
A compradora Vanessa Kalile e o arquiteto Pedro Gontijo estavam de malas prontas para a Argentina. O plano do casal era se mudar para Mendoza, onde abriria uma f�brica de p�es artesanais. Dois dias antes da partida, as fronteiras do pa�s vizinho foram fechadas em fun��o da pandemia e tudo teve que ser adiado. Sorte dos belo-horizontinos, que podem se deliciar com os produtos da Farelo Padoca. O neg�cio desembarcou em mar�o na cidade, trazendo p�es, focaccias, cookies e p�o de mel.
O casal � de BH, mas morava em S�o Paulo quando decidiu mudar de vida. Cansados do mundo corporativo, eles come�aram a fazer v�rios cursos de gastronomia, de risoto a bolos, ainda sem um plano definido. O cora��o balan�ou mesmo nas aulas de fermenta��o natural (ambos s�o apaixonados por p�es) e a produ��o em casa foi s� crescendo. “Como �ramos s� nos dois em casa, levamos os p�es para a empresa e as pessoas come�aram a pedir toda semana. At� ent�o n�o era a nossa fonte de renda, encar�vamos como um treinamento”, diz Pedro.
Nessa mesma �poca, eles viajaram para Mendoza e ficaram encantados com o lugar. “Sempre tivemos vontade de sair do pa�s e decidimos nos mudar para a cidade para fazer p�es. L� s� tinha um lugar que trabalhava com fermenta��o natural”, conta Vanessa. A mudan�a seria em mar�o, ent�o eles se desligaram dos empregos em S�o Paulo, venderam tudo o que tinham em casa, entregaram o apartamento e arrumaram as malas. A continua��o da hist�ria voc� j� sabe.

De volta a BH, Vanessa e Pedro se dedicam integralmente ao neg�cio. Testam e fazem juntos todas as receitas. Tamb�m pensam o card�pio como se fosse para consumo pr�prio. “Decidimos fazer o que gostamos, o que temos prazer de comer. Fica at� mais f�cil de vender.”
O p�o pode ser comum ou recheado com quatro sabores: queijo gorgonzola, azeitonas pretas, calabresa e c�rcuma ou canela e passas. J� a focaccia tem cobertura tradicional (com alecrim e sal grosso), calabresa com cebola roxa, azeitonas pretas e uma marguerita diferente por ter mu�arela de b�fala al�m de mu�arela, tomates frescos e manjeric�o. O item mais recente do card�pio � o brioche. “Fizemos v�rios testes at� chegar a uma receita que n�o leva fermenta��o qu�mica, s� natu- ral. N�o somos muito a favor de interven��es qu�micas, preferimos deixar o tempo atuar”, aponta Pedro.
Em pouco tempo, o casal conseguiu conquistar f�s com o p�o de mel. “A nossa inten��o � entregar um produto macio, molhadinho, bem recheado e pouco doce, para n�o ser enjoativo de comer inteiro. Pelo contr�rio, que d� vontade de comer outro”, descreve Vanessa, avisando que eles mesmos fazem o doce de leite do recheio. As fornadas de p�o de mel saem s� uma vez por m�s, por isso s�o muito disputa- das. Normalmente, as cerca de 150 unidades s�o vendidas antes mesmo de sair do forno.
H� duas vers�es de cookies: um com massa de baunilha e outro com massa de cacau, ambos com gotas de chocolate meio amargo e textura parecida com a de brownie. Ou seja, s�o mais densos e n�o ficam crocantes. “Desde que colocamos na cabe�a que �amos produzir cookies, decidimos nos basear em um que comemos em Nova York. Come�amos a fazer receita atr�s de receita, e fomos testando at� chegar ao que quer�amos”, relembra Vanessa.
A produ��o da Farelo � totalmente artesanal, com fornadas programadas �s quartas, quintas e sextas. Pede-se pelo menos dois dias de anteced�ncia para fazer as encomendas. Vanessa e Pedro fazem pessoalmente as entregas e j� pensam na possibilidade de aumentar o neg�cio. O plano de ir para Mendoza est� suspenso por tempo indeterminado. “Estamos esperando tudo passar, ent�o n�o sabemos quanto tempo nossa passagem aqui vai durar. � bom para treinar e chegar l� afiado”, comenta Pedro.