
Em todo o Brasil, as candidaturas de mulheres receberam volume muito menor de financiamento em compara��o com as candidaturas de homens. Em Minas, o cen�rio n�o � diferente do nacional. Das 2 mil candidaturas, 707 s�o femininas, o que corresponde a 35% do total. No entanto, elas receberam apenas 24,5% do acumulado de verbas p�blicas e privadas (R$ 451 milh�es).
O percentual � bem menor do que, proporcionalmente, as candidaturas de mulheres deveriam receber em uma situa��o de equidade. Al�m disso, a mulher que mais recebeu verbas em Minas Gerais, Al� Silva (Republicanos), est� em 33º no ranking de verbas
As elei��es de 2022 bateram recordes importantes: os de maiores n�meros de candidaturas de mulheres e de pessoas negras. Entretanto, a tr�s dias da vota��o, dados da plataforma “72 horas” mostram que a distribui��o de recursos para as campanhas eleitorais foram desproporcionais entre homens e mulheres, entre candidatos negros e brancos.
Os homens brancos foram os que ficaram com fatia maior das verbas: candidatos homens receberam 71% dos repasses totais, verbas p�blicas e privadas. Quando se faz o recorte de ra�a, os homens brancos ficaram com 67,12% das verbas.
N�mero de mulheres eleg�veis ainda � baixo
Apesar do recorde de candidaturas femininas, neste ano, elas s�o de apenas 33,28% do total de pol�ticos eleg�veis. O percentual ainda n�o reflete a realidade brasileira, uma vez que as mulheres representam 52% da popula��o.
As mulheres s�o ainda menos representadas nos espa�os de poder. Apenas 13,5% dos atuais vereadores s�o mulheres. Em 23% das c�maras municipais brasileiras n�o existem nenhuma mulher eleita vereadora, segundo a plataforma “Vote Nelas”.
“� importante falar do recorde, mas, ao mesmo tempo, ele camufla uma situa��o. Parece muito bom, e � bom por um lado, mas por outro lado, quando a gente olha como elas est�o sendo tratadas pelos partidos, ou seja, quais s�o as reais chances dessas mulheres se elegerem, a gente v� que n�o � bem assim, n�o est� tendo recorde de distribui��o de verba para as mulheres”, analisa Drica Guzzi, cofundadora do movimento Vote Nelas e Coidealizadora do portal 72 horas.
Dentro do recorte de ra�a, a discrep�ncia entre o n�mero de candidaturas entre homens e mulheres negros � menor, com 46% das candidaturas femininas, assim como a diferen�a na distribui��o de verbas: os homens receberam 238 milh�es e as mulheres 220 milh�es. Ind�genas receberam apenas 0,62% dos repasses totais.
72 horas
A plataforma “72 horas” promove educa��o pol�tica a partir da transpar�ncia e do acompanhamento da distribui��o dos recursos de financiamento de campanha declarados pelas candidaturas. O nome, “72 horas” faz alus�o ao tempo que um candidato tem para declarar o recebimento de uma verba e sua origem.
Na plataforma � poss�vel acompanhar valores em n�vel nacional e tamb�m estadual. Ainda � poss�vel aplicar filtros por partidos, cargos, etnias, tipos de financiamento, entre outros.
“Quando entra o financiamento p�blico, em especial o FEFC (Fundo Especial de Financiamento de Campanha), torna-se quase um imperativo para n�s, como sociedade, acompanhar como esse fundo � distribu�do. Porque ele existe para tornar as candidaturas mais plurais e fornecer condi��es mais equilibradas para que as candidaturas tenham chances de fato de serem eleitas”, afirma Drica.
O FEFC � fundamental �s candidaturas de mulheres, uma vez que o valor arrecadado por doa��es � muito mais baixo. “Se a gente depender s� de doa��es, ser� mantida a estrutura atual, de homens brancos. O Fundo Eleitoral se justifica para equilibrar a competitividade das candidaturas”.
Al�m disso, Drica aponta que, por lei, pelo menos 30% dos recursos do FEFC devem ser distribu�dos para candidatas mulheres e que a m�dia do Brasil � de 31%, ou seja, muito pr�ximo do valor m�nimo. “A lei fala que � o m�nimo, ent�o o m�nimo vira teto, vira o m�ximo”, afirma.
Vote Nelas
Para superar a disparidade de g�nero na pol�tica foi criado, em 2018, o “Vote Nelas”. O movimento suprapartid�rio busca fortalecer a democracia brasileira inserindo mulheres na pol�tica e, com isso, estabelecer igualdade nos espa�os de poder.
O movimento destaca que a aus�ncia de mulheres nos espa�os pol�ticos as colocam � margem da elabora��o das pol�ticas p�blicas e enfraquece a democracia como um todo.
Al�m de atuar de forma nacional, em 2020, o movimento tamb�m criou embaixadas na maioria dos estados brasileiros para se aproximar das mulheres e definir estrat�gias espec�ficas para fomentar e dar visibilidade para as candidaturas locais.
O foco este ano � uma campanha mais ampla, com o slogan “Escolha mulheres e mude a pol�tica”. “O Vote Nelas, como movimento, tem uma clareza que temos que agir junto, como uma rede de apoio. � importante essa vis�o de fazer uma rede ampla, de articular com todos os movimentos que tem essa pauta da representatividade”, explica Drica.
*Estagi�ria sob a supervis�o de M�rcia Maria Cruz