Efeito "Barbie": salas lotadas e espectadores vestidos de rosa em BH
Nostalgia da inf�ncia provoca 'onda cor-de-rosa' nos cinemas e faz investimento da Mattel num filme sobre sua boneca mais famosa render al�m das expectativas
“Ser� que a Barbie vale isso tudo?” Esse foi o coment�rio de um pai que levou a filha pequena para ver a estreia de “Barbie”, no Shopping Cidade, ao ver o tamanho da fila, na �ltima quinta-feira (27/7). Havia duas sess�es no mesmo hor�rio, ambas com ingressos esgotados. Uma confus�o entre espectadores que bateram boca por causa dos lugares (houve quem estivesse na poltrona ou at� mesmo na sala errada) marcou o in�cio da sess�o.
O frisson em torno do lan�amento do filme de Greta Gerwig que d� vida � boneca da Mattel se espalhou por todo o pa�s. De acordo com a a Associa��o Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematogr�ficas Operadoras de Multiplex (Abraplex), “Barbie” alcan�ou o segundo maior p�blico no dia de lan�amento da hist�ria recente do Brasil, perdendo apenas para "Vingadores Ultimato". O filme foi visto por 1,2 milh�o de pessoas no dia da estreia, com renda superior a R$ 22 milh�es. Na Grande BH, “Barbie” est� em cartaz em 50 salas.
O sucesso no lan�amento se deve em grande medida a uma intensa campanha da Mattel, que planejou o marketing do lan�amento. A companhia criou parcerias com redes de lojas de diferentes segmentos para que fossem vendidos produtos licenciados da Barbie. Em S�o Paulo, at� vag�es de metr� foram adesivados com imagens dos filme.
Nos cinemas da capital mineira, estruturas em grandes propor��es simulando a caixa dentro da qual a boneca � vendida foram instaladas para que as pessoas pudessem entrar e tirar fotos l� de dentro, como se fossem a pr�pria Barbie embalada. At� um simulador do carro da Barbie foi instalado no cinema do Shopping Del Rey para que o p�blico se sentisse vivendo no universo da boneca.
As amigas de inf�ncia Paula Mota e Michele Alves convidaram outras amigas para ver o longa de Greta Gerwig; salas de cinema se decoraram com acess�rios da Barbie, como o carro
Fotos: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.PRESS
A reportagem percorreu no fim de semana algumas das salas que exibem “Barbie” em BH para saber por que “Barbie” despertou tanto interesse. Nostalgia da inf�ncia resume a motiva��o da maior parte das pessoas entrevistadas pelo Estado de Minas. A aut�noma Carolina Marques, de 28 anos, gr�vida de cinco meses, saiu de Sete Lagoas com o marido, no �ltimo s�bado (22/7) para ver “Barbie” em Belo Horizonte porque os ingressos para as sess�es j� tinham acabado em sua cidade.
“Eu vejo as meninas hoje animadas com a Barbie (aponta para o hall do cinema, com algumas garotas vestindo roupa cor-de-rosa e entrando para as salas de exibi��o) e lembro dos natais e anivers�rios meus, quando eu era crian�a e ficava esperando ganhar a Barbie de presente”, contou. “Agora, quero criar esse la�o afetivo com a minha filha que vai nascer. Por isso, j� estou trazendo ela enquanto ainda est� na barriga”, emendou.
Quem tamb�m pegou a estrada para vir assistir a “Barbie” em Belo Horizonte foram os casais Guilherme Assis, de 21 anos, e Paula Larissa, de 21; e Vin�cius Fel�cio, de 20, e Camila Cardoso, de 24.
A designer Caroline Nobre se vestiu de Barbie sereia para assistir ao filme pela segunda vez, no s�bado, e planejou ir a uma terceira sess�o, no dia seguinte
Onda cor-de-rosa
Os quatro s�o de Congonhas (a 80 km da capital mineira) e estavam no dilema entre ver o filme da boneca ou “Oppenheimer”, de Christopher Nolan, sobre o f�sico que criou a bomba at�mica. Os dois longas estrearam no mesmo dia, o que suscitou o meme Barbenheimer.
“Barbie” venceu na escolha do grupo, mas, ap�s a sess�o, nem todos estavam felizes com a decis�o de preterir “Oppenheimer”. “Por isso eles est�o com essa cara de putos”, comentou Paula sobre os acompanhantes, entre gargalhadas. “A cara deles � impag�vel”, reiterou Camila.
Os rapazes n�o gostaram do filme. “Pegamos 80 km para vir at� aqui. A gente pensou: ‘Ah, vamos l� ver, deve ser legal’, porque, quando a gente era crian�a, v�amos os desenhos da Barbie que passavam na televis�o. Pensamos que seria um filme nessa linha, mas n�o �”, comentou Guilherme.
“N�o � um filme gen�rico para as crian�as. Ele � bem para o progressismo, aborda muitos temas sociais, n�o vou entrar no m�rito aqui. Diria que � um filme voltado para quem tem de 16 anos para cima”, afirmou. A classifica��o indicativa do longa pelo Minist�rio da Justi�a � para maiores de 12 anos.
As namoradas, no entanto, gostaram do longa. Para elas, foi um momento em que puderam relembrar coisas que viveram no passado. Em certos momentos, uma at� olhava para a outra e comentava: “Olha, eu tinha essa boneca”, lembrou Paula.
Quem tamb�m sentiu nostalgia ao assistir ao filme foram as amigas de inf�ncia Paula Mota, de 32, e Michele Alves, de 30. Elas foram ao cinema com um grupo de aproximadamente 15 pessoas, entre amigas, parentes e agregados.
“Barbie”, para elas, foi “sensacional”, um filme com mensagem clara de combate ao patriarcado, e n�o com conte�do pueril. “N�o � um filme s� de Barbie, de menina e coisa e tal. Ele traz uma mensagem muito bacana”, disse Michele.
Patrick Nascimento, de 24, que estava acompanhando a namorada Jessica Menezes, de 23, e as amigas dela, tem a mesma opini�o. “N�o sei se os ‘homens tradicionais’ v�o gostar, porque pega muito no ponto do patriarcado, da masculinidade fr�gil, da mulher que est� no poder.”
Boa parte dos espectadores com quem a reportagem conversou tem mem�ria afetiva em rela��o � boneca. E justamente por isso tem mais interesse em reativar lembran�as da inf�ncia do que em se preocupar se o filme incentiva um consumo desenfreado ou se tem �xito em sua ambi��o de dar uma roupagem feminista a um produto historicamente associado � difus�o de estere�tipos femininos reducionistas.
Um exemplo desse apego afetivo � a designer Caroline Nobre, que chamou a aten��o das pessoas no cinema do P�tio Savassi ao subir as escadas rolantes vestida de Barbie Sereia, com uma peruca azul e um vestido brilhante, para assistir o filme pela segunda vez, no s�bado. “Amanh� (domingo) vou voltar para assistir pela terceira vez. Desta vez, com a minha m�e”, avisou. (Colaboraram Gabriela Matina e Carolina Ramos)
ONDE VER
Confira o circuito de salas que exibem o longa de Greta Gerwig com Margot Robbie e Ryan Gosling. Filme te 114 minutos de dura��o
24/07/2023 04:00
- atualizado 26/07/2023 16:42
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