Cineasta Ava DuVernay

Ava DuVernay desfilou no tapete vermelho de Veneza e denunciou preconceito em rela��o a filmes de cineastas negros

Tiziana Fabi/AFP


Ava DuVernay, primeira americana negra a inscrever um filme na competi��o do Festival Internacional de Cinema de  Veneza, est� orgulhosa em romper com a ideia de que as hist�rias apresentadas por cineastas negros de seu pa�s “n�o interessam”.

Antes da estreia de “Origin”, na quarta-feira (6/9), DuVernay conversou com os jornalistas. “Dizem aos diretores negros que as pessoas que amam cinema em outras partes do mundo n�o est�o interessadas em nossas hist�rias”, afirmou.

“Origin” disputa com 22 filmes o trof�u Le�o de Ouro, que ser� entregue neste s�bado (9/9). “N�o sei dizer quantas vezes me disseram: ‘N�o se candidate a Veneza, voc� n�o vai entrar’. E este ano aconteceu algo que n�o ocorria h� oito d�cadas” ,comentou a americana, de 51 anos. “Agora que a porta foi aberta, espero e confio que o festival a deixar� aberta.”

O filme “Origin” � baseado em um ensaio publicado pela escritora Isabel Wilkerson:“Casta – As origens de nosso mal-estar” (2020). O best-seller tra�a um paralelo entre as ra�zes do racismo nos Estados Unidos, na Alemanha nazista e no sistema de castas na �ndia, de tradi��o milenar.
 

Indicada ao Oscar pelo drama hist�rico “Selma: Uma luta pela igualdade” (2014), Ava DuVernay � autora de v�rias obras com tem�tica racial, incluindo a s�rie “Olhos que condenam”, lan�ada em 2019 pela Netflix.

“Origin” mistura as teorias de Isabel Wilkerson, ganhadora do pr�mio Pulitzer (interpretada por Aunjanue Ellis-Taylor), com sua hist�ria pessoal, marcada pela morte do marido (Jon Bernthal) e da m�e.

“Li o livro e fiquei fascinada pelas ideias de Isabel, suas teorias sobre o conceito de casta”, disse a cineasta ao explicar a decis�o de rodar “Origin”, produ��o independente filmada parcialmente em Berlim e Nova D�lhi.

 Cineasta Agnieszka Holland

Diretora de 'The green border', Agnieszka Holland avisa: 'A crise dos refugiados � o desafio que marcar� o futuro da Europa'

Tiziana Fabi/AFP

'The green border' relata drama na fronteira

Por sua vez, a diretora polonesa Agnieszka Holland exp�e em toda sua dureza a crise dos refugiados na fronteira da Pol�nia com Belarus no filme “The green border”, outro candidato ao Le�o de Ouro.

Filmado em preto e branco, o longa de 150 minutos aborda a crise desencadeada em 2021, pouco antes da guerra da R�ssia com a Ucr�nia, quando milhares de refugiados de pa�ses destru�dos, como S�ria e Afeganist�o, chegavam diariamente �s densas florestas da regi�o.

� crueldade dos guardas fronteiri�os bielorrussos, que roubam e maltratam emigrantes, colegas poloneses respondem com expuls�es “no calor do momento”, em plena noite, gra�as � situa��o de emerg�ncia decretada pelo governo.

O resultado � um pingue-pongue angustiante de fam�lias inteiras jogadas de um lado para o outro da fronteira, sem recurso legal poss�vel, expostas ao frio e � boa vontade de poucos ativistas e moradores da regi�o.
 

Este drama continua at� hoje, sem solu��o. “Meu pecado � ter nascido com o pior passaporte poss�vel”, murmura um dos personagens de “The green border”, filme duro e combativo.

“A crise dos refugiados, dos migrantes, � o desafio que marcar� o futuro da Europa”, declarou a diretora Agnieszka Holland em Veneza. 

“Escolhemos um enfoque �pico, com diferentes pontos de vista, porque temos a impress�o de ser os primeiros que contamos esta hist�ria”, acrescentou.

Holland montou elenco com atores de pa�ses destru�dos pela guerra: o s�rio Jala Altawil, que fugiu em 2015 com sua fam�lia e segue como refugiado na Fran�a, a afeg� Behi Djanati Atai e estrelas do cinema polon�s, como Maja Ostaszewska, que interpreta uma psic�loga que decide tomar partido diante da trag�dia.