigo publicado no Gospel Mais: "Especialistas crist�os em cinema alertam: ‘N�o levem seus filhos para assistir ‘Barbie’". Segundo o texto, "muitos pais acreditam tratar-se de um filme infantil, mas ir�o deparar-se com muito conte�do adulto, incluindo temas LGBT".
Tanto nos EUA quanto no Brasil, o filme nunca foi dirigido a crian�as - a classifica��o indicativa � de 12 anos aqui e 13 l�.
O Gospel Mais tamb�m cita o Movieguide, site comandado pelo cr�tico Ted Baehr, presidente da americana Comiss�o Crist� de Filme e TV. "O filme esquece seu p�blico principal de fam�lias e crian�as enquanto atende a adultos nost�lgicos e promove hist�rias de personagens l�sbicas, gays, bissexuais e transg�neros."
A escala��o de Hari Nef, atriz trans que interpreta a Barbie M�dica, absorve boa parte dessa f�ria. Charlie Kirk, ativista da extrema-direita dos EUA, definiu o trailer do filme como "a coisa mais nojenta" que ele j� viu.
Deputada estadual em Minas, a bolsonarista Al� Portela (PL) pediu aos pais que n�o levem os filhos para ver "Barbie". Segundo ela, o t�tulo a princ�pio pode enganar. "Podemos pensar que um filme baseado nessa personagem seria voltado para o p�blico infantil e familiar, destacando a feminilidade", escreveu em uma rede social. Mas, para a parlamentar, n�o foi isso que aconteceu. A presen�a de Nef no elenco � um dos inc�modos que ela manifesta, junto com a presen�a de temas como �lcool e ass�dio.
Tamb�m repercutiu na internet a decep��o de uma influencer crist� carioca com o longa que tanto aguardava para assistir. Vit�ria Margarida chegou a postar um v�deo dela com a roupa toda rosa que separou para a estreia: "T� pronta tem um m�s!".
A publica��o seguinte, contudo, era um lamento. "Barbie", em sua opini�o, deturpa o conceito de fam�lia tradicional e vende uma ideia equivocada de que "ser uma esposa" e "uma mulher gr�vida casada" n�o � bom jogo para as mulheres. A estrat�gia de abusar do uso de rosa � esperta, mas o tom da obra � bem mais sombrio para Margarida.
A influencer acaba dando voz � outra linha de insatisfa��o com a obra: ser� que essa imagem de mulher independente e empoderada, que dispensa a companhia masculina, n�o � danosa para o povo evang�lico?
Um templo evang�lico em Goi�nia, a Igreja Casa, atraiu a ira de irm�os de f� ao usar um frame de "Barbie" para anunciar um culto. Reclama um seguidor: "Ser� que os l�deres dessa igreja n�o sabe que o filme feminista e traz uma desvaloriza��o da figura masculina?".
O pastor Pedr�o, l�der da Comunidade Batista do Rio e respons�vel por celebrar o casamento do deputado Eduardo Bolsonaro (PL), diz que a produ��o perdeu uma bela oportunidade de "ser t�o somente entretenimento" para "levantar bandeiras ideol�gicas".
Pedr�o conta � reportagem que a filha e duas netas de 9 e 11 anos j� assistiram ao filme e sa�ram com m� impress�o. "Interessante que voc� � obrigado a lidar com essas bandeiras de diversidades com absoluta normalidade. Segundo minha filha, 'Barbie' � exageradamente feminista, mostrando os homens sem a��o."
Apesar da classifica��o de 12 anos, que a princ�pio deveria barrar as netas no cinema, o pastor critica a participa��o da int�rprete transg�nero, "uma informa��o passada para crian�as que ainda nem entendem a sua pr�pria sexualidade".
"O respeito � para todos e com todos, mas creio que tudo deve acontecer no tempo certo e de forma natural, e n�o goela abaixo, como tem acontecido."
"A (famigerada) pauta de costumes � a ponta de lan�a do projeto autorit�rio e fundamentalista da extrema direita transnacional", afirma Jo�o Cezar de Castro Rocha, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e estudioso das guerras culturais. "� a cartilha, o manual de procedimentos. Por qu�? Porque ela incide no que h� de mais imediato e importante no cotidiano das pessoas: educa��o das crian�as, sexualidade, formas de conv�vio
A extrema direita, segundo Rocha, ganha adeptos se consegue gerar "medo". "E, para haver medo, � preciso que haja um agente que 'ameace' aqueles fatores. Aqui vale tudo: Hollywood, Netflix e a ind�stria cultural 'esquerdista', professores doutrinadores, identitarismo progressista, etc. O que importa � criar inimigos imagin�rios para produzir o �dio que estrutura a extrema direita."
� agenda moral soma-se a tese de que, com a produ��o, Hollywood faz propaganda cifrada � China. Tudo por conta de uma cena que traz o mapa de uma regi�o que a superpot�ncia clama para si, n�o sem detonar conflitos territoriais com vizinhos. Chamada de Linha das Nove Raias, a demarca��o no mar da China Meridional � alvo de disputa entre pa�ses como Vietn� -que decidiu vetar a estreia comercial do longa.
Senadores americanos como Ted Cruz e Marsha Blackburn apontaram uma agenda oculta na trama sobre a boneca f� de cor-de-rosa. Colega de partido do ex-presidente Donald Trump, Blackburn acusou a "Hollywood esquerdista" de se "dobrar a Pequim para faturar uma grana r�pida".
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