
Nas lavouras, elas participam de pelo menos 80% da produ��o brasileira, mas s�o invis�veis. Acabam escondidas atr�s de projetos familiares e nem entram para as estat�sticas. Como dar mais voz para as mulheres que trabalham com caf�? A marca 5 O'Coffee faz a sua parte ao mostrar do que pequenas produtoras de gr�os especiais em Minas s�o capazes. Com conhecimento e produtos de qualidade, elas passam a ser vistas pelo mercado.
A consultora de qualidade e sustentabilidade Fl�via Lacerda, de Alfenas, � a coffee hunter do projeto. H� mais de 12 anos, ela trabalha com exporta��o de caf�s especiais e tem experi�ncia em identificar preciosidades em pequenos lugarejos, principalmente no Sul de Minas. “O que tentamos fazer � levar a hist�ria do produtor para o consumidor. Mostrar quem est� por tr�s do produto, todo o trabalho para se chegar a um caf� de qualidade. Isso � consumo consciente.”
Fl�via foi escolhida por j� desenvolver a��es com foco em mulheres. Como �nica mulher na diretoria da Associa��o dos Cafeicultores do Brasil (Sincal), que sente na pele a dificuldade de ter voz, ela se uniu � Alian�a Internacional das Mulheres do Caf� (IWCA Brasil), que luta pela representatividade feminina em toda a cadeia. “Mostramos para a mulher que ela tem capacidade e for�a para n�o ficar mais escondida atr�s de um projeto familiar. Assim, consegue sair tamb�m de outras situa��es ruins”, explica.
Atualmente, duas produtoras fazem parte do projeto: Miriam Aguiar, de Santo Ant�nio do Amparo, e Maria Helena Brunelli, de Inga�. Fl�via conta que Miriam tem uma consci�ncia sustent�vel que nunca tinha visto. Do in�cio ao fim, ela pensa nos tr�s pilares (social, econ�mico e ambiental). N�o usa agrot�xicos, s� homeopatia, porque sabe que o seu caf� � um alimento que vai para a casa de muitas fam�lias. “Aprendi com ela que voc� � respons�vel por todos com quem trabalha. Ent�o, tem que comprar de quem tem a mesma consci�ncia sustent�vel e vender para quem vai continuar seu legado.”

Maria Helena � descrita por Fl�via como “uma guerreira”. Mostra determina��o em fazer o neg�cio crescer e se desenvolver. “Ela trabalha diretamente na lavoura, faz testes, participa de pesquisas com a Universidade Federal de Lavras (Ufla), troca conhecimento com os vizinhos, tudo pela qualidade”, enumera. A produtora, que come�ou com uma fazenda bem pequena, agora investe no caf� torrado, com as ferramentas que tem, para n�o ficar s� na produ��o e ter novos clientes.
Apoio do p�blico
A oportunidade de criar a marca 5 O'Coffee veio atrav�s do projeto Semente Caf� Sustent�vel, idealizado pela fintech de impacto social Moeda Semente. O p�blico apoia a iniciativa doando uma quantia em dinheiro e depois recebe de volta o valor + 8%. Com os R$ 52 mil arrecadados na primeira fase, a empresa ajudou a criar a marca, cujo nome � uma brincadeira com a hora do ch� na Inglaterra, desenvolver os produtos e comercializ�-los na sua plataforma on-line MoedaMarket. Agora, na segunda fase, espera-se somar R$ 45 mil. Os novos produtos come�am a ser vendidos no m�s que vem.
Al�m de receber um valor justo pelas sacas de caf�, as produtoras ganham uma parte do dinheiro arrecadado com a venda dos produtos.
Em 2019, a 5 O'Coffee lan�ou sua linha de cold brew. Fl�via optou por come�ar pelo caf� extra�do a frio, primeiro porque tem bastante experi�ncia nisso (produz desde 2012) e segundo por ser uma bebida diferente, que n�o se encontra em qualquer lugar. As op��es s�o tradicional e com tangerina. “Participava de muitas feiras em BH e sempre colocava tangerina no cold brew tradicional para vender como se fosse drinque. Era o que as pessoas mais gostavam.” J� est� em teste o sabor a�a�.
A marca tamb�m vende caf�s em gr�os. Ambos t�m 84 pontos (80 � o m�nimo para ser considerado um caf� especial), s�o bem encorpados, mais doces e agradam � maioria dos paladares. Enquanto o da Miriam puxa para caramelo, rapadura e banana, o da Maria Helena tem notas mais real�adas de chocolate. A embalagem tem estampada o rosto delas. “Isso � muito importante para que essas mulheres n�o continuem a ser coadjuvantes. Elas ficam muito satisfeitas e encorajam outras.”
O plano � ampliar o projeto em v�rias frentes: n�mero de mulheres, mix de produtos, volume de produ��o e pontos de vendas. “Quanto mais vendemos, mais sacas de caf� compramos e mais impactamos a vida das produtoras”, pontua Fl�via.