
Pode ser cedo para cravar, mas a T�quio'2020 � a Olimp�ada das Mulheres. J�, na abertura, a pira foi acesa pela tenista Naomi Osaka. Negra em um pa�s asi�tico, a atleta representou a terra do sol nascente sob o olhar de todo o mundo. Um s�mbolo mais do que forte de que as mulheres conquistaram lugar de destaque nos Jogos Ol�mpicos modernos idealizados pelo franc�s Pierre Fr�dy, o Bar�o de Coubertin, mas que vetou a participa��o feminina alegando que elas seriam sempre “imita��es imperfeitas”.
Pela primeira vez na hist�ria dos Jogos, o n�mero total de atletas � praticamente igual entre os g�neros, ou seja 51,2% de homens e 48,8% de mulheres. Foram ofertadas 50% das vagas totais pelo comit� organizador para elas, quase todas preenchidas. Do total de 11.363 atletas, s�o 5.470 mulheres e 5.893 homens. J� entre os competidores brasileiros, s�o 141 mulheres e 161 homens.
Essa igualdade tamb�m pode ser vista nas conquistas da delega��o brasileira. Depois de 12 dias de competi��o, nesta segunda (2), as mulheres respondem por 50% das conquistas da delega��o brasileira: Rebeca Andrade (gin�stica, prata e ouro), Rayssa Leal (skate, prata), Mayra Aguiar (jud�, bronze) e Luisa Stefani e Laura Pigossi (t�nis, bronze).
A simbologia de uma japonesa negra abrindo os Jogos n�o significa que as disparidades entre homens e mulheres tenham sido completamente superadas no esporte. Elas persistem, mas, nesta Olimp�ada, as dist�ncias dimininu�ram.
"Estas Olimp�ada e Paralimp�ada ser�o um marco, na virada da conquista para as mulheres no esporte, tanto para as atletas como demais mulheres que atuam nas comiss�es t�cnicas, m�dicas e administrativas”, afirma a coordenadora de esporte paral�mpico do CT UFMG, Andressa da Silva Mello, autora do Meninas e mulheres no esporte, um material did�tico de esclarecimento sobre as mulheres atletas e os cuidados para que obtenham bons desempenhos.
Em formato de gibi, a cartilha idealizada por M�nica Andersen e escrita por Ma�ta Poli de Araujo e Andressa Silva ser� lan�ada em agosto e distribu�da gratuitamente para as escolas.
Em formato de gibi, a cartilha idealizada por M�nica Andersen e escrita por Ma�ta Poli de Araujo e Andressa Silva ser� lan�ada em agosto e distribu�da gratuitamente para as escolas.
A prova de que as desigualdades n�o ser�o toleradas foi dada pelo time feminino de gin�stica da Alemanha ao ir para os treinos e para a fase qualificat�ria de forma bem diferente do que � costume. No lugar de collants, elas usaram macac�es at� o tornozelo. O objetivo da mudan�a no vestu�rio � combater a sexualiza��o do corpo feminino.
Uma reivindica��o just�ssima, mas ainda houve quem tentasse desqualificar a atitude das meninas como baseada em um certo moralismo. No entanto, elas deixaram claro que � liberdade de cada atleta escolher o que quiser vestir. N�o foi a primeira vez que as meninas da Alemanha usaram macac�es para competir. Elas j� tinham vestido no campeonato europeu de gin�stica.
A quest�o da desigualdade de g�nero � cada vez mais discutida no esporte profissional, mas, pasmem!, a posi��o das mulheres sobre o que vestir ainda � questionada por federa��es esportivas.
A Sele��o Norueguesa Feminina de Handebol de Praia, por exemplo, foi multada pela federa��o da modalidade pela mudan�a nos uniformes que n�o eram biquinis. Durante a Euro de Handebol de Praia Feminino'2021, elas jogaram com shorts.
Sim voc� leu certo, shorts a exemplo do que os homens usam. As jogadoras tiveram que pagar uma multa, que s� n�o saiu do pr�prio bolso porque a cantora Pink assumiu o pagamento.
