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Estado de Minas PR�MIO JABUTI

Po�tica das lesbianidades: conhe�a escritora que aborda o universo l�sbico

Le�ner Hoki � mestra pelo Programa de P�s-Gradua��o em Artes da UFMG; seu livro constou na lista dos dez t�tulos finalistas na categoria de N�o Fic��o do Jabuti


08/11/2022 12:00 - atualizado 08/11/2022 12:33

Leíner é uma mulher amarela de pele clara e cabelos curtos e castanhos e um mecha rosa. Ela segura seu livro enquanto sorri para a foto
Livro de Le�ner Hoki � um dos finalistas do Pr�mio Jabuti 2022 (foto: Arquivo Pessoal)

A escritora Le�ner Hoki respira aliviada em rela��o ao futuro. O sentimento se deve � presen�a do livro de sua autoria na lista de dez finalistas do Pr�mio Jabuti, o mais importante da literatura brasileira, e tamb�m � mudan�a de ventos na pol�tica nacional com a elei��o de Luiz In�cio Lula da Silva (PT). Pesquisadora sobre lesbianidades, grupo a quem costuma se dirigir ataques preconceituosos, Le�ner concedeu entrevista ao DiversEM.

 

“N�o sei se � tanto por ser finalista quanto pela vit�ria do Lula (PT), mas o futuro parece ser melhor, porque mesmo com o pr�mio, acho que sem esse grande passo que a gente est� dando agora, enquanto Brasil, n�o ter�amos muita perspectiva. A universidade foi muito sucateada [nos �ltimos anos]”, afirma Hoki.

 

O livro “Tr�bades, safistas, sapatonas do mundo, uni-vos: investiga��es sobre a po�tica das lesbianidades” foi um dos dez t�tulos finalistas no eixo N�o Fic��o-Artes da 64ª edi��o do Pr�mio Jabuti. A obra � uma adapta��o da disserta��o de mestrado em Artes Visuais do Programa de P�s-Gradua��o da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) da escritora.


Le�ner, que � artista, escritora, pesquisadora e educadora popular, defende a universidade p�blica, al�m da milit�ncia LGBTQIAP+ e feminista. Ela comenta que um dos motivos que facilitou a indica��o ao pr�mio foi a bolsa CAPES que recebeu durante o mestrado, e que as perspectivas para o futuro tamb�m s�o boas, principalmente ap�s o resultado das elei��es presidenciais. A jovem desistiu de tentar se inscrever para um doutorado na PUC-RS por conta da aus�ncia de uma bolsa de estudos.  

Retrato na casa da av�

A artista � original do Mato Grosso e tem fam�lia tanto na capital quanto no interior do estado. Cresceu morando na Zona Rural entre Pocon� e Nossa Senhora do Livramento, onde construiu uma rela��o com o mundo que lhe ofereceu um outro tempo, j� que, por muito tempo, teve pouco contato com telefone e televis�o. Mora em Belo Horizonte (MG) desde 2011 por conta da faculdade de Artes Visuais, que cursou na Escola de Belas Artes da UFMG.


Tem como influ�ncia, al�m de suas viv�ncias pessoais, escritores como Stefanie Sande e Matheus Gum�nin Barreto. “Tamb�m me sinto profundamente influenciada por Clovis Irigaray, que foi artista pl�stico e que, por ser primo da minha av� materna, foi uma figura importante pra mim. Na casa da minha av� tem um retrato dela que foi ele quem desenhou, que est� l� desde que me entendo por gente”, conta ela

Atualmente atuando como arte educadora em um equipamento de sa�de p�blica em Belo Horizonte, o Consult�rio na Rua, a escritora afirma que a pauta de sua pesquisa, apesar de n�o estar fortemente ligada ao seu trabalho, ainda assim � tema frequente em seu dia a dia. “Estou sempre pensando em pesquisa de sexualidade e de g�nero, porque s�o temas que est�o na vida das pessoas, ent�o estou sempre ligada a eles de alguma forma na minha pr�tica profissional mesmo, at� porque tamb�m fa�o parte de um grupo de pesquisa sobre lesbianidades, al�m de ser artista parceira do MST (Movimento Sem Terra)”, explica ela.

Le�ner � bastante engajada politicamente e afirma que pautas LGBTQIAP est�o fortemente relacionadas a outras pautas sociais. “Uma coisa que me incomoda de a gente pensar na milit�ncia LGBT, ou na milit�ncia feminista, � achar que, por exemplo, temas como previd�ncia n�o t�m nada a ver [com elas]. Na realidade, esses s�o p�blicos que precisam, sim, de um tipo de seguridade social que, muitas vezes, as fam�lias tradicionais n�o v�o dar. S�o pessoas que s�o mais empobrecidas, que s�o mais marginalizadas, ent�o a milit�ncia LGBT tamb�m tem que dar conta de pensar nessas quest�es”, diz.

A escritora tamb�m afirma que o desinteresse atual pela literatura a incomoda muito, “Mas n�o mais do que a fila do osso, que o sucateamento do SUS. Se o estado que n�o alimenta seu povo, n�o garante sua sa�de, como seu povo pode ter acesso � literatura e arte?”.

Debates de g�nero e sexualidade

Le�ner afirma que est� feliz e radiante por estar na primeira lista de finalistas do Pr�mio Jabuti, e espera que sua obra contribua para os debates de g�nero e sexualidade. “H� uma hist�ria de pessoas que foram marginalizadas e tiveram suas mem�rias apagadas, mas que n�o ser�o mais”, diz ela.

As perspectivas da escritora de dar maior visibilidade ao tema � justificado pela import�ncia da premia��o, que acontece desde 1958 e j� premiou escritores e escritoras como Clarice Lispector, Chico Buarque e o mato-grossense Manoel de Barros, entre muitos outros de import�ncia nacional e internacional.

Realizado desde 1958, o Pr�mio Jabuti consolidou-se como a mais importante premia��o nacional do livro e � refer�ncia no cen�rio cultural brasileiro. Patrim�nio cultural do Pa�s, o Pr�mio � respons�vel por reconhecer e divulgar a literatura, as artes e as ci�ncias feitas no Brasil, com a valoriza��o de cada um dos elos que formam a cadeia do livro, sempre em di�logo com os diversos p�blicos leitores e, junto com eles, assimilando as mudan�as da sociedade.

Em 2022, o evento volta a ter presen�a do p�blico ap�s dois anos de pandemia da COVID-19 e bateu o recorde de obras inscritas com 4.290 livros – um aumento de 25% em rela��o a 2021. A cerim�nia do Pr�mio Jabuti ser� fechada para convidados, mas o p�blico poder� assistir ao evento, que ter� transmiss�o ao vivo pelo canal da CBL no YouTube no dia 24 de novembro.
 

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