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Estado de Minas INSPIRA��O

Americana ensina ingl�s para pessoas trans em projeto social

Jenna Marisco e Alian�a Nacional LGBTI desenvolvem projeto para ampliar possibilidades de trabalho para pessoas trans no Brasil


14/01/2022 13:00 - atualizado 14/01/2022 13:57

Bandeira pintada com as cores do arco-íris escrito em branco: Love is love
Popula��o trans de todo o Brasil pode aprender ingl�s em projeto We are Jane (foto: 42 North no Pexels)


Quando a americana Jenna Marisco veio morar no Brasil, em 2009, n�o esperava encontrar tanto preconceito contra a popula��o LGBTQIA. Vendo tamanha discrimina��o, ela resolveu fazer algo para mudar o cen�rio e por meio de uma parceria com a Alian�a Nacional LGBTI, importante organiza��o com atua��o em todo o territ�rio nacional. Assim surgiu o projeto “We are Jane”, que ensina ingl�s gratuitamente � popula��o trans.

“Eu assisti Pose e � sobre essa comunidade (LGBT) em Nova York nos anos 80. Quando eu estava vendo, pensei: puxa, � Nova York dos anos 80, mas � parecido com onde eu estou vivendo no hoje. Ent�o, eu queria fazer algo agora, n�o basta eu ficar esperando validar meu diploma, o que eu posso fazer hoje? Eu dou aula de ingl�s, ent�o posso ensinar pessoas trans”, conta Jenna.

Jenna � formada em psicologia, mas, devido � burocracia de validar seu diploma no Brasil, em 2011, se tornou professora de ingl�s em cursos de franquias e, posteriormente, passou a dar aulas particulares, o que considera um processo mais eficaz de aprendizado. Foi essa experi�ncia com aulas de ingl�s, que ofereceu � comunidade trans de Serra, cidade no Espirito Santo, onde mora atualmente. 

Jenna Marisco
A americana Jenna Marisco criou projeto, junto com a Alian�a Nacional LGBTI, para ensinar ingl�s para a popula��o trans em situa��o de vulnerabilidade (foto: Arquivo pessoal)


Seu objetivo era ajudar as pessoas em situa��o de extrema vulnerabilidade a terem novas oportunidades de conseguir empregos, no Brasil ou fora dele, uma vez que a l�ngua inglesa � a mais falada no mundo e, consequentemente, muito valorizada nos curr�culos. 

“Esse projeto tem essa pegada de ensinar a l�ngua inglesa, de conhecer essa pessoa trans e entender nesse processo de aprendizado como processo tamb�m da garantia e da forma��o dela enquanto pessoa de direito”, declara Layza Lima, integrante da Coordena��o da �rea da Mulher Trans da Alian�a Nacional LGBTI.

A proposta foi aceita pela Alian�a, mas com a altera��o de que, uma vez que as aulas seriam online, fosse divulgada para todo o Brasil. Com tr�s turmas de 5 alunos, as aulas come�aram em fevereiro de 2021, cobrando apenas duas coisas dos alunos: compromisso e dedica��o. “N�s percebemos que a vontade, a �nsia e a fome de conhecimento que essas mulheres tem, foram inimagin�veis. Isso significa que, pra elas, tudo que foi tirado, quando � dado � uma oportunidade �nica”, afirma Layza.

Layza Lima
Layza Lima faz parte da Coordena��o da �rea da Mulher trans da Alian�a Nacional LGBTI, e ajudou a estruturar o projeto We are Jane (foto: Arquivo pessoal)


Jenna observa que muitos cursos se preocupam com a finaliza��o de tarefas em determinado tempo, que veem as turmas como um todo, mas sua proposta � de um aprendizado mais personalizado, por isso um n�mero limitado de vagas s�o disponibilizadas. “Eu tenho meus grupos, se elas ficam comigo e n�o desistem, a gente vai ficar junto at� que cada uma chegue na flu�ncia do ingl�s, e na minha experi�ncia com aula particular isso chega a quatro ou cinco anos.”

Aluna de An�lise de Desenvolvimento de Sistemas na Universidade Federal de S�o Paulo, Helena de Brito entende o curso como uma oportunidade.  