A Sele��o Norueguesa Feminina de Handebol de Praia, por exemplo, foi multada pela federa��o da modalidade pela mudan�a nos uniformes que n�o eram biquinis. Durante a Euro de Handebol de Praia Feminino'2021, elas jogaram com shorts.
Sim voc� leu certo, shorts a exemplo do que os homens usam. As jogadoras tiveram que pagar uma multa, que s� n�o saiu do pr�prio bolso porque a cantora Pink assumiu o pagamento.
ELAS S�O 50% EM T�QUIO
A organiza��o dos Jogos de T�quio ofereceu 50% das vagas para serem ocupadas pelas mulheres.
"� um grande ganho. J� foi meio que desmistificar essa quest�o de priorizar o g�nero masculino. T�quio j� � um diferencial, porque o comit� organizador ofereceu 50% para vagas serem preenchidas para mulheres, n�mero desproporcional em jogos anteriores", diz.
Seiko Hashimoto, chefe do comit� organizador dos Jogos, afirma que a Olimp�ada japonesa ficar� na hist�ria como um ponto de virada.
"As conquistas s�o independentes do g�nero. O esporte � uma ferramenta para conquistar essa igualdade e mostrar para o mundo que as mulheres s�o capazes de fazerem o que quiserem e estarem no lugar que gostariam de estar", destaca Andressa.
"� um grande ganho. J� foi meio que desmistificar essa quest�o de priorizar o g�nero masculino. T�quio j� � um diferencial, porque o comit� organizador ofereceu 50% para vagas serem preenchidas para mulheres, n�mero desproporcional em jogos anteriores", diz.
Seiko Hashimoto, chefe do comit� organizador dos Jogos, afirma que a Olimp�ada japonesa ficar� na hist�ria como um ponto de virada.
"As conquistas s�o independentes do g�nero. O esporte � uma ferramenta para conquistar essa igualdade e mostrar para o mundo que as mulheres s�o capazes de fazerem o que quiserem e estarem no lugar que gostariam de estar", destaca Andressa.
Um dos pontos que denunciavam a desigualdade de g�neros era o percentual desproporcional entre homens e mulheres, mas h� outros pontos questionados (VEJA O QUADRO).
Um que veio ao debate p�blico s�o os uniformes que sexualizam o corpo das mulheres. "As mulheres t�m tentado mostrar que n�o � o corpo somente que ela oferece. O cuidado que elas t�m de n�o ter uma exposi��o excessiva por quest�o de respeito. Nessa Olimp�ada, tivemos essa mudan�a de comportamento. As ginastas mais vestidas para mostrar que cobrir o corpo n�o vai diminuir o potencial que ela tem no esporte".
Um que veio ao debate p�blico s�o os uniformes que sexualizam o corpo das mulheres. "As mulheres t�m tentado mostrar que n�o � o corpo somente que ela oferece. O cuidado que elas t�m de n�o ter uma exposi��o excessiva por quest�o de respeito. Nessa Olimp�ada, tivemos essa mudan�a de comportamento. As ginastas mais vestidas para mostrar que cobrir o corpo n�o vai diminuir o potencial que ela tem no esporte".
JULGAMENTO DOS CORPOS FEMININOS

Outro ponto de desigualdade de g�nero s�o as avalia��es dos corpos dos atletas. As cr�ticas feitas � goleira da Sele��o Brasileira Feminna de Futebol, B�rbara, trazem um componente sexista.
"N�o temos essa quest�o de corpo ideal. O atleta deve ter um bom desempenho f�sico, competitivo. Esse � o primeiro ponto a ser levantado no esporte. Se a goleira tem um bom desempenho e ela faz o trabalho dela dentro de campo, ponto e acabou. N�o ter o corpo ideal para o esporte. Ela vai mostrar compet�ncia dentro de quadra. N�o � a imagem dela que vai fazer que tenha uma exposi��o negativa em rela��o a isso", afirma Andressa.
