Estátua do Walt Disney de mãos dadas com o Mickey em frente ao castelo da Cinderela

Walt Disney Company completa 100 anos em um ano marcado por crises em v�rios setores

Reprodu��o/Pixabay


Dif�cil encontrar uma crian�a que n�o saiba o que � a Disney ou que n�o tenha assistido �s anima��es que sempre est�o presentes nas salas de cinema e nas TVs. Completando 100 anos nesta segunda-feira (16/10), a Walt Disney Company encantou gera��es com seus personagens carism�ticos e se estabeleceu como a maior empresa de entretenimento do mundo.

Apesar do in�cio dif�cil, em 1923, a Disney descobriu cedo a f�rmula para monetizar a divers�o, sendo pioneira na produ��o de longas de anima��o. "A Branca de Neve" (dezembro de 1937), primeiro longa animado colorido da hist�ria do cinema, tornou-se a maior bilheteria de 1938, e desde ent�o liderou o ramo dos desenhos animados.

Mas nem tudo s�o flores. Apesar do planejamento de grandes comemora��es ao redor do mundo, o centen�rio chega em um ano marcado por crises na empresa.

Em p� de guerra

A Walt Disney Company enfrenta o desafio de se reinventar em um mundo que clama por diversidade ao mesmo tempo que � alvo do governador de extrema direita da Fl�rida, o republicano Ron DeSantis, desde o segundo semestre de 2022.

Tudo teve in�cio quando o ent�o CEO da companhia, Bob Chapek, se posicionou publicamente contra a Lei  Don’t Say Gay (N�o diga gay, em tradu��o livre), que pro�be as escolas da Fl�rida de abordarem temas como orienta��o sexual e identidade de g�nero.

Ent�o os republicanos, por meio de uma legisla��o aprovada �s pressas, nomeou um novo conselho para supervisionar o parque tem�tico e o distrito hoteleiro da Disney visando retirar concess�es cedidas � empresa durante sua constru��o na d�cada de 70. Em resposta, a Disney abriu um processo contra o governador e outras autoridades estaduais, acusando-os de "uma campanha implac�vel de retalia��o governamental" com o objetivo de dificultar o desenvolvimento de parques.

Em agosto, o governador desmantelou as pol�ticas de contrata��o inclusiva da companhia. Em comunicado, o conselho afirmou que seu comit� de diversidade, equidade e inclus�o seria eliminado, assim como todas as fun��es de trabalho relacionadas a ele.

Um cen�rio de greves

Outro abalo para a Disney veio da maior greve de Hollywood em 60 anos. Em maio os roteiristas suspenderam os trabalhos para reivindicar melhores sal�rios e mais valoriza��o do trabalho em um movimento organizado pela Writers Guild of America (WGA). 

Em julho o movimento foi fortalecido quando o comit� nacional do 'Screen Actors Guild' (Sindicato dos Atores, SAG-AFTRA) convocou uma greve e levou � paralisa��o das produ��es de Hollywood, abalado n�o somente os est�dios da Disney, mas toda a cadeia produtiva dos EUA.

Ambas as greves reivindicavam melhorias salariais, um reajuste nos pagamentos que recebem pelas reexibi��es de suas produ��es, al�m de defini��es sobre o uso da Intelig�ncia Artificial (IA) na ind�stria, entre outros pontos.

Apesar de a greve dos roteiristas ter chegado ao fim com um acordo no dia 26 de setembro, os atores seguem em greve e os respons�veis pelos est�dios de Hollywood suspenderam suas negocia��es na �ltima quarta-feira (11/10).

Em meio �s manifesta��es americanas, do outro lado do Atl�ntico a Disney enfrentava outra paralisa��o. Em junho, cerca de mil funcion�rios da Disneyland Paris entraram em greve e pedindo melhores sal�rios. Os manifestantes chegaram a tomar o castelo da Bela Adormecida com cartazes onde se lia "Cinco anos trabalhando para o rato, sempre pagos como um rato".

Lucros abaixo do esperado

Detentora de grandes sucessos, a Disney vive um ano de baixas nas arrecada��es nas salas de cinema. O live action de "A Pequena Sereia" (2023) teve um investimento de aproximadamente US$ 250 milh�es e uma arrecada��o mundial de US$569,6 milh�es, muito abaixo da expectativa. 

Parte do desempenho do longa foi afetado pela onda de ataques racistas que a atriz Halle Bailey, que vive a personagem principal, sofreu ao longo da campanha de divulga��o. Grande parte do p�blico n�o aceitava a mudan�a de etnia da sereia para uma mulher negra.

Outra aposta na nostalgia que n�o atendeu �s expectativas foi "Indiana Jones e a rel�quia do destino" (2023), com or�amento de US$ 300 milh�es, arrecadou apenas US$ 375 milh�es. O est�dio esperava uma arrecada��o de pelo menos US$ 800 milh�es.

Entre as anima��es, apesar de "Elementos" (2023) ter ca�do nas gra�as do p�blico e das cr�ticas, tornando-se a maior bilheteria desde "Frozen 2" (2019), a arrecada��o foi de US$ 490,9 milh�es, muito distante dos US$ 1,453 bilh�o arrecadados pelo longa protagonizado por Elsa. 

Queda nos n�meros

A Disney tamb�m enfrenta uma queda no n�mero de visitantes nos parques. Segundo relat�rio da US Travel Association, a chegada de turistas nos parques da Fl�rida est� 27% abaixo dos patamares anteriores � pandemia de COVID-19. Isso levou a companhia a fazer promo��es em ingressos e na hospedagem na �poca de natal, considerada alta temporada. 

Apesar disso, a Walt Disney Company anunciou recentemente que os valores dos ingressos dos parques tem�ticos ir�o aumentar. Segundo a CNN, o pre�o por ingresso em dias movimentados, como feriados, aumentou 8,4%, chegando a US$ 194 (R$ 979,87) na Disneyland, na Calif�rnia. J� na Walt Disney World, na Fl�rida, o aumento ser� de at� 10%, com o passe anual chegando a US$ 1.449 (R$ 7.318,75).

Os n�meros tamb�m est�o em baixa no servi�o de streaming Disney+. A plataforma perdeu mais de 10 milh�es de assinantes no segundo trimestre de 2023, fechando o per�odo com 146,1 milh�es de assinantes. Em contrapartida, a Netflix teve  aumento de quase 6 milh�es de assinaturas no mesmo per�odo. 

Apesar do ano turbulento, a Walt Disney Company tem um hist�rico de superar crises que pesa a seu favor. A empresa conta atualmente com Bob Iger como CEO, substituindo Bob Chapek, que ficou pelo curto per�odo de dois anos, entre 2020 e 2022.

O retorno de Iger gerou grandes expectativas, uma vez que no �ltimo per�odo em que esteve no comando, entre 2005 e 2020, foi o respons�vel pela aquisi��o da Pixar, Marvel, Lucasfilm e de boa parte da 21th Century Fox, al�m de introduzir o servi�o de streaming Disney+. Seu contrato, que inicialmente seria de novembro de 2022 at� o final de 2024, foi estendido at� 31 de dezembro de 2026.