Um levantamento realizado pela Rede de Pesquisa Solid�ria apontou que a popula��o negra tem mais chances de morrer de COVID-19, independentemente da profiss�o que exerce. Quando comparados os g�neros, as mulheres negras s�o mais v�timas do novo coronav�rus at� mesmo do que os homens negros, sendo o grupo em que mais ocorreram mortes pela doen�a.
O estudo de abrang�ncia nacional foi divulgado, nesta segunda (27/09). Os pesquisadores analisaram as taxas de mortes levando em conta a rela��o entre as vari�veis profiss�es e a cor da pele. Para isso, foram analisados os dados do Sistema de Informa��o sobre Mortalidade (SIM) do Minist�rio da Sa�de, referentes ao ano de 2020. Foram considerados os atestados de �bito que constavam a ocupa��o de indiv�duos entre 18 e 65 anos, que somam 67.536 casos, o que corresponde a 32,7% do total de �bitos por COVID-19.
Com exce��o das ocupa��es consideradas no topo da pir�mide social, as mulheres t�m mais chances de contrair o v�rus por, muitas vezes, serem respons�veis por cuidar dos filhos ou idosos, tarefas, culturalmente, atribu�das as mulheres. Isso ocorre, mesmo quando o homem est� presente na casa. O exerc�cio dessas tarefas impossibilita o distanciamento social, por demandar muito contato f�sico.
Por enfrentarem desigualdade de g�nero combinada com a desigualdade social, as mulheres negras apresentaram o maior n�mero de mortes. Al�m do papel social de cuidar da casa e da fam�lia, a mulher negra encontra outros desafios. O estudo aponta como fatores agravantes: moradias mais insalubres, acesso inadequado � �gua, dieta com baixa qualidade nutricional, espa�os que afetam o estado ps�quico, entre outros.
Al�m disso, o grupo que est� na base da pir�mide social apresenta menor taxa de distanciamento f�sico, maior taxa de segrega��o racial, o que afeta diretamente a popula��o negra e perif�rica.
A disparidade social influencia diretamente os n�veis de distanciamento social. O trabalho remoto, por exemplo, mostra taxas muito discrepantes de acordo com o n�vel de forma��o dos grupos. O grupo com n�vel superior completo tem uma taxa de 35% de ocupa��o em trabalhos remotos. Esse valor cai para 6,7%, para aquelas com ensino m�dio completo, 1,3% para pessoas com ensino m�dio incompleto e 0,5% para ocupados com ensino fundamental incompleto.
Mulheres negras, com ocupa��o em servi�os dom�sticos em geral, t�m 111,9% mais probabilidade de morrer de COVID-19 do que um homem branco. Na ind�stria de linha de produ��o, essa taxa � de 145,5% e que foi listado como “outros profissionais da sa�de” as mulheres negras tem uma taxa de �bito 91% superior.
Em compara��o com as taxas de mortalidade de um homem branco e um homem negro, ambos com ensino superior, advogados negros tem 42,7% mais chances de morrer de COVID-19. Em profiss�es como engenheiros, arquitetos e outros profissionais com ensino superior, os homens negros tem 44,0% mais chances de vir a �bito pelo v�rus. A �rea de atua��o que apresenta maior disparidade entre os homens est� entre os agentes da sa�de e do meio ambiente, onde os profissionais negros tem 146% mais chances de �bito.
PANORAMA GERAL DAS PROFISS�ES
O levantamento aponto que em 2020 foram 206.646 mortes por COVID-19. Para o estudo foram reportados apenas os casos em que havia indica��o da profiss�o no atestado de �bito. Dessa forma, entraram no estudo 32,7% do total de mortes pelo novo coronav�rus no Brasil no ano passado.
Em n�meros absolutos, os trabalhadores do setor de com�rcio e servi�os s�o os que mais morreram por COVID-19, com 6.420 mortes registradas. Em seguida temos os trabalhadores da Agricultura, com 3.384, e dos transportes, com 3.367 �bitos.
J� as profiss�es que tiveram as maiores taxas de mortalidade proporcionais ao total de profissionais da �rea s�o L�deres religiosos (44%), seguran�a (25,4%), sa�de (24%), artes e cultura (21,7%) e diretores e gerentes (20,3%).
Em 2020 foram registrados no Brasil 305 mortes de l�deres religiosos, sendo que quase a metade delas se deveu � COVID. Segundo o estudo, isso se deve ao decreto presidencial 10.292, de 25 mar�o de 2020, no qual se estabeleceu que as atividades religiosas, de qualquer natureza, estavam no rol das atividades essenciais.
Entretanto, as atividades religiosas geralmente s�o realizadas em locais fechados e com aglomera��o de pessoas, o que torna o ambiente propicio para a dissemina��o do v�rus.
Em segundo lugar, onde vemos os profissionais de seguran�a, os �ndices elevados se devem � exposi��o � popula��o e falta de acesso a EPIs. O terceiro lugar, com os profissionais da sa�de, se deve ao contato intenso com pacientes nas unidades de sa�de.
* estagi�ria sob a supervis�o de M�rcia Maria Cruz