"N�o temos essa quest�o de corpo ideal. O atleta deve ter um bom desempenho f�sico, competitivo. Esse � o primeiro ponto a ser levantado no esporte. Se a goleira tem um bom desempenho e ela faz o trabalho dela dentro de campo, ponto e acabou. N�o ter o corpo ideal para o esporte. Ela vai mostrar compet�ncia dentro de quadra. N�o � a imagem dela que vai fazer que tenha uma exposi��o negativa em rela��o a isso", afirma Andressa.
"A cobran�a � maior para as mulheres que t�m que provar o tempo todo que ela � perfeita, tem o corpo perfeito para poder conquistar. Tem que desmistificar isso. Eu n�o preciso ter o corpo perfeito para chegar no rendimento de alta performance. N�o preciso ter o corpo perfeito para chegar em uma olimp�ada. Isso mostra a for�a da mulher. Se ela n�o tivesse passado pelas etapas que antecipam uma olimp�ada, ela n�o estaria l� hoje representando o Brasil."
A especialista refor�a que a atleta j� foi testada em competi��es anteriores.
A especialista refor�a que a atleta j� foi testada em competi��es anteriores.
A desigualdade salarial e outro problema. "Essa quest�o da remunera��o tem sido debatida para que seja equiparada". Ela lembra do movimento de atletas norte-americanas. "Joe Biden contratou para o governo dele uma medalhista ol�mpica do futebol. Para mostrar o quanto � importante que a mulher tenha remunera��o igual ao atleta ol�mpico masculino. Cada vez mais debatido e cada vez mais feita a equipara��o."
ELAS S�O MEDALHISTAS

N�o teve brasileiro ou brasileira que n�o se emocionou com a skatista Rayssa Leal (medalha de prata), a ginasta Rebeca Andrade (ouro e de prata) ou a judoca Mayara Aguiar (bronze). A for�a, a compet�ncia e alta perfomance de cada uma delas, al�m do carismo, levaram muita gente �s l�grimas.
"Temos mulheres medalhadas (pelo Brasil), mostrando como a mulher pode conquistar medalhas importantes para o Brasil, desde a inicia��o, como � o caso da Rayssa no skate, como medalhistas que j� est�o no esporte h� muito tempo, como � o caso do Jud�, que conquistou terceira medalha em sua trajet�ria em Olimp�adas", comenta.
Trajet�ria desde uma inicia��o at� uma competi��o de alto rendimento tem que ser oportunizada. "Desde o per�odo infantil, dando condi��es para que essa pessoa chegue no alto rendimento", diz.
HIST�RIA DAS MULHERES NAS OLIMP�ADAS
O idealizador dos Jogos Ol�mpicos na era moderna, o Bar�o de Coubertin, vetou a participa��o das mulheres. No entanto, n�o � de hoje que elas demonstram que estar�o onde quiserem, mesmo que para isso tenham que superar os obst�culos de g�nero impostos, dizendo no popular, o machismo.
Stamata Revithi teria corrido a maratona, prova mais tradicional dos Jogos da Gr�cia, do lado de fora do est�dio um dia depois de os homens terem competido.
“Foram quase seis horas correndo para percorrer os 42 km, mas ela conseguiu terminar”, afirma Andressa.
Quatro anos depois, em Paris, 22 mulheres participaram oficialmente dos Jogos nas modalidades de t�nis e golfe. Mas elas n�o ganhavam as coroas de oliveira (pr�mio distribu�do aos vencedores).
“Foram quase seis horas correndo para percorrer os 42 km, mas ela conseguiu terminar”, afirma Andressa.
Quatro anos depois, em Paris, 22 mulheres participaram oficialmente dos Jogos nas modalidades de t�nis e golfe. Mas elas n�o ganhavam as coroas de oliveira (pr�mio distribu�do aos vencedores).
A primeira brasileira a participar de uma Olimp�ada foi a nadadora Maria Lenk, nos Jogos Ol�mpicos de Los Angeles, em 1932.