“Fiz inscri��o e n�o esperava muito ser chamada, por ser uma pessoa trans/travesti, a gente t� acostumada a receber tanto ‘n�o’ na cara, que gente j� espera o ‘n�o’. O ‘sim’ vai ser a diferen�a. Receber um ‘n�o’ vai ser s� mais um ‘n�o’ entre tantos outros que a gente recebe”, conta 


O projeto come�ou com uma professora e tinha apenas mulheres trans, agora conta com mais dois professores volunt�rios, o que aumenta o n�mero de vagas, e atende a homens e mulheres trans. No futuro, Jenna espera criar um coletivo de professores e ampliar o alcance do curso, beneficiando cada vez mais pessoas. Jenna convida professores que queiram se juntar � causa a entrarem em contato pela p�gina do Instagram.

“A��es como essa na comunidade tentam resgatar a pessoa e dar uma outra vis�o de vida para ela, novas possibilidades, aceita��o. Oportunidade para ser inserida em um curso que dificilmente teria acesso, ou mesmo quando a pessoa trans tem dinheiro para pagar, ela n�o vai ter aceita��o em uma escola tradicional, � muito importante”, afirma Helena. 

N�s somos Jane

Em uma pesquisa na internet para ter inspira��o de um nome para o projeto, Jenna descobriu um site que registra a viol�ncia contra pessoas trans de a cordo com o pa�s, e viu que no Brasil, muitas mulheres trans mortas s�o registradas como “nome desconhecido”. Nos Estados Unidos, mulheres que n�o s�o identificadas ao morrer, s�o registradas como “Jane Doe”.

Ao escolher o nome ‘N�s somos Jane’ (tradu��o de We are Jane), Jenna quis mostrar apoio �s mulheres trans e que esse problema, do preconceito e do alto �ndice de morte dessa popula��o, n�o afeta apenas a elas, mas a toda a sociedade. “Eu queria dar um nome pra elas, homenagear elas”, conta Jenna. 

Dificuldades da popula��o trans

O Brasil � o pa�s que mais mata a popula��o trans no mundo, ortanto, essa parcela da sociedade sofre diversos tipos de preconceitos ao longo da vida, o que limita as perspectivas de carreira. O processo de marginaliza��o, exclus�o e de extrema vulnerabilidade, se configura em um problema muito grave que est� enraizado na popula��o brasileira. 

Tal processo excludente, que come�a muitas vezes dentro da pr�pria casa, afeta a vida dessa pessoa na escola, na sa�de, na assist�ncia e nos servi�os, fazendo com que acreditem que n�o tem o direito de acessar mais esses lugares e temem o preconceito que podem estar expostas ao tentar acess�-los.

Para a sele��o das alunas no curso, foram analisadas as quest�es de tecnologia, de vulnerabilidade e de extrema pobreza,  fatores que, muitas  vezes, levam grande parte dessa popula��o para a prostitui��o como �nica e �ltima fonte de sobreviv�ncia. Mais que um curso de l�ngua inglesa, We are Jane � uma forma de levar as pessoas trans de volta aos espa�os que deixaram de ocupar, como escola, sa�de e trabalho.

“Quando a gente fala de dar aulas, n�s estamos falando de retornar para aquele campo da escola, nem que seja dentro de um contexto tecnol�gico, para que essas pessoas aprendam de uma forma mais ampla, saiam do verbo To Be, para aprender de fato uma l�ngua, pelo menos para que ela consiga l� na frente ter oportunidades”, afirma Layza.

Helena aponta que falta mais iniciativas governamentais que garantam os direitos b�sicos da popula��o trans, para que seja, realmente, inserida na sociedade. Uma vez que tamb�m pagam impostos como qualquer outro cidad�o, ela quer ver o retorno desse imposto pago em pol�ticas publicas efetivas.

 

“Quando voc� me pergunta qual que � a import�ncia, � toda. Para uma comunidade que n�o tem nada, que perde casa, parte, fam�lia, estudo, perde tudo, at� os �rg�os (governamentais) e as leis n�o te favorecem, quando voc� tem um m�nimo, qualquer a��o se torna muito”, afirma Helena. 


Para se inscrever no curso acesse: site
 
*Estagi�ria sob a supervis�o de M�rcia Maria Cruz 


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