Vinte uma pessoas com defici�ncia sofreram algum tipo de viol�ncia no per�odo de 24 horas, o que equivale a quase uma pessoa violentada a cada hora no Brasil. O dado foi revelado pelo Atlas da Viol�ncia 2021, que, pela primeira vez, incluiu no relat�rio a viol�ncia contra pessoas com defici�ncia. O documento traz dados coletados em 2019 e mostra que 7.613 casos de viol�ncia foram registrado contra este grupo.
O levantamento tamb�m v�m em momento que se discute a Pol�tica Nacional de Educa��o Especial e, em meio �s pol�micas declara��es do ministro da educa��o, Milton Ribeiro, de que crian�as com defici�ncia "atrapalhavam" o aprendizado dos outros alunos. Por outro lado, o relat�rio do IPEA foi divulgado no dia em que o Brasil conquistou a cent�sima medalha de ouro em Paralimp�adas, o que demostra o potencial das pessoas com necessidades especiais.
A base de dados faz refer�ncia ao n�mero de ocorr�ncias registradas, podendo haver mais de uma notifica��o realizada pela mesma v�tima. Tamb�m pode ocorrer subnotifica��o. Por se tratar apenas dos casos notificados �s autoridades � necess�rio que algum respons�vel leve a v�tima para uma unidade de sa�de ou policial, o que leva � n�o notifica��o do ocorrido caso o agressor seja o pr�prio respons�vel ou tutor.
Outro ponto que impede a total compreens�o do cen�rio � que as v�timas portadoras de defici�ncia intelectual podem ter dificuldade de perceber e compreender a viol�ncia sofrida. � importante notar que, apesar do n�mero expressivo de viol�ncia dom�stica, existem dificuldades de obten��o dos dados, por se tratar de um ambiente privado e � rela��o afetiva e de poderes entre a v�tima e seus familiares, podendo haver subnotifica��o nos casos.
MULHERES COM DEFICI�NCIA SOFREM MAIS AGRESS�ES
No estudo, foram consideradas as defici�ncias f�sicas, intelectuais/cognitivas, visual, auditiva e mistas. As maiores v�timas s�o os portadores de defici�ncia intelectual, com 2.746 casos registrados, seguido de defici�ncia f�sica, com 2.100 casos. A faixa et�ria dos 10 aos 19 anos se mostra a mais atingida, e em todas as faixas et�rias mais mulheres do que homens sofrem viol�ncia.
O ambiente dom�stico � palco de 58% das notifica��es, ou seja, a maior parte dos casos parte de familiares. J� o segundo lugar � a viol�ncia comunit�ria, ou seja, cometida por amigos, conhecidos ou desconhecidos, com 24% das ocorr�ncias. Com rela��o ao sexo, a viol�ncia contra as mulheres no ambiente dom�stico chega a 61% e contra os homens a 26%. A viol�ncia para as mulheres com defici�ncia f�sica representa mais que o dobro em rela��o aos homens.
A viol�ncia f�sica � a mais reportada, com 53% dos casos de forma mais recorrente nos adultos entre 20 e 59 anos. Em segundo lugar, vem a viol�ncia psicol�gica, com 32%. Em terceiro a neglig�ncia ou abandono com 30%, destes, crian�as de 0 a 9 anos e idosos s�o os principais grupos. Para as pessoas com defici�ncia intelectual, o maior �ndice de viol�ncia � a sexual, com 35%. A viol�ncia sexual chega a ter vinte vezes mais registros de mulheres violentadas do que homens.
O texto do relat�rio afirma que "Em termos de pol�ticas p�blicas, isso � um alerta para as equipes da Estrat�gia Sa�de da Fam�lia, para os Conselhos Tutelares e para as escolas. Quanto �s fam�lias, que t�m um grande papel no cuidado e nas notifica��es desses casos de viol�ncia. Esses dados s�o um alerta para as ocorr�ncias de casos de agress�o ou neglig�ncia".