Autores de pal�ndromo defendem sua arte e criam a associa��o Liga �gil

Ovo, osso, mirim, aia, sopapos, arara, radar: todas essas palavras s�o pal�ndromos. Podem ser lidas em qualquer dire��o (normal ou de tr�s para frente) que mant�m seu sentido. F�cil, n�o? Mas v� criar uma frase que fa�a sentido. Definitivamente, n�o � para qualquer um.

“O bom pal�ndromo � aquele que menos se parece com um, que esconde esse conceito de ler de tr�s para a frente”, explica o editor e revisor S�lvio Louren�o de Souza, autor de “Amar, d�cil e b�lico drama”, pal�ndromo que tamb�m �  um aforismo.

 

Tudo come�ou no Twitter, conta S�lvio de Souza, por meio do perfil @OPalindromista, criado em 2018 por Ricardo Cambraia, mineiro de Campo Belo e  radicado em Bras�lia. O nome dele � refer�ncia entre os adeptos – inclusive, escreveu o livro “O palindromista” (2020).

Em mar�o de 2021, surgiu a s�rie semanal  #desafiopalindromo. A cada semana, um curador prop�e o tema para um pal�ndromo – s�o escolhidos os tr�s melhores de cada vez (j� foram realizados 120 desafios). Dessa maneira, o n�mero de adeptos foi crescendo no universo digital.

Articula��o

Em abril deste ano, um grupo de palindromistas decidiu fazer o primeiro encontro presencial. “� uma organiza��o coletiva, feita pelo pessoal que participava dos desafios no Twitter”, continua S�lvio, que conseguiu apoio da Mackenzie, onde � doutorando em letras, para sediar o encontro.

O evento deste s�bado tamb�m vai marcar a funda��o da Liga �gil – Associa��o Brasileira de Palindromistas. O primeiro fruto desse encontro � a edi��o de estreia da ArtSinistra, revista semestral da associa��o.

S�lvio � tamb�m editor da Car�tide, que vai lan�ar uma cole��o de livros de pal�ndromos, iniciativa de Ricardo Cambraia. O primeiro t�tulo, de Ana Lia, � “A diva n�o t� � toa na vida”.

O escritor mineiro Leo Cunha tamb�m participar� do encontro como mediador de uma entrevista com v�rios palindromistas. Cunha vai lan�ar seu mais recente livro, “Osso nosso – Pal�ndromos caninos” (Aletria Editora), ilustrado por Angelo Abu.

De acordo com S�lvio, o interesse pelo pal�ndromo pode come�ar de diferentes maneiras.

“Algumas pessoas veem uma palavra, radar, por exemplo, e acham legal poder ler de tr�s para a frente. No segundo momento, podem descobrir pal�ndromos como o bem conhecido 'socorram-me, subi no �nibus em Marrocos.' No terceiro momento, v�o descobrir que existem palindromistas. O conhecimento vai aumentando e tudo se torna mais fascinante. Digo isso por causa da minha experi�ncia.”

Na opini�o dele, nos dois �ltimos anos, a palindromia atingiu outro status no Brasil. “Deixou de ser apenas algo inusitado. Hoje, com o coletivo que criamos, estamos acolhidos dentro da universidade. O pal�ndromo � uma atividade entre o l�dico e o po�tico, agora tem a entidade que promove o estudo da l�ngua portuguesa de maneira organizada. Dessa maneira, deixa de ser algo de nicho. Acredito que agora o pal�ndromo pode encontrar mais admiradores, pois o nosso objetivo � conquistar novos adeptos”, finaliza S�lvio de Souza.

Neste s�bado (19/8), das 8h08 �s 21h12, no audit�rio do pr�dio 5 da Universidade Presbiteriana Mackenzie (Rua da Consola��o, 930, S�o Paulo). O evento ser� transmitido pelo YouTube (youtube.com/@TvMackenzie)