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Estado de Minas

Inseguran�a alimentar: fome atingiu principalmente as mulheres na pandemia

Realizado pela Fiocruz, o estudo acompanhou mulheres em comunidades de Belo Horizonte, S�o Paulo e do Vale do Jequitinhonha


25/10/2021 12:02 - atualizado 25/10/2021 13:46

Maria Aparecida Machado Silva, presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Chapada do Norte, entregando cesta básica a moradora do Vale do Jequitinhonha - MG
Maria Aparecida Machado Silva, presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Chapada do Norte, entregando cesta b�sica a moradora do Vale do Jequitinhonha - MG (foto: Arquivo pessoal)

As mulheres, em especial as negras, foram as que mais sofreram com a falta de alimento e, at� mesmo a fome, durante a pandemia em Minas, S�o Paulo e Vale do Jequitinhonha. A informa��o � parte do relat�rio  “Covid-19, risco, impacto e resposta de g�nero”, desenvolvido pela Fiocruz em parceria com CEFET-MG, FGV, UFMG e UFGRS.  

Segundo o relat�rio, o grupo mais afetado pela inseguran�a alimentar s�o pessoas negras de baixa renda e escolaridade, especialmente mulheres, e a pandemia refor�ou esses padr�es. O fato de serem as mulheres as mais impactadas se deve pela constru��o social e hist�rica de que s�o elas as respons�veis pelo cuidado, alimenta��o e bem-estar da fam�lia.
 
A pesquisadora da Fiocruz Mariela Rocha destaca que o levantamento � importante para realizar um diagn�stico que podee embasar pol�ticas p�blicas. 

O estudo acompanhou mulheres com idades entre 21 e 64 anos, de dois aglomerados urbanos, Cabana do Pai Tom�s, em Belo Horizonte,  e Sapopemba, em S�o Paulo, al�m de duas comunidades quilombolas do Vale do Jequitinhonha, C�rrego do Rocha, na Chapada do Norte, e C�rrego do Narciso, em Ara�ua�. 

“A maioria das fam�lias brasileiras s�o chefiadas por mulheres, chefiadas no sentido econ�mico mesmo, de serem as mulheres as provedoras financeiramente das casas. E mesmo nas em fam�lias em que elas n�o s�o as �nicas provedoras, elas s�o as respons�veis por comprar e manejar os alimentos, cozinhar, ent�o faz muito sentido trazer essa discuss�o da inseguran�a alimentar para o �mbito da discuss�o de g�nero”, declara Mariela.

Cerca de 60% das entrevistadas relataram que o acesso aos alimentos foi prejudicado pela pandemia, sendo a diminui��o da renda e a alta do pre�o dos alimentos apontados como as principais causas. Para conseguir manter a alimenta��o, 72% das entrevistadas disseram ter recebido doa��es de cestas b�sicas, sendo que a maioria afirmou as ter recebido de alguma esfera do poder p�blico.

Al�m disso, a quest�o do g�nero na inseguran�a alimentar � agravada por fatores de outras esferas sociais, como desigualdade social, inefici�ncia de pol�ticas p�blicas voltadas para comunidades carentes, sa�de e seguran�a, fazendo com que as mulheres sofram a soma de todos esses problemas em seus dia a dia.

“Com aus�ncia das pol�ticas eficientes nessas �reas elas ficam com o d�ficit, e elas precisam enfrentar uma realidade de aus�ncia. De aus�ncia de alimentos, de apoio, falta de energia e �gua por falta de renda. Ent�o faltam pol�ticas p�blicas que as ajudem a atravessar essas dificuldades das suas responsabilidades”, declara Mariela.

O aux�lio emergencial,  apesar de importante, foi apontado como n�o sendo suficiente para manter qualidade e quantidade ideal de alimentos em casa, e a avalia��o geral do governo foi de inefici�ncia e descaso. 

O relato de Paula, de S�o Paulo, apresentado no relat�rio, sobre o presidente Jair Bolsonaro diz que: “Eu vi uma mat�ria que o presidente tava dizendo que no Brasil ningu�m passava fome n�o, que essa conversa era mentira. E a� eu queria tanto por alguns instantes passar na frente dele e dizer assim ‘onde que voc� viu isso meu filho, ent�o d� uma voltinha comigo que voc� vai mudar sua concep��o’. E a� voc� v� o descaso n�?” 

A distribui��o de cestas b�sicas, por n�o ser uma pol�tica de n�vel federal, foi desigual. Em Belo Horizonte a distribui��o foi ampla, diferente da cidade de S�o Paulo, mas em ambas cidades tiveram distribui��o a partir de organiza��es das pr�prias comunidades, sindicatos e associa��es, inclusive religiosas.

A mobiliza��o das comunidades foi essencial na arrecada��o e distribui��o de cestas b�sicas. L�cia Helena Apolin�ria, vice-presidente da Associa��o Comunit�ria Vila Imperial do grande aglomerado Cabana do Pai Tom�s em Belo Horizonte, declarou que
 
“Na pandemia, com um agravante em 2021, a gente tem muito mais pessoas passando fome. E isso � literalmente, �s vezes, n�o ter nada em casa para comer ou para dar para a fam�lia ou pros filhos comerem. E a gente tem lidado com isso com muita preocupa��o e tentando, de alguma forma, amenizar e buscar recursos para t� suprindo essa necessidade do alimento pras fam�lias que neste momento t�o passando por isso”.


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