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Estado de Minas INF�NCIA

Educadoras d�o recomenda��es de como lidar com o racismo com crian�as

Tema veio � tona ap�s o caso de racismo sofrido por Titi e Bless, filhos de Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, em um restaurante em Portugal no final de julho


25/08/2022 17:49 - atualizado 25/08/2022 17:49

Mulher e criança pretas dando as mãos. Ambos estão de costas, usando roupas brancas e andando em um gramado verde
Para educadoras, a melhor forma de lidar com o racismo na inf�ncia � acolhendo e dando afeto �s crian�as (foto: Freepik)
No final do m�s de julho, internautas viralizaram um v�deo da atriz e apresentadora Giovanna Ewbank defendendo seus filhos mais velhos, Titi e Bless, de coment�rios racistas em um restaurante na Costa da Caparica, em Portugal, onde a fam�lia passava f�rias. A autora das falas foi presa pela pol�cia local e liberada logo em seguida, mas as marcas dessa viol�ncia continuar�o perseguindo as crian�as.

Com a repercuss�o do v�deo, a discuss�o sobre como lidar com o racismo na inf�ncia cresceu e incentivou fam�lias com crian�as pretas a criarem um di�logo de acolhimento e de prepara��o para que seus filhos identifiquem essas situa��es e se fortale�am a partir delas. Para Luana Tolentino, professora, mestra em educa��o e autora do livro “Outra educa��o � poss�vel: feminismo, antirracismo e inclus�o em sala de aula”, a melhor forma de acolher uma crian�a v�tima de racismo � por meio do amor e do afeto, fortalecendo a sua autoestima sem menosprezar o peso da viol�ncia sofrida.

“A crian�a precisa saber que o racismo � um erro, � um grande equ�voco, � uma pr�tica cruel e que aquele que cometeu o ato de racismo precisa ser educado e, se poss�vel, tamb�m repreendido com firmeza para que isso n�o volte a acontecer”, explica Luana.

Autoestima na inf�ncia

Segundo Tolentino, o racismo dilacera a autoestima das crian�as negras, criando, para elas, a ilus�o de que possibilidades de constru��o de identidades positivas n�o existem. “O racismo deixa traumas e marcas muito profundas nas crian�as. O sentimento de menos valia, o sentimento de inferioridade, muitas vezes, as acompanham pela vida toda. Eu falo isso como estudiosa das rela��es da educa��o e das rela��es sociais, e falo isso tamb�m como crian�a negra que eu fui”, afirma ela.

As consequ�ncias do racismo na inf�ncia envolvem colocar as crian�as em um lugar de sil�ncio, solid�o e invisibilidade, impedindo que elas desenvolvam plenamente a matura��o e se tornem adultos inseguros de sua identidade. “O racismo tem sido instrumento de um verdadeiro massacre. As crian�as negras t�m sido massacradas nos espa�os de socializa��o, em grande medida nas escolas, em raz�o da cor da pele”, aponta Luana.

Para lidar com a viol�ncia sofrida pela imagem das crian�as pretas, a professora afirma que � preciso ressaltar as potencialidades e a beleza delas, ensinando-as que sua ascend�ncia n�o as faz inferiores e, pelo contr�rio, refor�am suas qualidades e seus valores. No entanto, Tolentino explica que esse acolhimento n�o deve partir apenas da fam�lia, mas da sociedade como um todo.

“A supera��o do racismo no Brasil � um compromisso que precisa ser assumido por toda a sociedade. Afinal, n�o � s� a fam�lia que educa. E eu falo da educa��o no sentido mais amplo, no sentido de que � nesses espa�os de socializa��o que a nossa identidade, a nossa forma��o enquanto indiv�duos, � constru�da”, explica ela. “N�s precisamos cada vez mais ter aliados, pessoas comprometidas no combate ao racismo. S� assim haver� a possibilidade de construirmos uma sociedade mais justa, mais igualit�ria, em que seja garantido a todas e todos o direito de ser, de existir e viver de maneira plena e com dignidade”, complementa.

Dentro de casa

A professora Michelli Oliveira conta que, quando crian�a, sofria muito com o racismo e come�ou a alisar seus cabelos muito cedo e, apesar de serem uma fam�lia de pessoas pretas, seus pais n�o conversavam com ela sobre o tema. “A minha m�e passou muita dificuldade, ela n�o tinha condi��es, �s vezes, de comprar creme para o cabelo. Ou ela comprava o creme ou a comida para alimentar os filhos. E eu me recusava a ir para escola, por causa do meu cabelo”, relata ela.

Atualmente, Michelli � m�e de duas crian�as, Martin e Odara, e afirma abordar a pauta com frequ�ncia dentro de casa, al�m de frequentar diversos grupos formados exclusivamente por m�es negras e levar seus filhos para atividades culturais que abordam o tema.

“Eu sou a m�e que vai para cima, que briga, que vai questionar e bater de frente. Eu fa�o isso e eu converso com as crian�as. Por mais que n�s vivenciemos isso, eu sei o que � racismo, meus filhos sabem, mas a gente tem que saber como combater. N�o � s� chegar e bater boca. Acho que voc� tem que ter uma base constru�da atrav�s das rela��es e dos estudos”, explica ela.

No entanto, para Sarah Carolina, professora de Hist�ria e criadora da p�gina no Instagram @maternagempreta, confrontos abertos e rea��es mais exasperadas devem ser evitadas, principalmente quando a m�e tamb�m � uma mulher preta. "O mais prov�vel � que a gente v� presa no lugar do racista”, afirma.

M�e de tr�s jovens, a professora afirma que j� teve uma postura mais combativa quando era mais nova, mas mudou quando seu filho mais velho sofreu consequ�ncias mais graves e, atualmente, prefere investir no empoderamento de seus filhos atrav�s de refer�ncias pretas positivas. “Eu dizia a ele que n�o devia abaixar a cabe�a para ningu�m, que tinha que responder � altura e enfrentar se fosse alvo de racismo. Agi assim at� o dia em que ele seguiu os meus conselhos e acabou apanhando em uma abordagem policial mais violenta quando tinha 15 anos”, completa.
 
 
Sarah afirma que rea��es como a de Giovanna Ewbank n�o s�o bem vistas quando partem de mulheres pretas. Em entrevista ao Fant�stico, a pr�pria atriz se mostrou consciente de que sua revolta s� foi acolhida e legitimada n�o apenas por ser famosa, mas por ser uma m�e branca. “Teria essa aten��o toda se f�ssemos pais pretos de crian�as pretas? Eu sou uma mulher muito consciente dos meus privil�gios. Sou uma mulher que sempre estou rodeada de mulheres pretas aprendendo diariamente e vou fazer jus ao nome ‘privil�gio branco’ e vou combater de frente”, declarou.
 

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